Almenara: Estudantes chamam a Polícia por falta de professor habilitado
Cursistas de Mineração e Construção civil registram BO contra empresa INEP
Na última quarta feira, 21.03, em Almenara, no Baixo Jequitinhonha, nordeste de Minas, estudantes que iniciavam o curso de Mineração oferecido pelo INEP – Instituto Nacional de Educação Profissional, empresa com sede em Juiz de Fora – MG, anunciada como parceira da Prefeitura de Almenara, acionaram a Policia Militar para registrar um Boletim de Ocorrência, pois sentiram-se lesados pela empresa ao perceberem que o professor que ministrava a primeira aula não tinha habilitação específica em mineração.
De acordo com Elis Soares, uma das alunas do curso de mineração, “ao escutar uma propaganda anunciando o curso de mineração, liguei para a secretária municipal de educação, que afirmou a parceria com o INEP. Em seguida, fiz minha matricula no curso. Paguei R$ 130. Hoje, ao iniciarmos o curso, percebemos que o professor não tinha formação na área de mineração. Na verdade, o professor que ministrava a aula era um dos funcionários da Secretaria de Educação, formado em Letras. Assim, chamamos a Policia Militar e fizemos um Boletim de Ocorrência e iremos fazer uma representação no Juizado Especial para tentar reaver nosso dinheiro", finalizou Elis.
Ainda de acordo com a cursista, o INEP formou duas turmas somente no curso de Mineração, com 30 alunos cada. Uma iniciaria em 21/03, e a outra no próximo sábado, 24/03. Além deste, a empresa ofereceu mais tres cursos, totalizando 220 pessoas inscritas.
O INEP, em parceria com a Prefeitura de Almeara, ofereceu cursos de eletricista, atendente e construção civil. Neste último, um dos professores – pasmem -, era um padeiro, que ocasionalmente é pedreiro. Ele estava também matriculado no curso de mineração. De acordo com o pedreiro Nivaldo Silva ele também não tem formação na área, “fui convidado para ministrar o curso de pedreiro e apenas repassar o que sei na prática". Ele confirmou ainda que não tem nenhuma formação pedagógica, pois apenas concluiu o ensino fundamental.
Entrevistamos também outro cursista que tinha feito inscrições nos cursos de Mineração e Construção Civil oferecido pelo INEP. Segundo Aldegardes Bonfim, “mais uma vez, nós almenarenses estamos sendo lesados por uma empresa parceira da prefeitura municipal de Almenara. A secretária municipal de educação estava respaldando a empresa de Juiz de Fora. Por isso, fiz minha inscrição. O problema que vejo não é somente pelo golpe financeiro que tomamos, mas é a falta de respeito e o descaso que a Prefeitura tem tido com o cidadão almenarense, pois aqui tem pessoas, na sua maioria jovens, com sonhos e esperança em conseguir ser colocado na Magnesita S.A".
Por outro lado, entrevistamos o auxiliar administrativo da secretaria municipal de educação, Marco Túlio. Segundo ele, “ Por participar de todos os projetos pedagógicos da secretaria municipal de educação , a secretária municipal de Educação, Udilma Sousa, me pediu para tentar organizar os cursos oferecidos pelo INEP na sede da nossa secretaria. E aconteceu que, pela segunda vez, o INPE procurou a prefeitura para ministrar esses cursos. Como eles ainda não tinham encontrado profissionais habilitados na área, fui convidado a ministrar a primeira aula sobre História da Mineração. Como o INPE não conseguiu nenhuma profissional especializado na área, a cordenadora do INPE, Ana Paula, me convidou para ministrar a primeira aula. Ainda de acordo com Marco Túlio , “a contrapartida da Prefeitura Municipal foi disponibilizar o local para ministrar o curso. No caso, a Escola Municipal Corina Ferraz, mais conhecido por CAIC, que também é a sede da secretaria municipal de educação.”
A empresa Magnesita S.A anunciou recentemente que irá investir cerca de R$ 120 milhões para explorar Grafite em Almenara. Com isso, gerou uma grande expectativa na cidade em relação a contratação de mão de obra.
Fonte: Diário do Jequi
Comentário:
Com a demanda de profissionais na área de Mineração o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, campus Almenara, poderia oferecer um curso técnico na área. O campus de Araçuaí já estuda esta possibilidade, segundo o Reitor Liberato.
Com a nova fronteira mineral aberta, incentivada e apoiada pelos Governos de Minas e Federal, com a exploração de minério de ferro, em 21 municípios, de Grão Mogol, Salinas, Taiobeiras até Rio Pardo de Minas, a demanda aumenta ainda mais. Empresas multinacionais realizam estudos e pesquisas para investir mais de R$ 8 bilhões, somente nos próximos 5 anos.
Há uma expectativa de geração de cerca de 15 mil postos de trabalho. Se os trabalhadores da região não se qualificarem quem ocupará esta vagas virá de outras regiões. Aliás, a questão de formação profissional na região é um dos gargalos que entrava o nosso desenvolvimento.
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