A Direita desmoraliza a política para avançar com suas idéias de privatização e apropriação do que é público.
A campanha de desmoralização da política é um objetivo permanente da direita. Seu objetivo é ter governos fracos, políticos desmoralizados, para fortalecer as empresas privadas, o poder de pressão da mídias, dos organismos financeiros internacionais.
Qualquer governo com apoio popular pode se valer desse apoio para tomar medidas de caráter popular, de afirmação da soberania nacional, de consolidação da democracia e de legitimação do Estado. Nada disso interessa à direita. Governantes com força só lhes interessa os que promovem o Estado mínimo, fortalecem a centralidade do mercado e desmoralizam os políticos e as instituições políticas, a começar pelas parlamentares.
No ciclo político atual no Brasil, a direita ficou muito contrariada com o resgate da legitimidade do Estado e dos governos, mediante as políticas sociais dos governos do PT, que resgataram o prestígio do Estado. A massa da população que havia se somado ao desprezo ao Estado e aos governos se deram conta que é através deles que é possível verem seus direitos garantidos.
Ao mesmo tempo, Lula se afirmou como líder com o maior apoio popular da história do Brasil. Apoiado nisso, fez governos que independeram da mídia, teve força própria, implementou políticas que incorporaram amplas camadas da população, na contramão dos interesses do grande capital.
Por isso, Lula foi o alvo preferencial da luta contra a política. Era preciso desmoralizá-lo, demonstrar que ele agiria como todos os outros políticos, que teria se valido do governo para tirar vantagens, que os recursos para as políticas sociais teriam vindo de métodos escusos, etc., etc. Lula passou a representar a esperança de que alguma solução favorável ao povo viesse da política. Era preciso atacá-lo para poder seguir desmoralizando a política.
No ciclo político atual, a luta contra a forma atual de fazer política, que se estenderia a toda forma de fazer política, ganhou fôlego nas manifestações de junho de 2013, que tinha como um dos seus motes: Contra tudo isso que está aí. Que, automaticamente, incluía em cheio o PT e o governo federal.
O golpe de 2016 só foi possível pela utilização dos políticos mais corruptos e desmoralizados da história do Brasil. A própria imagem de Eduardo Cunha representa isso e foi o pivô fundamental do golpe. Mas parte da desqualificação da política se vale dos personagens mais repugnantes, para depois jogá-los no lixo.
Atacar o caráter público da política é o objetivo da direita. Transformar a política num negócio menor, numa transação entre interesses à custa do bem comum. Fazer da política um análogo do mercado.
Promover políticos repugnantes é parte dessa operação. Michel Temer, Eduardo Cunha, Serra, Moreira Franco são exemplos dessa operação. Fingir que se acredita neles, para depois execrá-los e substituí-los por outros.
A outra cara da desqualificação da política é promover candidatos que não se assumem como políticos, valendo-se do desprestígio dessa categoria. Se assumem como administradores, gestores, até empresários de suposto sucesso na vida privada, que fariam o mesmo no governo, como se a lógica de ganhar dinheiro fosse similar à de atender os interesses públicos.
Resta à esquerda não entrar nesse jogo de desqualificação da política, mas sem defender o que tem sido a prática política. Se propor a uma outra forma de fazer política. Que inclua, por exemplo, um máximo de dois mandatos para os parlamentares. A prestação de contas periódicas de todos os eleitos. O mandado revogatório. A fixação de um limite de remunerações e a contribuição compulsória para os partidos. Entre outras formas novas e democráticas de fazer política.
Repolitizar a política é recuperar seu caráter público, de defesa do interesse geral, do bem público.
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