Protagonismo da Diplomacia Brasileira
Rudá Ricci
O acordo em Terrã está sendo discutido no Brasil pelas lentes partidárias e eleitorais. O que demonstra o quanto mergulhamos numa discussão rebaixada, desqualificada, sobre políticas públicas e papel do país na nova ordem mundial.
O acordo em Terrã está sendo discutido no Brasil pelas lentes partidárias e eleitorais. O que demonstra o quanto mergulhamos numa discussão rebaixada, desqualificada, sobre políticas públicas e papel do país na nova ordem mundial.
O ingresso do país nesta seara deve-se à ocupação de espaço deixado pelos EUA. E, obviamente, a pressão dos EUA para desqualificar a ação da diplomacia brasileira (não governo Lula, mas Estado brasileiro) é mais que evidente. Obama, em baixa popularidade nos EUA, está sob fogo cruzado com o acordo Irã-Turquia.
E a grande imprensa, ao invés de explicitar como se faz negociação diplomática, rebaixa ainda mais o nível da "informação", como se este jogo fosse algo feito na esquina, entre ingênuos e mentirosos.
É óbvio que a China e Rússia apoiaram a negociação mediada pelo Brasil. E é óbvio que negociarão este trunfo, no Conselho de Segurança da ONU, com os EUA. É assim que se faz negociações de alto nível.
Como é possível termos jornalistas tão lineares em nosso país?
Alguém imagina que China estará alinhada como os EUA?
Basta perceber que já exigiram a retirada de alguns itens - e levaram - da resolução elaborada pelos EUA a respeito do Irã.
Mas muita água vai rolar, ainda. E é óbvio que se trata de um jogo de forças, muito sutil, e de contrapesos, onde o Brasil não pode receber tantos louros a ponto de se tornar um país mais significativo que os próprios membros permanentes do Conselho de Segurança.
Sinceramente: é tão difícil que somente quem estuda relações internacionais entende?
Para que partidarizar algo que é jogo de Estado e diz respeito ao futuro do país?
Rudá Ricci é cientista político e diretor geral do Instituto Cultiva.
Fonte: rudaricci.blogspot.com
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