sexta-feira, 24 de julho de 2009

Rádio Vale FM faz sucesso no Médio Jequitinhonha
O longo sonho acalentado da Diocese de Araçuaí de ter a sua emissora de rádio, acabou se tornando realidade nas mãos do bispo atual, Dom Severino Clasen.
Para colocar no ar o primeiro sinal, no dia 11 de julho de 2008, o bispo franciscano contou com a coragem, determinação e ousadia de um casal jovem de Belo Horizonte, que mesmo recém-formado em Relações Públicas e sem nenhuma bagagem sobre este veículo de comunicação, aceitou o desafio e hoje, um ano e três meses depois eles estão entregues de corpo e alma no projeto Vale FM, rádio que aos poucos conquista os ouvintes do Vale do Jequitinhonha, entre as montanhas de Minas Gerais.
Hugo e Francielle confessam que chegaram a pensar em desistir de tudo em duas ocasiões, mas a amizade que têm pelo bispo garantiu a continuidade do projeto na diocese. Para eles, valeu a pena o desafio e tem "sido muito prazeroso” o trabalho.
Pela frente, Hugo e Fran têm muitos sonhos e desafios, mas acreditam que estão no caminho certo. Com uma estrutura ainda deficitária, mas bem próxima de se tornar independente, a rádio tem um custo mensal atualmente de 13 mil reais para a Diocese de Araçuaí, empregando sete profissionais.
Desafio
O desafio para os dois é convencer os pequenos e médios empresários a apostar e investir na rádio. Para se ter uma idéia, segundo o casal, na capital mineiro, um spot de 30 segundos não é veiculado por menos de 100 reais. Em Araçuaí o mesmo spot sai por três reais. Some-se a isso o fato de não ter agência de comunicação na região e as peças publicitárias e vinhetas precisam ser feitas em BH.
O Diretor Hugo Ferreira informa que “com potência de 5 mil watts, a nova emissora educativa atinge os 27 municípios da Diocese, embora com sinal de ótima qualidade atinge 11 perímetros urbanos. O mais surpreendente de tudo é que a dupla conseguiu implantar na região uma programação refinada e de qualidade, que prioriza o melhor da Música Popular Brasileira. E não bastasse isso, quem ajudou a construir a programação foi a própria população, que cedeu coleções de cds para serem inseridas na cedeteca da rádio".
“Se há séculos as informações se concentravam em praças, hoje depende dos meios de comunicação para se propagarem. E aí o Vale do Jequitinhonha tinha uma lacuna nesse sentido. Faltava alguém que fizesse isso de maneira abrangente e profissional, mesmo em nível regional. É claro que você tem as rádios, a maior parte delas não legalizadas. Mas toda cidade tem pelo menos uma. Contudo, as comunidades rurais não tinham esse mecanismo. E aí, se a gente fala, enquanto Igreja, em dignidade humana, disponibilizar o acesso à comunicação - e uma comunicação de qualidade - também está contribuindo para a evangelização sem necessariamente ter a linguagem de quem está dentro da Igreja, sem usar a linguagem catequética”, conclui Hugo.Francielle Oliveira, Relações Públicas, afirma que “temos uma diocese muito extensa e, em alguns pontos, de difícil acesso. Com a rádio, a gente tem condições de chegar até essas pessoas e levar informações sobre atividades da comunidade. A gente tem informado muito sobre associações de bairro, reuniões de comunidade etc.Nós estamos chegando a muitas comunidades que há muitos anos não recebiam sinal de rádio.
Linha cultura refinada
A programação da rádio tem uma linha cultural mais refinada e de qualidade na programação musical. Francielle explica: “Logo que chegamos aqui, percebemos que todas as rádios seguiam o mesmo estilo ou linha. Eram voltadas para o axé, sertanejo e forró e um pouco de funk. Foi o fato de perceber a ausência de outro estilo que nos motivou a fazer isso. Afinal, as pessoas têm o direito de escolher o que querem ouvir. E como não tinha essa opção de MPB e pop rock, resolvemos investir nessa linha. Mas qualquer que fosse também a escolha musical, seria para fazer algo de qualidade. Essa certeza nós tínhamos".
Hugo complementa: “O que não significa que tenhamos os olhos fechados para os estilos que estão aí. Mas hoje o que dá as caras Vale FM é o pop rock e a MPB, com predominância da música brasileira. Mas tem sertanejo também. E aí aproveitamos o sertanejo para colocar alguma coisa na linha do forró, porque os ritmos e melodias são muito similares. Talvez o que a gente fez muito diferente foi segmentar. Não mistura tudo, mas definir um horário para isso, outro para aquilo.
Francielle acrescenta: “O que vale falar também é que a própria população ajudou a gente a montar, a escolher esses estilos na rádio. Quando iniciamos, passamos a colocar um pouco de axé, mas recebemos ligações e fomos parados nas ruas pelas pessoas pedindo "não vai por esse estilo, não, porque já tem demais". Claro, se no início a gente tivesse recebido um retorno negativo a essa proposta, teríamos mudado. O importante é que a maioria do nosso acervo foi feito com cds do povo daqui. Eles é que trouxeram os cds. E fomos alimentando o nosso acervo”.
A rádio funciona no Alto Santuário, em Araçuaí, Vale do Jequitinhonha, nordeste de Minas.

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