Lula com Fernado Haddad no Comício em São Miguel Paulista-SP. Foto: Márcia Brasil |
Fernando Haddad, além de superar as profecias do início da campanha, passou para o
segundo turno em posição bastante favorável.
O vencedor foi Lula
Por Paulo Moreira Leite - Época - 08.10.12
Eu
pergunto quanto tempo nossos analistas de plantão vão levar para reconhecer o
grande vitorioso do primeiro turno da eleição municipal.
grande vitorioso do primeiro turno da eleição municipal.
Não, não foi Eduardo Campos, embora o PSB tenha obtido vitorias importantes no
Recife e em Belo Horizonte.
Também
não foi o PDT, ainda que a vitória de José Fortunatti em Porto Alegre tenha
sido consagradora. Terá sido o PSOL? Os “novos partidos”?
sido consagradora. Terá sido o PSOL? Os “novos partidos”?
O
grande vitorioso de domingo foi Luiz Inácio Lula da Silva e é por isso que os
coveiros de sua força política passaram o dia de ontem trocando sorrisos amarelos.
coveiros de sua força política passaram o dia de ontem trocando sorrisos amarelos.
Nem
sempre é fácil reconhecer o óbvio ululante. É mais fácil lembrar a derrota do
PT
no Piauí, ou em São Luís.
no Piauí, ou em São Luís.
Mas o PT passou o PMDB e foi o partido que mais acumulou votos na eleição. Tinha
550 prefeituras. Agora tem mais de 600.
Vamos combinar: a principal aposta de Lula em 2012 foi Fernando Haddad que,
superando as profecias do início da campanha, não só passou para o segundo turno
mas entra nessa fase da disputa em posição bastante favorável. Em São Paulo se
travou a mãe de todas as batalhas.
Imagino
as frases prontas e as previsões sombrias sobre o futuro de Lula e do PT se
Haddad tivesse ficado de fora…
Haddad tivesse ficado de fora…
A
disputa no segundo turno está apenas no início e é cedo para qualquer previsão.
Mas é
bom notar que as pesquisas indicam que Haddad é a segunda opção da maioria
dos eleitores de Celso Russomano. Uma pesquisa disse até que Haddad poderia
chegar em segundo no primeiro turno, mas tinha boas chances de vencer Serra, no
segundo.
dos eleitores de Celso Russomano. Uma pesquisa disse até que Haddad poderia
chegar em segundo no primeiro turno, mas tinha boas chances de vencer Serra, no
segundo.
Qual o
valor disso agora? Não sei. Mas é bom raciocinar com todas as informações.
Quem
assistiu a pelo menos 30 minutos dos debates presidenciais sabe que Gabriel
Chalita já tem lado definido desde o início – como adversário de José Serra. O que vai
acontecer? Ninguém sabe.
Chalita já tem lado definido desde o início – como adversário de José Serra. O que vai
acontecer? Ninguém sabe.
O
próprio Serra tem uma imensa taxa de rejeição, que limita, por si só, seu
potencial
de crescimento.
de crescimento.
O apoio de Russomano tem um peso relativo. Se ele não conseguia controlar aliados
quando era favorito e podia dar emprego para todo mundo, inclusive para uma
peladona de biquini cor de rosa descrita como assessora, imagine agora como terá
dificuldades para manter a, digamos, fidelidade partidária…
O mais provável é que seu eleitorado se divida em partes mais ou menos iguais.
Não
vejo hipótese da Igreja Universal ficar ao lado de José Serra. Nem Silas
Malafaia
com Haddad.
com Haddad.
A votação de Haddad confirma a liderança de Lula e a disposição dos eleitores em
defender o que ele representa. Mostra que o ambiente político de 2010, que levou a
eleição de Dilma Rousseff, não foi revertido. Isso não definiu o resultado em cada
cidade mas ajudou a compor a situação no país inteiro.
Os 40% de votos que Patrus Ananias obteve em Belo Horizonte mostram um
desempenho bem razoável, considerando que o tamanho do condomínio adversário.
Quem define a boa vitória de Lacerda como uma vitória de Aécio sobre Dilma incide no
pecado da ejaculação precoce.
O grande derrotado do primeiro turno, que mede a força original de cada partido, não
aquilo que se pode conquistar com alianças da segunda fase, foi o PSDB.
O desempenho tucano sequer qualifica o partido como oponente nacional do PT.
Perdeu eleição em Curitiba, onde seu concorrente tinha apoio do governador de
Estado, desapareceu em Porto Alegre e no Rio de Janeiro, terra do vice de José Serra
em 2010 – que não é tucano, por sinal.
Se a principal vitória do PSDB foi com um candidato do PSB é porque alguma coisa
está errada, concorda?
Respeitado por ter chegado em primeiro lugar em São Paulo, Serra já teve
desempenhos melhores.
As cenas finais da campanha foram os votos do julgamento do mensalão, transmitidos
em horário nobre durante um mês inteiro. Tinham muito mais audiência do que os
programas do horário político.
Menino pobre e preto, Joaquim Barbosa já vai sendo apresentado como um
contraponto a Lula…
Antes que analistas preconceituosos voltem a dizer que a população de renda mais
baixa tem uma postura menos apegada a princípios éticos – suposição que jamais foi
confirmada por pesquisadores sérios — talvez seja prudente recordar que o eleitor é
muito mais astuto do que muitos gostariam.
Sabe separar as coisas.
Aprendeu a decodificar o discurso moralista, severo com uns, benigno com outros,
como a turma do mensalão do PSDB-MG, os empresários que jamais foram
denunciados na hora devida…
Anunciava-se, até agora, que a eleição seria nacionalizada e levaria a um julgamento
de Lula.
Não foi. O pleito mostra que o eleitor não mudou de opinião.
O eleitor mostrou, mais uma vez, que adora rir por último.
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