quinta-feira, 8 de março de 2012

Mulheres do Vale no poder

Mulheres do Vale no poder
Poder das mulheres e mulheres no poder
Chica da Silva e Luciana Teixeira 
marcaram a história
Poucas mulheres ocuparam cargos de poder ou espaços de mando na vida do Vale do Jequitinhonha. Na história, duas marcaram os registros dos homens. A mais conhecida: Francisca da Silva Oliveira, a Chica da Silva, de Diamantina. Poderosa, bonita, negra, escrava alforriada, mulher do português João Fernandes de Oliveira, mais afortunado que o rei de Portugal. Sua união de 15 anos gerou de 13 a 19 filhos. O Arraial do Tejuco a viu rainha, na Diamantina colonial, do século XVIII, no Alto Jequitinhonha. Seus 4 filhos homens exerceram altos cargos no Império português.
Criou-se diversos mitos em torno dessa mulher sensual, inteligente e de forte personalidade. Mulher do passado, há mais de 200 anos, presente em nossas vidas.
Luciana Teixeira e Cacá
Na Barra do Pontal, em Itira, no encontro do rio Araçuaí com o Jequitinhonha, um padre e moralistas expulsaram as mulheres, consolo dos canoeiros. Elas subiram o rio Araçuaí e foram acolhidas pela fazendeira Luciana Teixeira. No século XIX, Luciana e suas meninas, colo e afago dos tropeiros e canoeiros, fundaram o Arraial do Calhau, distribuindo lotes e dotes. Mais tarde, o povoado virou a cidade de  Araçuaí, cidade pólo do Médio Jequitinhonha. 
Prefeitas
Esta mesma cidade revelou Maria do Carmo Ferreira da Silva, a Cacá (foto acima), mulher, negra e pobre. Militante das causas populares. Foi prefeita eleita e reeleita de Araçuaí (1997-2004), e fez seu sucessor, na virada do século XX e início do XXI, transformando-se na maior liderança regional feminina dos tempos atuais.
Somente ela se atreveu a vôos mais altos: candidatou-se a deputada estadual, em 1994. Foi Diretora da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, em Brasília, no Governo Lula. Continua em outro cargo no Governo Dilma.

Minas Novas dos coronéis, mãe de quase todos os municípios do Vale, elegeu a Irmã Telma, prefeita, e a vice, Dasdores, de 2001 a 2004. Fizeram uma administração criativa e inovadora, com barraginhas e valorização de pobres e mulheres.
Dona Vina e Alípia comandaram Rubelita de 97 a 2008, sendo o mais longo reinado feminino na região. Aliás, de 97 a 2000, foi estendido um tapete rosa no Médio Jequitinhonha: Vânia Murta, em Coronel Murta; Nana, em Itaobim; Cacá, em Araçuaí; e Sônia em Medina.
Hoje, Fabiany Ferraz comanda Almenara, e Irone Bento, Mata Verde, dois municípios do Baixo Jequitinhonha.


No Médio Jequitinhonha, Eliete Araújo, vice-prefeita, assumiu a prefeitura de Coronel Murta, por 30 dias nesta segunda-feira, 05.03. E é candidata às eleições em outubro.

Em Angelândia, no Alto Jequitinhonha, Zélia Cardoso, comanda o município e parte pra reeleição, talvez contra outra candidatura feminina.


Atualmente, o poder feminino é pouco presente nas prefeituras e Câmaras Municipais do Vale. As mulheres marcam posição nas políticas públicas sociais, nas áreas da educação, saúde e desenvolvimento social, como co-gestoras ou em atividades profissionais. 

Mas, quando deseja vôos mais altos, como vereadoras, prefeitas e deputadas, os homens, maridos, filhos e parentes, além dos amigos machos, querem lhe cortar as asas e tentam colocá-la submissa, em um lugar supostamente deixado pra elas.

Algumas desobedientes desafiam o poder machista que tomou conta da administração pública, e, afora as exceções, costumam fazer diferente e bonito como gestoras. 

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