quarta-feira, 17 de junho de 2009


Minas Novas faz 282 anos
Cidade vive do passado, com desafios do presente
Minas Novas nasceu com o nome grande de Arraial das Lavras Novas dos Campos de São Pedro do Fanado. Foi fundado pelo bandeirante paulista Sebastião Leme do Prado, em 19 de junho de 1727. Portanto, ja está fazendo 282 anos. Leme do Prado veio à cata de ouro, encontrado em abundância no arraial. Deixando a região do rio Manso próximo a Diamantina, devido a uma epidemia e procurando o rio Araçuaí e o rio Itamarandiba. Junto com outros paulistas, vieram a encontrar o rio Fanado por erro de rota e mais tarde o ribeirão Bom Sucesso.
A notícia do ouro correu sertão afora e em pouco tempo havia se formado na região um aglomerado humano. O povoado foi elevado à condição de vila no dia 2 de outubro de 1730, recebendo o nome Vila de Nossa Senhora do Bom Sucesso das Minas Novas da Contagem, obelisco próximo ao Funchal, marca o local.
Criada como arraial da Vila do Príncipe, hoje município do Serro, Minas Novas passou a pertencer ao território baiano até 28 de setembro de 1760. Passou novamente a integrar a capitania de Minas Gerais, sob a jurisdição do Ouvidor da Comarca do Serro Frio, mas permanecendo eclesiasticamente ligada à Diocese de Jacobina, da Bahia. Pela provincial de 9 de março de 1760, foi elevada a categoria de município com o nome de Minas Novas.
Embora estudiosos de História pouco reconheçam, fez parte do movimento da Inconfidência Mineira com a participação efetiva do Padre Rolim, e de Domingos de Abreu Vieira, que vivia às margens do rio Araçuaí, no Arraial do Água Suja, hoje município de Berilo.
Matriz de municípios
Foi o maior município do Estado de Minas Gerais. Da antiga Minas Novas foram criados 65 municípios mineiros de hoje, entre outros: Teófilo Otoni, Nanuque, Araçuaí, Salto da Divisa, Almenara, Itaobim, Capelinha, Itamarandiba, Grão Mogol, Berilo, Chapada do Norte. Enfim, todos os municipios do Médio e Baixo Jequitinhonha, além de alguns do Vale do Mucuri.
Minas Novas faz parte da região do Vale do Jequitinhonha, no nordeste de Minas Gerais. Sua população é estimada, em 2008, em 31.557 habitantes. A cidade tem cerca de 15 mil habitantes.
É banhada pelos rios Fandao, Araçuaí, Capivari, Setúbal, Bonsucesso, Ribierão dos Santos, Ribeirão dos Índios.
É servido pela BR-367, ficando a 520 quilômetros de BH, 280 de Diamantina, 106 de Araçuaí. O município vive da agricultura familiar e pequena pecuária. É sede de Comarca. Possui cursos superiores à distância de várias redes privadas de ensino.
Minas Novas Hoje
A cidade estagnou no tempo. Viu cidades como Teófilo Otoni, Araçuaí, Capelinha e outras arrancarem, se desenvolverem. Recentemente, uma das suas costelas, Turmalina, deu um salto, urbanizando-se, gereando muitos serviços e emprego, com a chegada do asfalto, em 89. Minas Novas tem um IDH – Índice de Desenvolvimento Humano baixíssimo de 0,633, abaixo de vários dos seus municipios vivinhos. Muitos moradores apontam a estaganação econômica como consequência do secular mandonismo da família Badaró, que governou a cidade, com mão de ferro, por mais de 150 anos.
Somente em 1988, com a eleição do médico Geraldo Coelho é que os representantes da família Badaró foram apeados do poder local.
Dos Badaró, surgiram políticos famosos como o Senador Francisco Badaró, o deputado Federal Francisco Badaró Júnior e o deputado e Senador Murilo Badaró. Em 2002, a oposição conseguiu eleger o deputado federal Carlos Mota, pelo PSB.
Festas minasnovenses
A cidade vive dias de glória e alegria em dois grandes eventos: o Carnaval e a Festa do Rosário. Todas duas tem grande movimento dos filhos da terra ou de visitantes. Tem um dos carnavais mais movimentados e criativos de Minas Gerais. Desde 1988, acabaram-se os carnavais de salão, para ocupar as ruas e praças da cidade, com trios elétricos, blocos e manifestações momescas individuais. A Festa do Rosário celebra a fé e a vida dos negros que ajudaram a construir e mover a cidade. Realiza-se neste mês de junho. Leia mais neste blog .
Com uma população sem perspectivas de trabalho ou estudo, os habitantes de Minas Novas procuram migrar para outras regiões do país à busca de empregos. É um dos focos de migrantes para o interior de São Paulo, no corte de cana e colheita do café, no sul de Minas.
Tem uma produção cultural efervescente, na área de artesanato, música, pintura, dança e teatro. Revelou artistas como o compositor Arlindo Maciel, autor de Pintura, gravada por Paulinho Pedrazul; Verono, falecido recentemente, vencedor de Festivales; e Pedro Morais, cantor e compositor, tido por Milton Nascimento como a nova revelação da música mineira.
Sua principal atração turística é o Sobradão, prédio de 4 andares, feito de pau-a-pique, ainda no século XVIII, e a Igreja de São José, de forma octogonal. Muitas edificações do período colonial já foram destruídas.
Minas Novas luta no presente, tendo o orgulho de ter sido mãe da maioria dos municípios do Vale do Jequitinhonha e Mucuri. Por mais de 200 anos, viveu a sua pujança econômica, política, social e cultural, mas também luta para não continuar se transformando no estigma da "terra do já teve".

Nenhum comentário:

Postar um comentário