segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Fernando Pimentel garante ouvir o Vale na regionalização do governo

Em entrevista ao Portal da Cidade de Capelinha, Governador afirma ter compromisso com o incremento do desenvolvimento regional.

O governador eleito, Fernando Pimentel (PT)/Divulgação
O governador eleito, Fernando Pimentel (PT)/Divulgação

Como se dará a relação de seu governo com o Vale do Jequitinhonha, mais especificamente o Alto Jequitinhonha, região que votou em massa no senhor, na presidenta Dilma Rousseff e também garantiu votações expressivas para os candidatos tanto para deputado estadual como federal do PT e dos partidos coligados? 
Antes de tudo, eu gostaria de agradecer a confiança da população do Vale do Jequitinhonha. A votação expressiva que nós merecemos será recompensada com muito trabalho e muita atenção a toda a região. Como dissemos ao longo da campanha, vamos governar ouvindo as mineiras e os mineiros para saber quais são as demandas, as prioridades e as vocações de cada uma das regiões. O Jequitinhonha tem muita contribuição a dar e todo esse potencial será aproveitado em prol de Minas Gerais.   

No caso específico de Capelinha, tanto o senhor como a presidenta Dilma Rousseff venceram as eleições no primeiro turno, assim como o deputado federal Reginaldo Lopes, que é do seu partido, sagrou-se majoritário. Para deputado estadual, houve expressiva votação para os candidatos Zé Pedro, Dr. Jean Freire e Cristiano Silveira. Muitos atribuem esse desempenho à expectativa de instalação, no município, de um campus da UFVJM e outro do IFNMG. De que forma o senhor, como governador, poderá ajudar nesse processo? 

Vamos trabalhar com o governo federal para assegurar a instalação tanto do campus da universidade como do instituto federal, mas também vamos implantar escolas estaduais. A ampliação do ensino profissionalizante será uma das metas do meu governo. Dar qualificação aos jovens mineiros vai possibilitar a todos eles empregos mais bem remunerados. Ao mesmo tempo, a oferta de mão-de-obra qualificada vai atrair empresas para nosso Estado, aumentando a geração de emprego e renda. 

Ainda em relação à educação, nós temos perto de 600 professores e servidores atingidos pela Lei 100 aqui na região, além de uma insatisfação geral com os salários e as condições de trabalho. O senhor pode adiantar alguma boa notícia para a classe dos trabalhadores em educação? 

A Lei 100 é o exemplo mais claro da ineficiência do atual governo estadual. De forma irresponsável, o governo iludiu milhares de famílias mineiras, dando-lhes a falsa impressão de que havia regularizado seus empregos. Mas todos os responsáveis sabiam que a Lei 100 era inconstitucional. Agora, temos de regularizar a situação por meio de concurso público, a única maneira de contratação de pessoal efetivo prevista na Constituição Federal. Qualquer outra solução estará sob risco de ser novamente contestada pela Justiça. Vamos ter de buscar uma solução emergencial para a situação dos profissionais da educação afetados pela Lei 100. Temos de fazer isso para não deixá-los desamparados e assegurar a regularidade do próximo ano letivo. A médio prazo, vamos promover concurso público e estudar uma maneira de dar um bônus a esses servidores atingidos pela Lei 100 ao longo do processo seletivo. 

Em sua visita a Capelinha, no dia 23 de agosto, o senhor frisou, em seu discurso, que iria governar de forma regionalizada, inclusive administrativamente, trazendo para a região as sedes de secretarias como a SEDVAN e órgãos como o IDENE, que hoje ficam na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, aqui para a própria região. Uma vez empossado, como vai se dar esse processo? 

