sábado, 9 de junho de 2012

JK morreu em acidente ou assassinado?


Caso JK: fatos que levantam suspeitas

Publicado no Jornal Diário de Pernambuco  em 8/06/2012
O então presidente Juscelino Kubitscheke o vice-presidente Joao Belchior Marques Goulart caminhando por entre a multidao que aguardava o inicio da solenidade inaugural de Brasília“Precisaram matar, espezinhar,
liquidar Juscelino, porque não 
conseguiram liquidar sua 
força, sua dignidade, sua coragem,
seu carisma de grande líder”, disse
dona Sarah Kubitschek (1909
–1996) em entrevista concedida 
ao Jornal do Brasil, em agosto de 
1986, 10 anos depois da morte 
do marido. Dona Sarah morreu 
com essa certeza, mas sem 
conseguir provar. Quem persiste 
com o objetivo é o presidente 
da Casa Juscelino Kubitschek, em Diamantina, Serafim Melo Jardim, que teve 
depoimento tomado pela Comissão de Direitos Humanos da Seção Mineira da 
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), na semana passada.
Para entender os motivos das dúvidas é essencial compreender o contexto 
histórico. À época do acidente a ditadura ensaiava dois caminhos, uma abertura
 – lenta, gradual e segura –, como aconteceu com a declaração da anistia, em 
1979, ou uma possibilidade de endurecimento. Estava em pleno vigor a Operação 
Condor, um ação conjunta dos governos militares do chamado Cone Sul para
minar a oposição aos regimes militares.
Um dos documentos que despertam suspeitas é uma carta do coronel 
chileno Manuel Contreras enviada ao general de divisão João Baptista Figueiredo, 
então chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), em 1975. A carta 
discorria sobre a possibilidade de vitória do democrata Jimmy Carter nos Estados
 Unidos, o que influenciaria a “estabilidade no Cone Sul”. O general chileno citava 
que JK e o ex-ministro do Exterior do governo do chileno Salvador Allende, Orlando 
Letelier, poderiam receber apoio. No ano seguinte, os dois morreram. A morte 
de Letelier foi atribuída à Dina, o serviço secreto liderado por Contreras, que 
explodiu o carro do ex-ministro em Washington, capital dos EUA. JK morreu um 
mês antes, quando buscava restabelecer a democracia no Brasil.
Quatro meses depois, em dezembro, morreu o também ex-presidente João 
Goulart, de ataque cardíaco. Mais cinco meses se passaram e o 
ex-governador da Guanabara Carlos Lacerda também morreu, de infarto e 
desidratação aguda por febre. Os três formavam a Frente Ampla, grupo de 
oposição ao regime militar. Criada em 1967, a frente durou oficialmente 
até o ano seguinte, quando Lacerda foi cassado. JK foi cassado antes, em 
1964, quando exercia o cargo de senador por Goiás . Goulart foi o último 
presidente antes de os militares tomarem o poder e também cassado em abril 
de 1964. Há quatro anos, a família de Goulart entrou com ação na Procuradoria 
Geral da República pedindo a investigação sobre um possível complô para 
matar o ex-presidente por envenenamento.
Em 2001, a Câmara dos Deputados criou uma comissão externa para tentar 
esclarecer a morte de JK. A conclusão foi: “Não há qualquer laudo, qualquer 
estudo técnico que possa comprovar a tese de assassinato. O argumento é, 
na verdade, emocional”. Entretanto, o relatório destaca também: “Juscelino 
incomodava e ameaçava o poder dos ditadores. É verdade, sim, que o povo 
ansiava pela volta de Juscelino ao cenário político. Do mesmo modo, os fatos 
indicam que havia um complô para que Juscelino retornasse ao poder. 
Aquele acidente antecipou o desejo de muitos”.
via Passadiço Virtual, de Diamantina

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