O evento serviu como espaço de debate para as questões das mulheres da região.
As organizadoras confirmaram a realização da III Fórum
em 2013, em Capelinha
Paulo Henrique dos Santos
Discutir
as demandas da mulher do Vale do Jequitinhonha em meio a muita música e celebração
da cultura regional. Esse foi o ritmo que conduziu a realização do II Fórum da
Mulher do Vale, nos dias 23 e 24 de maio em
Itaobim. O evento, que faz parte
do calendário oficial de comemoração do cinquentenário do município de Itaobim,
contou com a presença de lideranças políticas regionais e nacionais, líderes e
integrantes de movimentos sociais, comunidades indígenas e quilombolas e grupos
de cultura regional.
A
promoção do evento foi uma parceria entre a Pró-Reitoria de Extensão da
Universidade Federal de Minas Gerais (PROEX-UFMG), Fundação de Artes de Ouro
Preto (FAOP) e Prefeitura Municipal de Itaobim.
Com
foco na criação de Conselhos Municipais de Mulheres, o fórum teve palestras
sobre acesso às políticas públicas de promoção de igualdade para as minorias
(mulheres do campo, indígenas, negras e de comunidades quilombolas),
participação política feminina e valorização das comunidades tradicionais.
A
abertura contou com a apresentação do cantor Wellington Gil, interpretando os
hinos Nacional e Municipal e a música “Mulher Brasileira”. Em seguida,
discursaram João Pereira, Prefeito de Itaobim e Marizinha Nogueira,
Pró-Reitoria adjunta de Extensão da UFMG. Ambos destacaram a importância do
fórum como espaço de discussão e proposição de idéias para a melhora de
condições da população feminina do Vale.
Marizinha
aproveitou a ocasião para anunciar um convênio com a prefeitura para a
construção de um centro de referência da cultura do Vale do Jequitinhonha na
cidade. O projeto arquitetônico será elaborado por Flávio Carsalade, diretor da
Escola de Arquitetura da UFMG e o centro tem o objetivo de ser um entreposto de
artesanato e de produtos cultivados na região.
A
programação continuou com a palestra de Maria do Carmo Ferreira da Silva, Coordenadora
do Fórum Intergovernamental de Igualdade Racial e Assessora para Assuntos
Federativos da Secretara de Política de Promoção da Igualdade Racial da
Presidência da República (SEPPIR). Cacá, como é conhecida, apresentou dados do
Censo da Educação de 2010 que comprovam a maior participação feminina em
atividades ligadas às áreas de saúde, educação e ciências sociais e apontou a
necessidade de conquista de espaços ainda dominados pelo homem, como o campo
político e das ciências exatas, onde encontram-se profissões com predominância
masculina - caso da engenharia, por exemplo. Ainda no âmbito do trabalho da
secretaria, Cacá apresentou programas voltados para a inclusão das minorias e
combate à prostituição e ao tráfico de mulheres.
O
segundo debate do dia foi conduzido por Marlise Mattos, professora do
Departamento de Ciência Política da UFMG. Ex- integrante do Conselho Estadual
da Mulher de Minas Gerais. Marlise falou sobre a baixa representatividade
feminina no sistema político regional e nacional, apesar da presidência do Brasil
ser ocupada por uma mulher. Segundo ela, o sistema político brasileiro atual
não favorece a disputa de espaço em igualdade de condições com os homens.
“A
ocupação da mulher na política hoje exige que o homem saia”, afirmou. Ela
defendeu a criação dos conselhos municipais da mulher como forma de pressão
sobre o poder público e sendo capaz de estabelecer uma agenda que olhe para as
necessidades reais das mulheres do Vale do Jequitinhonha.
O
encerramento das atividades contou com a apresentação da Carta da Mulher e do
Álbum de Fotos da Mulher do Vale, que são documentos elaborados a partir das
discussões do fórum anterior, realizado na cidade de Jequitinhonha em 2011.
O
segundo dia do evento foi dedicado às discussões sobre identidade e diversidade
da mulher nas comunidades tradicionais, como as indígenas e quilombolas. O ex-
coordenador para Comunidades Tradicionais do Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate a Fome e atual professor do Departamento de Sociologia e
Antropologia da UFMG, Aderval Costa Filho, ressaltou que a luta por
visibilidade é uma forma de garantir direitos para essa população específica.
Sanete
Esteves de Souza, representante da Secretaria Nacional que trata da questão
quilombola, e Cleonice Maria da Silva, indígena da Aldeia Cinta Vermelha, da
cidade de Araçuaí, deram exemplos, através de seus relatos de experiência, de
como uma comunidade tradicional pode se organizar na busca de reconhecimento de
suas demandas perante o poder público.
Os
povos tradicionais são compreendidos como grupos comunitários culturalmente
diferenciados e que se reconhecem desta forma perante a maioria da população
brasileira.
Em
seguida, Maria Alice Braga, organizadora do evento, sugeriu que cada mulher se
apresentasse às demais, o que proporcionou um intenso debate e troca de
experiências. Na parte final do evento, os encaminhamentos foram realizados por
Marlise Mattos, que apresentou os resultados apurados durante as discussões e
estabeleceu junto às lideranças o compromisso com a efetivação dos Conselhos Municipais
da Mulher.
Maria
Alice e Marizinha Nogueira foram as responsáveis pelo encerramento oficial do
II Fórum da Mulher do Vale, anunciando a próxima edição do evento para maio de
2013 na cidade de Capelinha. Após o
anúncio, houve apresentação cultural do Grupo Feminino de Itaobim
(GRUFEMI), coroando dois dias de debates
que serviram para refletir sobre a situação da mulher e reafirmar o
protagonismo e a força da população feminina do Vale do Jequitinhonha.
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