quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Homens ignoram os perigos da idade e se cuidam pouco

Quase metade (44%) nunca ouviu falar em andropausa, e 52% nunca foram a um urologista.

PUBLICADO EM 19/11/14 - 04h00, no OTEMPO.
No Dia Internacional do Homem, há 15 anos celebrado no dia 19 de novembro, um dos grandes desafios para o gênero ainda é o cuidado com a saúde, muitas vezes resultado da falta de informação. Além do combate ao câncer de próstata, por meio da campanha Novembro Azul, outro caso que desperta a atenção dos médicos é a andropausa, distúrbio que afeta a qualidade de vida de cerca de 20% dos homens com mais de 50 anos.
 

A andropausa é um tipo de hipogonadismo, que ocorre quando o corpo produz baixa quantidade de hormônio, e ainda é desconhecida para 44% dos homens brasileiros com idade superior a 40 anos, segundo pesquisa do Datafolha, encomendada pela empresa farmacêutica Lilly.
No caso, o hormônio afetado é a testosterona, associado à libido e à massa corpórea. Por isso, a andropausa gera sintomas como disfunção erétil, queda do desejo sexual, dificuldade de ejaculação e diminuição da sensação de prazer com o orgasmo, além de cansaço, irritabilidade, sonolência, perda de massa muscular e aumento da circunferência do abdômen. “Eu sei que a diminuição de hormônios, semelhante ao que ocorre com a mulher na menopausa, mas não sei como se manifesta, e acho que nisso compartilho do desconhecimento da maioria”, brinca o técnico em fundição Bergman Santos, 47, que vê necessidade de maior divulgação acerca da andropausa. “Nunca ouvi falar em andropausa”, confessa o instrutor de treinamento Marcelo Hoffman, 44, que realiza exames médicos generalizados para verificar a saúde.
Para o urologista Luiz Otavio Torres, secretário geral da Sociedade Internacional de Medicina Sexual, há uma explicação para não haver tanta visibilidade sobre a condição. “Esses sintomas são comumente vistos como resultado da idade pelos homens, que acabam deixando de procurar auxílio médico”, diz.
A origem do distúrbio pode ser de três ordens. A primária é um problema nos testículos, que deixam de produzir a testosterona. A causa secundária é uma deficiência na hipófise ou no hipotálamo, localizados no cérebro, que interfere na formação do hormônio luteinizante (LH), responsável pelo estímulo aos testículos na produção da testosterona.
A terceira possibilidade é uma causa mista, mais comum à medida que a idade avança. Luiz Otavio Torres conta ainda que a tendência a desenvolver o distúrbio está associada a fatores que integram a chamada “síndrome metabólica”, como diabetes, hipertensão, alteração no colesterol e sedentarismo. “Não há uma regra, tenho pacientes de 35 anos com baixa quantidade hormonal, e outros com 70 anos que não têm. Apresentando os sintomas é preciso verificar se a causa é a produção hormonal”, diz Torres.
Para Luiz Otavio Torres, o desconhecimento também vem da cultura dos homens, não acostumados a procurar profissionais especializados com a devida frequência. “O recomendável para os homens é ir ao urologista por volta dos 14 anos de idade, para verificar se há problemas como fimose ou procurar orientação para o início da vida sexual, e depois somente quando houver problemas, até atingir os 40 anos e fazer visitas mais regulares. Nisso, eles acabam não criando o hábito que as mulheres têm de fazer consultas ginecológicas constantemente”, acredita.
Ainda de acordo com a pesquisa, 52% dos homens na faixa etária mencionada disseram nunca ter ido a um urologista na vida. É o caso do aposentado José Onofre, 63. “Não vou mentir, nunca fui ao urologista, até porque minha família tem um histórico bastante saudável. Bebo muito líquido, faço exercício, então só faço exames mais gerais, como de sangue, e nunca deu nada, então não procurei”, conta.
O termo “andropausa” é uma adaptação para homens da menopausa, que designa a interrupção hormonal em mulheres. A etimologia, no entanto, está equivocada, segundo Luiz Otavio Torres. “Na menopausa, ocorre a interrupção da produção de hormônios, já no caso dos homens a testosterona não para de ser produzida, só há uma redução na formação destes hormônios, que pode atingir um patamar de 12% de queda por de cada de vida a partir dos 50 anos”, explica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário