Caso JK: fatos que levantam suspeitas
Publicado no Jornal Diário de Pernambuco em 8/06/2012
“Precisaram matar, espezinhar,
liquidar Juscelino, porque não
conseguiram liquidar sua
força, sua dignidade, sua coragem,
seu carisma de grande líder”, disse
dona Sarah Kubitschek (1909
–1996) em entrevista concedida
ao Jornal do Brasil, em agosto de
1986, 10 anos depois da morte
do marido. Dona Sarah morreu
com essa certeza, mas sem
conseguir provar. Quem persiste
com o objetivo é o presidente
da Casa Juscelino Kubitschek, em Diamantina, Serafim Melo Jardim, que teve
depoimento tomado pela Comissão de Direitos Humanos da Seção Mineira da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), na semana passada.
liquidar Juscelino, porque não
conseguiram liquidar sua
força, sua dignidade, sua coragem,
seu carisma de grande líder”, disse
dona Sarah Kubitschek (1909
–1996) em entrevista concedida
ao Jornal do Brasil, em agosto de
1986, 10 anos depois da morte
do marido. Dona Sarah morreu
com essa certeza, mas sem
conseguir provar. Quem persiste
com o objetivo é o presidente
da Casa Juscelino Kubitschek, em Diamantina, Serafim Melo Jardim, que teve
depoimento tomado pela Comissão de Direitos Humanos da Seção Mineira da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), na semana passada.
Para entender os motivos das dúvidas é essencial compreender o contexto
histórico. À época do acidente a ditadura ensaiava dois caminhos, uma abertura
– lenta, gradual e segura –, como aconteceu com a declaração da anistia, em
1979, ou uma possibilidade de endurecimento. Estava em pleno vigor a Operação
Condor, um ação conjunta dos governos militares do chamado Cone Sul para
minar a oposição aos regimes militares.
histórico. À época do acidente a ditadura ensaiava dois caminhos, uma abertura
– lenta, gradual e segura –, como aconteceu com a declaração da anistia, em
1979, ou uma possibilidade de endurecimento. Estava em pleno vigor a Operação
Condor, um ação conjunta dos governos militares do chamado Cone Sul para
minar a oposição aos regimes militares.
Um dos documentos que despertam suspeitas é uma carta do coronel
chileno Manuel Contreras enviada ao general de divisão João Baptista Figueiredo,
então chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), em 1975. A carta
discorria sobre a possibilidade de vitória do democrata Jimmy Carter nos Estados
Unidos, o que influenciaria a “estabilidade no Cone Sul”. O general chileno citava
que JK e o ex-ministro do Exterior do governo do chileno Salvador Allende, Orlando
Letelier, poderiam receber apoio. No ano seguinte, os dois morreram. A morte
de Letelier foi atribuída à Dina, o serviço secreto liderado por Contreras, que
explodiu o carro do ex-ministro em Washington, capital dos EUA. JK morreu um
mês antes, quando buscava restabelecer a democracia no Brasil.
chileno Manuel Contreras enviada ao general de divisão João Baptista Figueiredo,
então chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), em 1975. A carta
discorria sobre a possibilidade de vitória do democrata Jimmy Carter nos Estados
Unidos, o que influenciaria a “estabilidade no Cone Sul”. O general chileno citava
que JK e o ex-ministro do Exterior do governo do chileno Salvador Allende, Orlando
Letelier, poderiam receber apoio. No ano seguinte, os dois morreram. A morte
de Letelier foi atribuída à Dina, o serviço secreto liderado por Contreras, que
explodiu o carro do ex-ministro em Washington, capital dos EUA. JK morreu um
mês antes, quando buscava restabelecer a democracia no Brasil.
Quatro meses depois, em dezembro, morreu o também ex-presidente João
Goulart, de ataque cardíaco. Mais cinco meses se passaram e o
ex-governador da Guanabara Carlos Lacerda também morreu, de infarto e
desidratação aguda por febre. Os três formavam a Frente Ampla, grupo de
oposição ao regime militar. Criada em 1967, a frente durou oficialmente
até o ano seguinte, quando Lacerda foi cassado. JK foi cassado antes, em
1964, quando exercia o cargo de senador por Goiás . Goulart foi o último
presidente antes de os militares tomarem o poder e também cassado em abril
de 1964. Há quatro anos, a família de Goulart entrou com ação na Procuradoria
Geral da República pedindo a investigação sobre um possível complô para
matar o ex-presidente por envenenamento.
Goulart, de ataque cardíaco. Mais cinco meses se passaram e o
ex-governador da Guanabara Carlos Lacerda também morreu, de infarto e
desidratação aguda por febre. Os três formavam a Frente Ampla, grupo de
oposição ao regime militar. Criada em 1967, a frente durou oficialmente
até o ano seguinte, quando Lacerda foi cassado. JK foi cassado antes, em
1964, quando exercia o cargo de senador por Goiás . Goulart foi o último
presidente antes de os militares tomarem o poder e também cassado em abril
de 1964. Há quatro anos, a família de Goulart entrou com ação na Procuradoria
Geral da República pedindo a investigação sobre um possível complô para
matar o ex-presidente por envenenamento.
Em 2001, a Câmara dos Deputados criou uma comissão externa para tentar
esclarecer a morte de JK. A conclusão foi: “Não há qualquer laudo, qualquer
estudo técnico que possa comprovar a tese de assassinato. O argumento é,
na verdade, emocional”. Entretanto, o relatório destaca também: “Juscelino
incomodava e ameaçava o poder dos ditadores. É verdade, sim, que o povo
ansiava pela volta de Juscelino ao cenário político. Do mesmo modo, os fatos
indicam que havia um complô para que Juscelino retornasse ao poder.
Aquele acidente antecipou o desejo de muitos”.
esclarecer a morte de JK. A conclusão foi: “Não há qualquer laudo, qualquer
estudo técnico que possa comprovar a tese de assassinato. O argumento é,
na verdade, emocional”. Entretanto, o relatório destaca também: “Juscelino
incomodava e ameaçava o poder dos ditadores. É verdade, sim, que o povo
ansiava pela volta de Juscelino ao cenário político. Do mesmo modo, os fatos
indicam que havia um complô para que Juscelino retornasse ao poder.
Aquele acidente antecipou o desejo de muitos”.
via Passadiço Virtual, de Diamantina
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