Igreja é restaurada em Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha
Totalmente restaurada, a Igreja de Nossa Senhora do Amparo será reaberta à população do município de Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha, nordeste de Minas, com grande festa na próxima quinta-feira, 9 de junho. Os trabalhos de restauração civil e de elementos artísticos duraram um ano e meio e foram realizadas pelo IEPHA/MG - Instituto Estadual de Patrimônio istórico e Artístico de Minas Gerais.
O órgão também foi responsável pelo projeto arquitetônico para a restauração, além de acompanhamento e fiscalização de todo o trabalho. Cerca de R$ 650 mil garantiram obras que visavam à recuperação do madeiramento, dos arcos laterais e do adro, além de estabilização completa da infra-estrutura do prédio, que se encontrava em péssima situação, de acordo com os laudos técnicos realizados para início do trabalho. Outros R$ 370 mil foram investidos na recuperação de elementos artísticos como pinturas decorativas, entalhes e imagens.
De acordo com a gerente de Elementos Artísticos do Iepha, Yukie Watanabe, apesar de apresentar aspecto externo razoável grande parte das peças estava em avançando estado de corrosão por cupins internamente. "Os entalhes estavam praticamente só na casca, assim como os anjos do coroamento, o retábulo e as colunas, que estavam bastante ocas". O sacrário foi, de acordo com Yukie, o caso mais grave.As peças estavam carbonizadas por dentro.
A construção da Igreja de Nossa Senhora do Amparo foi financiada pela Irmandade dos Homens Pretos de Minas Novas, possivelmente na segunda metade do século XVIII. A edificação segue o partido tradicional das matrizes mineiras de primeira fase, com divisão em nave, capela-mor, corredores-sacristias laterais e duas torres delimitando a fachada. As arcadas internas, elemento bastante usual nas igrejas da região, ligam a nave e capela-mor aos corredores laterais, gerando um espaço maior no interior dos prédios.
A Igreja de Nossa Senhora do Amparo não é tombada, apesar de sua relevância para a história da cidade; constituindo parte do conjunto ainda existente característico do início da ocupação da antiga Vila do Fanado.
Durante o trabalho de restauração, uma surpresa. Por baixo de camadas de tinta, foi encontrada uma importante pintura decorativa em perspectiva no forro da capela-mor, agora inteiramente restaurada. Segundo Yukie Watanabe, a pintura tem boa qualidade artística e histórica e é possivelmente original da construção. "A recuperação desta pintura foi um trabalho bastante elaborado, já que tínhamos ali perda de mais de 60% das tábuas. Mas o resultado final ficou muito bom e a pintura valorizou demais o conjunto como um todo. Ela realmente coroou a restauração", conta.
A solenidade de inauguração da restauração está prevista para as 19 horas, de 9 de junho, em Minas Novas.
Um comentário:
Duas correções se fazem necessárias: A foto, que também foi publicada no E.M. como sendo da Igreja do Amparo de Minss Novas é, na realidade, uma das belíssimas igrejas da cidade vizinha de Chapada do Norte. A Igreja de Nossa Senhora do Amparo dos Homens Pardos de Minas Novas tem duas torress e foi edificada pelo Cônego José Pacífico Peregrino e Silva que foi Senador da Província e Vigário Geral da Paróquia de São Pedro do Fanado, coadjutor da Diocese do Jequtinhonha, a qual não chegou a ser instalada na cidade de Minas Novas (conforme foi criada), em razão de atritos verificados, naquela época, entre o clero e o chefe político, o Coronel ZÉ BENTÃO FERRABRÁS. A Irmandade dos Homens Pardos, que ali se reunia, foi criada pelo referido cônego, para abrigar os crioulos, cafusos, pardos e bastardos (filhos ilegítimos) que não podiam congregar na Irmandade do Santíssimo Sacramento dos Homens Brancos ou da Irmandade do Rosário dos Homens Pretos, estas duas irmandades que ainda existem e são muito importantes na vida comunitária (religiosa, social e artística). O bispo diocesano DOM JOSÉ MARIA PIRES, quando governou a Diocese de Araçuai, tentou revitalizar a Irmandade dos Homens Pardos, mas encontrou óbices entre as lideranças políticas, o mesmo ocorrendo com as várias tentativas do PADRE EMILIANO GOMES PEREIRA (que era descendente de escravos), que lutoru neste mesmo sentido, tendo este saudoso vigário escolhido este templo para celebrar as suas cerimônias sacras, até a década de 70, quando procurava incentivar o culto devocional aos santos do sincretismo afrobrasileiro, como Santa Bárbara, Santa Inês, Santa Edwirges, Santa Efigênia, São Sebastião, São Beneddito e o maior de todos, o Senhor do Bonfim.
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