sábado, 12 de novembro de 2016

Em seis meses, o Brasil ficou menor, injusto, menos democrático e irrelevante


REUTERS/Ueslei Marcelino
Bastaram seis meses para o governo golpista dizer a que veio: a de desmontar o que de melhora se neste século, no Brasil. O Estado brasileiro está sendo reduzido às suas proporções mínimas, deixando de garantir o patrimônio público, os direitos sociais, a soberania internacional.
Tudo o que o governo toca, ele reduz, ele transforma em irrisório, em medíocre, em intranscendente. De país respeitado pelo combate à fome e às desigualdades, rapidamente retornamos a país da exclusão social, que não deixa passar dia sem que se tirem dezenas de milhares de bolsas famílias de pessoas pobres, sem que percam o emprego milhares de trabalhadores, sem que a imagem externa do Brasil se deteriore cada vez mais, sem que um politico alçado por um golpe à presidência, degrade ainda mais sua imagem pública.
Em pouco tempo em termos de calendário, o pais voltou a se tornar cada vez mais desigual, mais injusto, mais excludente. O governo instaurou a norma da imoralidade, no seu comportamento e na composição da gangue que o compõe.
Em poucos meses o striptease do Judiciário e do Legislativo nos fizeram ver que não apenas a democracia foi gravemente ferida, mas também as instituições republicanas. A Câmara, o Senado, o STF, tornaram—se farsas de poder legislativo e judiciário.
A equipe econômica se encarrega de tratar de reduzir o pais à dimensões de um mercado controlado pelo capital financeiro – a que pertencem seus membros. Tudo o que se decide vai na direção de tirar direitos das pessoas e favorecer o capital especulativo. Volta-se a um acelerado processo de concentração de renda e de exclusão social.
Instaurou-se um governo de vingança contra os que haviam tido reconhecidos seus direitos. Dos que têm pouco, se tira tudo o que se possa. Aos que têm tudo, se lhes concede as melhores condições para que enriqueçam mais.
São seis meses em o Brasil não é levado em conta, interessa apenas o mercado. Em que o pais, a nação brasileira, a sociedade brasileira, são reduzidos às dimensões do duro ajuste fiscal.
Os direitos dos cidadãos são atingidos diariamente, como trabalhadores, como estudantes, como professores, como mulheres, como jovens, como negros. O Estado renuncia, todos os dias, às suas responsabilidade de cuidar do patrimônio nacional. Dia sim, dia não, aquele que usurpa o cargo de presidente da Petrobras, rifa o patrimônio brasileiro, entregando-o nas mãos das grandes corporações internacionais, ao mesmo tempo que anula os 10% para educação e saúde que o Brasil tinha democraticamente conquistado.
É uma horda de aventureiros que, galgados ao governo por meio de manobras ilegais, sob os olhares cúmplices e silenciosos do Judiciário, com a opinião publica forjada pelos monopólios privados dos meios de comunicação, assaltam o pais, para desnacionalizar a economia, desarticular o Estado, desfazer os direitos sociais da grande maioria, enlamear a imagem do Brasil no mundo.
Foram alguns dos piores meses da história do Brasil, pelo tamanho da agressão à democracia, pelos retrocessos sociais, pelo espetáculo imoral e sem pudor que ministros e parlamentares governistas dão diariamente. Tudo o que de melhor o Brasil havia conquistado neste século, está sendo colocado em questão, condenando o pais ao retorno ao Mapa da fome e ao FMI, à triste condição de pais mais desigual do continente mais desigual. O que havia de confiança no Judiciário foi dilapidado, pelas perseguições políticas e pelo perdão aos golpistas e corruptos que se assenhorearam do Estado e o assaltam como botim.
Quando o povo brasileiro conseguir recuperar seu legítimo direito democrático de decidir seus destinos, não será complacente com os responsáveis pela destruição da democracia, do patrimônio publico, dos direitos sociais e da soberania nacional. Sejam eles políticos, juízes, donos dos meios de comunicação – serão todos investigados e condenados pelos danos gravíssimos que impõe hoje, por meio de um golpe, ao pais. Uma nova Comissão da Verdade se encarregará de fazer justiça à democracia, aos direitos dos trabalhadores, às políticas sociais, à dignidade externa do Brasil.
O povo, conduzido por seus lideres democráticos, voltará a demonstrar que o Brasil é muito maior do que aquilo a querem reduzir. Que o potencial do pais não requer essa dilapidação do patrimônio publico mas, ao contrario, seu fortalecimento. Que distribuir renda permanentemente não é somente justo, como alavanca para a retomada do desenvolvimento. Que o Brasil não pertence aos que o degradam, mas ao seu povo, que derrotou a ditadura militar e derrotará esta nova ditadura.

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