quinta-feira, 1 de março de 2012

O estado deplorável de uma sociedade

O estado deplorável de uma sociedade Antenor José Figueiró – antenor.figueiro@ig.com.br

Hoje sou mais do que moderno, mais do que “O Cara”, sou um covarde
assumido, encontro-me em paz com esse tal Espírito que alguns teimam 
em dizer que existe. Da minha parte, espero talvez um dia encontrá-Lo por
alguma esquina.
Tenho que admitir que esse estilo de vida é mais prazeroso, suave e eletrizante.
Carregar valores é um fardo muito pesado, ultrapassado, sem contar que se 
tornou ridículo. O único valor que importa, eu o carrego no cartão de crédito, 
mais leve, uma pluma. O Banco é que tem a obrigação de carregar e manipular
meu dinheiro. A vida foi feita para ser vivida, ela é uma só. Que idiota é esse que
julga certo ou errado? isso é questionar o criador por tamanha façanha – construção
do mundo.
Estou à procura de um babaca para que eu possa desfazer-me do último objeto
arcaico e medíocre: a porta do banheiro de minha casa, já que faz parte de nosso
cotidiano a não utilização da mesma. Sendo assim, já faço planos para o 
dinheiro que arrecadarei com a negociata. 
Os tempos são outros, já é século XXI, o século do viver tudo, a toda hora e a 
qualquer preço. A humanidade já passou pela fase da religiosidade, cultura, 
artes, poesia, família.
Hoje, é a minha fase (bamburrar) e danem-se os imbecis com discurso medíocre do
lar sagrado. Sagrado é o lucro que ele me proporciona: a possibilidade de 
presentear  minha esposa com sandálias, pagar-lhe um dia inteiro de salão, 
colocar meus filhos no carro e irmos comprar tênis, um celular, ou melhor, 
um Tablet e aí fica todo mundo bem  feliz. 
Meus vizinhos, esses serão de novo meus vizinhos a partir de quarta-feira de Cinzas, 
preocupar por quê se nem parentes meus eles são? Amanhã se meus três filhos 
tornarem-se um problema social, não será problema meu, até por que serão apenas 
mais três.
Desperta Diamantina! 
A política é “a habilidade no trato das relações humanas, com vista à obtenção
dos resultados desejados”. Precisamos de que cada um de nós, 44 mil habitantes
de Diamantina e distritos, nos conscientizemos que a cada minuto, a cada dia 
de nossas vidas, estamos exercendo política em todos os lugares que vamos. 
Se nossas autoridades e políticos assumem tal posto é por que somos covardes e 
negamos um dom máximo que Deus nos deu – a inteligência, para questionar e 
cobrar ações éticas, morais e coerentes para toda a sociedade e negarmos a 
manipulação e repressão ideológica. Nossos políticos e autoridades têm o dom 
da fala, do discurso requintado que serve apenas para enganar, ludibriar. 

Nossa Diamantina tem inúmeras possibilidades nas áreas da cultura, religião, 
meio ambiente, ensino, comércio regional, agricultura, para transformar-se em um 
grande pólo de desenvolvimento, com geração de empregos, renda e dignidade, para 
todos nós, 44 mil diamantinenses, o ano inteiro. 
Há décadas nossas autoridades municipais, estaduais, federais e religiosas, investem
ou consentem algo próximo a R$ 800 mil para realização do Carnaval. Isso prova que 
eles não têm sensibilidade ou pior alimentam a idéia de que estão gerando renda para
o povo, que angu de cinco dias irá mantê-los por 360 dias, em outras palavras que o 
povo não merece  respeito e dignidade. 
Silenciosamente ano após ano nossos bueiros 
ou bocas de lobo foram sendo tapados até porque se tornaram obsoletos, existem 44 mil
bocas abertas pelas nossas ruas, becos e distritos recebendo garganta abaixo não só as 
merdas do Carnaval e sim a falência da sociedade diamantinense.

São vinte e três anos, vinte carnavais ruminando tamanha agressão. Chega! 
Não vão brincar mais com a minha inteligência. No Carnaval 2013 meu restaurante
estará fechado com faixas pretas em sinal de luto pela sociedade e autoridades 
diamantinenses, elas já há muito tempo não merecem mais o meu respeito e sim 
as minhas condolências. 
O Carnaval passou a ser uma estrutura que alimenta três empresas: Companhias de 
cervejas, Bartucada e Bat Caverna, em detrimento de toda uma lógica social-política
e econômica com o dinheiro público. 
Publicado no Passadiço Virtual

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