quarta-feira, 27 de junho de 2012

Dércio Marques, cantor das raízes do Vale e da América Latina, morreu

O violeiro, cantor e compositor mineiro Dércio Marques morreu na noite de terça-feira (26.06), em Salvador, por insuficiência renal, devido a complicações de um câncer no pâncreas. O cantor estava internado há três semanas no Hospital Ana Nery, onde se recuperava da operação de retirada do pâncreas, vesícula e baço.
Segundo Sônia Machado, secretária do músico, Dércio Marques começou a dar sinais da doença em dezembro do ano passado, mas só no início do ano foi diagnosticado com câncer. O corpo do compositor está sendo velado no cemitério Jardim da Saudade e será cremado na quinta-feira, 28.06. A família ainda vai decidir se suas cinzas serão jogadas em um rio ou no mar, duas paixões do músico.
Dércio Marques alternava sua residência entre sua cidade natal, Uberaba, no Triângulo Mineiro, e Salvador. Ele deixa uma companheira e quatro filhos.
Durante a carreira, o artista buscou retratar a música raiz brasileira.

Pesquisador das tradições da terra, Dércio Marques percorreu o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, para buscar cantigas que retratassem a cultura popular. Dessas andanças pelo vale, ele lançou o CD Fulejo.

Dercio Marques (Uberaba, Brasil, 1947 - Salvador, Brasil, 26 de junho de 2012) foi violeiro, cantor, intérprete e compositor e pesquisador de cultura popular. Pesquisador das raízes musicais brasileiras e iberoamericanas (seu pai é uruguaio) teve em sua irmã Doroty Marques uma das principais parceiras de atuação e produção.
Participa na produção musical de dezenas de discos de colegas músicos. Defensor da natureza e da cultura popular do Brasil, do bioma cerrado de sua infância em especial, que evoca em diversas de suas canções, acordes, toadas e parcerias.
Seu primeiro disco "Terra, vento, caminho." foi lançado pelo selo Discos Marcus Pereira, obra em que interpreta canções e poemas de Atahualpa Yupanqui, na ocasião praticamente inédito no Brasil, "As Curvas do rio", do hoje célebre violeiro da Bahia Elomar na época pouco conhecido e de sua própria autoria.
Em 1979, lançou pelo selo Copacabana o disco "Canto forte-Coro da primavera", com produção de Doroty Marques e a participação de Irene Portela, Toninho Carrasqueira, Zé Gomes, Marco Pereira, Paulinho Pedra Azul, Orquestra de violas de Osasco (54 violas), Oswaldinho do Acordeon, Heraldo, ex-integrante do Quarteto Novo e regência do Maestro Briamonte.
Lançou "Fulejo" que é um disco inspirado na tradição das congadas de Minas Gerais e veio trazendo ao público músicas brasileiras tais como "Riacho de Areia" (Vale do Jequitinhonha), "Serra da Boa Esperança" (Lamartine Babo), "Disco Voador" (Palmeira Guimarães), "Casinha Branca" e "Ranchinho Brasileiro" (Elpídio dos Santos), "Mineirinha" (Raul Torres) e "Flores do Vale" parceria com o poeta João Bá.
Ainda dentre seus parceiros ou companheiros de shows destacam-se João do Vale, Paulinho Pedra Azul, Luis Di França,Pereira da Viola, Fernando Guimarães, Dani Lasalvia, Xangai, Guru Martins, Hilton Accioly, Carlos Pita, Milton Edilberto,Luiz Perequê e Diana Pequeno.
Depois da bem sucedida gravação de um disco infantil "Anjos da Terra", em homenagem a sua filha Mariana e a todas as crianças, foi indicado em 1996 para o prêmio Sharp de melhor disco infantil com "Monjolear", gravado em Uberlândia em longo processo de oficinas de música com sua irmã Dorothy e a participação de 240 crianças.
Em seu disco "Folias do Brasil" de 2000, ano de comemoração dos +500 anos, registra aspectos desta secular tradição da folia de Reis e folia do Divino que teve origem em Portugal no século XIII (segundo o prof. Agostinho da Silva), foi banida pela Igreja Católica no tempo da Inquisição, migrou para ilhas dos Açores, chegando ao Brasil com esse povo açoreano e espalhando-de por todas as regiões do país, principalmente Santa Catarina, Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro.
Dércio Marques esteve sempre presente no Vale do Jequitinhonha, nos movimentos de cultura popular ou visitando amigos que eram muitos. Por várias vezes se apresentou nos Festivales.

Discografia

§                    Terra, vento, caminho (1977) Marcus Pereira LP
§                    Canto forte / Coro da primavera (1979) Copacabana LP
§                    Fulejo [1983] LP
§                    Segredos vegetais [1986] LP duplo
§                    Anjos da Terra [1990] LP
§                    Anjos da terra [1993] CD
§                    Espelho d'água [1993] CD
§                    Monjolear (1996) CD
§                    Cantigas de abraçar [1998] CD
§                    Cantos da Mata Atlântica [1999] CD
§                    Folias do Brasil [2000] CD
§                    Fulejo [2003] CD
§                    Segredos Vegetais [2003] CD
§                    Canto Forte [2003] CD
Com informações gerais em fontes diversas na mídia,principalmente Wikipedia,
 e informações de amigos e admiradores do cantor.

Riacho de Areia-Beira-Mar, por Dércio Marques - 05.04.2012


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