A primeira condenação de Dirceu foi pela participação no congresso da UNE em Ibiúna, em 1968. Ontem, o ex-ministro de Lula foi condenado no Supremo por corrupção
Cristiano Mascaro/VejaJ
osé Dirceu, lider estudantil e presidente da UEE-SP, durante manifestação pela Democracia e Reformas Institucionais, na década de 1960anterior
São Paulo - As duas vezes em que José Dirceu foi réu em julgamentos traçam momentos definidores dos seus 45 anos de vida política. Se a primeira condenação é um símbolo por sua atuação na resistência contra a ditadura militar, a outra sentença recebida quatro décadas depois coloca Dirceu no pequeno rol de políticos de primeiro escalão condenados por corrupção no Brasil.
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A primeira condenação de Dirceu foi pela participação no histórico congresso da UNE em Ibiúna, em 1968. Preso junto com todos os estudantes do encontro, foi sentenciado a 14 meses em 21 de agosto de 1969. O cárcere não duraria muito. Dias após a condenação, ele seria libertado com os demais presos políticos trocados pelo embaixador americano Charles Elbrick, sequestrado por militantes de esquerda. Exilado para Cuba, foi também condenado ao banimento pelo regime militar.
Estudante de cursinho em 1964, José Dirceu de Oliveira ingressou na Faculdade de Direito da PUC em 1965. Iniciou no movimento estudantil sua carreira política. Numa eleição confusa, em outubro de 1967, tornou-se presidente da extinta União Estadual dos Estudantes (UEE).
Nas assembleias e nos comícios relâmpagos, seu discurso político e talento oratório mobilizavam os ouvintes. Comandou as passeatas de São Paulo em 1968, liderou os estudantes que instigaram a greve operária em Osasco. Meses depois, era cotado como favorito para presidir a UNE, entidade ilegal no período, mas mantida viva pelos estudantes que se organizavam contra a repressão. A operação policial em Ibiúna impediu a eleição e prendeu todos os líderes do movimento estudantil.
No exílio, fez uma cirurgia plástica e curso de guerrilha. Retornou ao Brasil em 1975, vivendo com identidade falsa no interior do Paraná até a anistia em 1979. Organizador de diferentes setores da esquerda, está entre os fundadores do PT. Foi deputado estadual e federal por São Paulo e em 1995 se tornaria o presidente do partido.
Com a vitória de Lula e a chegada do PT ao governo federal, Dirceu foi nomeado ministro-chefe da Casa Civil.
Por sua influência, era tido como sucessor natural de Lula. A denúncia do mensalão pelo presidente do PTB, Roberto Jefferson, o derrubou Dirceu e o transformou em réu. Ao contrário da primeira vez, quando a condenação pelo arremedo de Justiça Militar foi praticamente sumária, desta vez o processo se arrastaria por sete anos até ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
ATENÇÃO STF: NÓS SABEMOS O QUE VOCÊS FIZERAM!!!
Zé Dirceu: ‘Não me calarei, não abandonarei a luta’
publicado em 9 de outubro de 2012 às 22:45
Cerca de uma hora após o ministro do STF Marco Aurelio Mello condenar José Dirceu no
julgamento do mensalão, ele postou, no seu blog, esta mensagem ao povo brasileiro.
julgamento do mensalão, ele postou, no seu blog, esta mensagem ao povo brasileiro.
do blog de Zé Dirceu
No dia 12 de outubro de 1968, durante a realização do XXX Congresso da UNE, em Ibiúna,
fui preso, juntamente com centenas de estudantes que representavam todos os estados brasileiros
naquele evento. Tomamos, naquele momento, lideranças e delegados, a decisão firme, caso a
oportunidade se nos apresentasse, de não fugir.
Em 1969 fui banido do país e tive a minha nacionalidade cassada, uma ignomínia do regime
de exceção que se instalara cinco anos antes.
Voltei clandestinamente ao país, enfrentando o risco de ser assassinado, para lutar pela liberdade
do povo brasileiro.
Por 10 anos fui considerado, pelos que usurparam o poder legalmente constituído, um pária da
sociedade, inimigo do Brasil.
Após a anistia, lutei, ao lado de tantos, pela conquista da democracia. Dediquei a minha vida ao
PT e ao Brasil.
Na madrugada de dezembro de 2005, a Câmara dos Deputados cassou o mandato que o povo de
São Paulo generosamente me concedeu.
A partir de então, em ação orquestrada e dirigida pelos que se opõem ao PT e seu governo, fui
transformado em inimigo público número 1 e, há sete anos, me acusam diariamente pela mídia,
de corrupto e chefe de quadrilha.
Fui prejulgado e linchado. Não tive, em meu benefício, a presunção de inocência.
Hoje, a Suprema Corte do meu país, sob forte pressão da imprensa, me condena como corruptor,
contrário ao que dizem os autos, que clamam por justiça e registram, para sempre, a ausência de
provas e a minha inocência. O Estado de Direito Democrático e os princípios constitucionais não
aceitam um juízo político e de exceção.
Lutei pela democracia e fiz dela minha razão de viver. Vou acatar a decisão, mas não me calarei.
Continuarei a lutar até provar minha inocência. Não abandonarei a luta. Não me deixarei abater.
Minha sede de justiça, que não se confunde com o ódio, a vingança, a covardia moral e a hipocrisia
que meus inimigos lançaram contra mim nestes últimos anos, será minha razão de viver.
Vinhedo, 09 de outubro de 2012
José Dirceu
http://www.viomundo.com.br/politica/jose-dirceu-nao-me-calarei.html
Um comentário:
Esta cambada do STF só querem aparecer em cima de poucos,é uma ditadura nos tempos de hoje este STF.
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