terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Diamantina recebe menos turistas, mas foliões comemoram tranquilidade para curtir os blocos


Festa tem cerca de 20 mil pessoas, a metade de 2012. Moradores e turistas lotaram as ruas do Centro da cidade atrás dos blocos Xai Xai, Balança o Saco e Rato Seco, ao som de antigas marchinhas e muito samba

Marcelo da Fonseca - Estado de MinasPublicação:12/02/2013 08:52
 ( Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

Diamantina –
 Em meio ao batidão dos carros de som espalhados pelas esquinas e repúblicas de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, os blocos tradicionais têm espaço garantido. Misturando antigos sambas e marchinhas carnavalescas, os integrantes dos grupos Xai Xai, Balança o Saco e Rato Seco desfilaram na tarde de ontem pelos becos da cidade histórica, que recebeu este ano a metade do número de foliões de 2012. Liderados pela experiente porta-estandarte Terezinha Lopes, de 71 anos, que há quatro décadas percorre as ladeiras de Diamantina levando a bandeira do bloco Xai Xai, o bando de fantasiados anuncia o início da festa no terceiro dia de carnaval. “Convocamos aqueles que ainda estão nas casas se arrumando a apressar o passo e vir para a rua”, avisou Terezinha, que mostrou preparo físico invejável ao guiar o bloco pelas subidas e descidas da cidade.

E a folia considerada imperdível de sua cidade natal não é a única que tem espaço garantido na agenda da aposentada. Poucos dias depois da festa em Minas, ela parte para a fase final do carnaval: “Este é meu aquecimento fundamental para depois seguir para o Rio de Janeiro no desfile das escolas campeãs da Sapucaí”, disse Terezinha.

 ( Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

Seguindo os passos da porta-estandarte, um exemplo de que uma nova geração de foliões também se empolga com os desfiles tradicionais da cidade. Na véspera de completar um ano, Marina Jardin faz grande sucesso entre todos que acompanham o bloco. No colo de seus pais, Fabiana Jardin e César Grossi, a mascote do grupo não parece se importar com todo o barulho da bateria que vem logo atrás. “Ela comemora um ano em plena terça-feira de carnaval, então não tem lugar melhor para comemorar”, disse a mãe. E a ligação da família com a festa de Diamantina tem raízes profundas. O casal se conheceu nos becos da cidade, em uma festa da Bartucada.

Dois quarteirões acima, um outro grupo comanda uma festa diferente, mas que também chama bastante atenção de quem anda pela cidade. É o bloco infantil do Rato Seco, que, com cerca de 100 crianças e adolescentes, se apresenta mostrando domínio nos tambores e pandeiros, além de coreografia bem sincronizadas, muito parecida com o grupo baiano Olodum. “São todas crianças da cidade, que ensaiam bastante e curtem participar do desfile, misturando sons e experimentando danças novas”, explicou a presidente do grupo, Rosângela Borborema.

MOVIMENTO 

Segundo comerciantes e moradores já bastante acostumados com as ruas de Diamantina completamente tomadas durante toda a semana de carnaval, este ano o número de foliões ficou abaixo do normal, com cerca de 20 mil pessoas – nos últimos anos foi registrada a presença de cerca de 40 mil visitantes –, segundo estimativa da prefeitura. A explicação para essa redução está nos problemas políticos enfrentados pela nova administração, que reclama das dívidas deixadas pela antiga gestão.

Mas se para o comércio e hotéis o número menor de visitantes é muito lamentado, para muitos foliões que marcaram presença na festa as ruas estão com um número perfeito para quem quer se divertir sem ter que sofrer no meio do tumulto para ir de um lugar a outro. “Este ano temos ruas bem movimentadas, mas sem aquela loucura de ter que ficar empurrando todo mundo para andar na cidade. A festa está garantida e com um clima muito bom neste ano”, avalia o estudante universitário Fernando Monteiro, que foi de São Paulo pela terceira vez passar o carnaval em Diamantina.

 ( Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Eu, folião: Marcus Uberlândia, 42 anos

Na hora de escolher a fantasia para desfilar pelos becos de Diamantina na tarde de ontem, Marcus não imaginava o ibope que teria com sua imitação. Isso porque o folião mineiro usou uma bata, uma mitra e um cajado, se vestindo de Papa no mesmo dia em que o oficial abdicou da principal cadeira no Vaticano.

“Saí cedo para rezar uma missa, abençoar essa turma que veio para Diamantina e vejo esse tanto de gente me perguntando por que é que eu desisti. Agora estou entendendo tudo”, afirmou o falso papa, que não sabia nada sobre a renúncia de Bento XVI antes de ser ouvido pelo EM.

Paquitos nas ruas históricas
Um grupo de fãs de carteirinha da apresentadora Xuxa resolveu levar para as ruas de Diamantina toda a admiração pela Rainha dos Baixinhos. Como nem todos conseguiram perucas loiras para desfilar, o jeito foi improvisar com adereços de carnaval. Claro que não faltou um clone irreverente da artista liderando o grupo Xuxete e os Paquitos, que foi atrás de todos os blocos.

 (Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

Nenhum comentário:

Postar um comentário