segunda-feira, 25 de junho de 2012

Dilma diz que não sente ‘ódio’, mas também não perdoa quem a torturou



Presidente disse que ‘o problema é a tortura’, não o torturador. 
Para Dilma, Comissão da Verdade vai 'virar a página' da ditadura.

Nathalia PassarinhoDo G1, no Rio

Dilma em entrevista coletiva no útlimo dia da Rio+20 (Foto: Alexandre Durão/G1)Dilma em entrevista coletiva no útlimo dia da
Rio+20  (Foto: Alexandre Durão/G1)
A presidente Dilma Rousseff afirmou na sexta-feira (22.06), no Rio de Janeiro, onde participa da Rio+20, que não sente vontade de vingança nem “ódio” pelas pessoas que a torturaram durante a ditadura militar. Ela ressaltou, contudo, que também não perdoa os torturadores.
No início da semana, os jornais "Correio Braziliense" e "Estado de Minas" publicaram reportagens que mostram depoimento dado por Dilma em 2001 ao Conselho Estadual de Direitos Humanos de Minas Gerais (Condedh-MG). No depoimento, Dilma relata as torturas que sofreu quando foi presa pelo regime militar.
“Com o passar dos anos, uma das melhores coisas que me aconteceu foi não me deixar fixar nas pessoas e nem ter por elas qualquer sentimento, nem ódio nem vingança, mas também tampouco perdão. Não há sentimento que se justifique contra esse tipo de ato. Há a frieza da razão”, disse a presidente ao ser perguntada a respeito do depoimento que deu ao Condedh-MG.
Para a presidente, “vingar, se magoar ou odiar é ficar dependente de quem se quer odiar e vingar.” Dilma destacou que o torturador é apenas um agente e que a grande questão é a tortura em si.
“Algumas das figuras que me torturaram não tinham nomes verdadeiros. Há elucubrações. Agora, a questão não é o torturador. O torturador é um agente. Mesmo ele tendo a sua responsabilidade reconhecida depois do que aconteceu no julgamento dos crimes de guerra de Nuremberg, que aprovaram uma avaliação de que mesmo sendo mandado quem faz é responsável, eu não acho que seja o torturador o problema”, disse.
Para a presidente o importante é que o país tenha conhecimento de que ocorreu a tortura e em que condições ela foi “estabelecida e operada”. “Nós todos sabemos em que condições foi operada. Ninguém aqui desconhece o que aconteceu neste país. E todos nós temos o compromisso de jamais deixar isso acontecer de novo”, afirmou.
Segundo a presidente, a Comissão da Verdade, criada para apurar violações aos direitos humanos cometidas entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar, vai virar de modo definitivo "a página" dos períodos antidemocráticos vividos pelo país.
"Trata-se de virar a página desse país e para virar a página desse país, para isso, nós temos a Comissão da Verdade”, afirmou a presidente.

 

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