O governo será, de fato, regionalizado. Mas não vamos criar novos órgãos públicos. Vamos nos valer da estrutura que já existe: as delegacias regionais de educação, de saúde, os escritórios regionais da Emater, do DER, por exemplo. Vamos criar fóruns regionais, que discutirão juntos as prioridades de cada região. A partir dessas demandas definiremos as obras e projetos que serão executados. Vamos inverter a ordem. Hoje, um grupo reunido em Belo Horizonte decide o que vai ser feito no Jequitinhonha, no Triângulo ou na Zona da Mata. A partir do próximo ano, as regiões vão tomar a decisão.  

O que podemos esperar do governo de Minas a partir de 1° de janeiro no caso específico do distrito industrial de Capelinha e, mais genericamente, do desenvolvimento econômico do Alto Jequitinhonha? O governo de Minas terá todo interesse em assegurar o desenvolvimento socieconômico do Estado. Além de trabalhar pela instalação do distrito industrial de Capelinha, vamos trabalhar pela modernização da legislação tributária. Minas tem hoje uma das leis mais complexas e anacrônicas de ICMS. Vamos simplificá-la, aumentar a oferta de mão-de-obra profissionalizante e atrair empresas para o nosso Estado, invertendo um movimento que expulsou mais de 200 empresas nos 12 anos de governo tucano. 

Capelinha tem na área da saúde uma situação muito peculiar e que talvez se repita em muitas cidades-polo microrregionais pelo Estado afora. Aqui, a população é de aproximadamente 38 mil habitantes, mas há 65 mil cartões SUS emitidos. Mesmo com uma rede de atenção básica e hospitalar deficiente, com problemas estruturais sérios, equipamentos defasados, prédio antigo e poucos profissionais, Capelinha ainda é um paraíso perto das cidades menores em seu entorno, por isso os moradores preferem se cadastrar pelo SUS daqui. Então, a necessidade de um hospital regional é algo muito concreto. Há chances de isso vir a ocorrer? 

No primeiro momento, vamos concluir e colocar em operação os nove hospitais regionais que não foram entregues pelo governo tucano. Também vamos ampliar o atendimento hospitalar por meio de parcerias com hospitais privados e filantrópicos e aí melhorar o atendimento em cidades que não foram contempladas com os nove hospitais regionais que estão projetados ou em construção. Para melhorar o atendimento à população também vamos construir 77 Centros de Especialidades Médicas para que a população tenha acesso a consultas com especialistas e faça os exames pedidos nessas consultas.

Em relação à segurança, temos um problema grave que vem se alastrando aqui em Capelinha e toda a região, que é a penetração do crack. Isso tem levado a um aumento generalizado nas ocorrências de furto e mesmo de crimes violentos. Como o senhor pretende enfrentar essa questão que há tempos não é mais típica das grandes cidades? 

O crack é uma epidemia que preocupa toda Minas Gerais e exige ação dupla. Numa frente, é preciso reprimir o tráfico. Noutra, o Estado tem de assegurar tratamento para os dependentes químicos e assistência a suas famílias. Vamos reequipar as polícias para que possam combater a atuação dos traficantes e estabelecer parcerias com centros de recuperação privados para atender os consumidores da droga e trabalhar pela sua reinserção na sociedade. Para evitar que novos jovens e adultos tornem-se dependentes, vamos ampliar a permanência desses jovens na escola, buscar atrair empresas e novos empregos, dando-lhes novas perspectivas de vida.   

Há na região de Capelinha e do Alto Jequitinhonha muitas lideranças do PT que vêm sendo citadas como prováveis integrantes do seu primeiro escalão, como é o caso do candidato Zé Pedro, que obteve mais de 20 mil votos para deputado estadual e ficou na suplência, e do Marcos Lemos, prefeito de Carbonita, dentre outros nomes. Há planos nesse sentido? 

Neste momento, estamos dando início à transição, quando também discutiremos a composição do governo. Faremos isso ouvindo todas as regiões de Minas. Capelinha e o Jequitinhonha farão parte desse processo e serão ouvidos com a máxima atenção. 

Fonte: Por João Sampaio, Jornal Acontece Regional/Portal de Capelinha

Nenhum comentário:

Postar um comentário