O jovem Douglas
Um sonho que acabou
Ele cresceu rindo, alegre, brincando. Estudou muito, incentivado pela mãe Coleta, que trabalhava na Escola de Vai Lavando. Morava em Datas, na comunidade rural, perto de Palmital, em Berilo, no nordeste de Minas.
Queria fazer faculdade. Formou-se no Ensino Médio, aos 17 anos.
Na Escola Jason de Morais, seus colegas tentavam entender o que tinha acontecido com Douglas Magalhães.
Ele, jovem de 19 anos, pobre, ralava, trabalhava em tudo que pintava.
Tudo era diversão, mesmo o peso da massa para construir o muro do Estádio Municipal. Ajudava o irmão na obra.
Queria estudar. De família pobre, não tinha como se sustentar só estudando.
Fez ENEM, ia estudar pelo PROUNI. Mesmo com a bolsa de estudos não dava pra ficar em São Paulo. Precisa fazer um pé de meia. A mãe quis ajudar, ele disse que não precisava. Iria ganhar uns trocos, no corte de cana.
Depois, continuaria os estudos, faria faculdade.
Em fevereiro, foi pra Medeiros Neto, no sul da Bahia, com um irmão, um primo e alguns amigos.
Veio em maio, ficou uns dias com a família. Pensava em não viajar mais.
Deixar a vida dura dos peões da cana.
Voltou pro trecho, pro eito. A motocana, guincho, metia o garfo, pegava a cana cortada. Ele e um grupo de jovens trabalhadores vinham atrás, juntando o que a máquina deixava escapar.
Ao subir no degrau do guincho, a máquina passou em um buraco, trepidou.
Douglas caiu. Olha o Douglas no chão, desacordado, gritaram seus companheiros.
Eram 12 horas, de segunda-feira, dia 15 de junho, na Usina de Medeiros Neto.
Vieram os primeiros socorros. Ninguém viu direito o que aconteceu.
Correram com o jovem para a cidade, a 12 km.
O médico clínico geral examinou e fez o alerta. Só em Teixeira de Freitas, a 60 km, teria condições de salvá-lo. Lá, no Hospital, foi direto pra UTI. Com a tomografia foi constatado o traumatismo craniano, com sangue coagulado. Levou uma pancada forte na cabeça. Deve ter batido a cabeça em alguma barra de ferro da máquina.
O médico neurocirurgião fez a operação, já na madrugada de 16 de junho. De manhã, às 8 horas, Douglas veio a falecer.
O sonho acabou. Triste destino de um jovem sonhador, trabalhador.
Seus familiares e amigos choraram sua perda na igrejinha do povoado do Palmital, nesta quarta-feira, dia 17 de junho.
Vá ao encontro de Deus, Douglas!
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