quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Pequenos mineradores questionam legislação ambiental

Legislação ambiental prejudica pequenos mineradores
Esta foi a conclusão de Audiência Pública de Capelinha
A reforma da legislação ambiental, em nível federal, foi a principal solução apontada por deputados e autoridades para os problemas dos trabalhadores da extração de areia, cascalho e pedra na região do Jequitinhonha.
O assunto foi debatido em reunião realizada nesta quarta-feira (25/11/09) pela Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais em Capelinha. O deputado Antônio Carlos Arantes (PSC) fez uma convocação à população da região para que pressionem os deputados federais a se engajarem na reforma do Código Florestal, no Congresso.
Um resultado concreto da reunião foi o agendamento de uma audiência com o chefe do 3º Distrito do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Sérgio Dâmaso de Souza, na terça-feira, dia 1º/12. Além dos deputados, foi recebida uma comissão de pequenos empreendedores locais. A finalidade é discutir a regularização da atividade de extração de areia, cascalho e pedra na região.
Cidade tem que importar areia e cascalho
De acordo com os trabalhadores da extração de areia e comerciantes de Capelinha, as multas tiveram início em agosto de 2009, prejudicando o comércio de material de construção no momento em que diversas obras importantes acontecem no município, tais como a reforma do aeroporto.

"A população de Capelinha está sendo obrigada a trazer material de construção de outras cidades, a preços altíssimos", afirmou o presidente da Câmara Municipal, Valdir Gomes dos Santos.
O comandante da Polícia Ambiental na região, major Antônio Pereira de Aguiar, disse que o órgão não pode deixar de cumprir a lei quando verifica a extração de areia não autorizada. Segundo ele, no entanto, desde agosto foram seis autuações por esse motivo.

"Em todos os casos, a multa foi aplicada no valor mínimo previsto em lei, de R$ 2,5 mil. Ninguém foi preso, apesar dessa extração irregular ser crime ambiental", afirmou.
Os vereadores que participaram da reunião ressaltaram, no entanto, que esses R$ 2,5 mil são um valor alto demais para algumas das pessoas multadas, tais como uma mulher e filhos que levariam 15 dias para encher um caminhão de areia, que seria vendido a cerca de R$ 50.
Organização

A superintendente regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Vale Jequitinhonha, Eliana Piedade Machado, recomendou que os extratores de areia, cascalho e pedra criem uma associação para facilitar e baratear a regularização de cada empreendedor. Ela lembrou que a lei federal não prevê exceções para realidades regionais e não faz diferença entre pequenos ou grandes empreendedores. "O valor da multa está na lei, não sai da cabeça de quem a aplica", afirmou. Ela concordou com os deputados de que a lei deveria refletir as diferenças locais.
Empresário do setor de material de construção, Luiz de Marilac Pinheiro disse que as principais reivindicações dos mineradores e comerciantes são a revisão ou anistia das multas aplicadas e o envio de uma comissão do DNPM ou de um grupo de geólogos para orientar os pequenos empreendedores.

"Não demitimos ninguém ainda porque temos fé que vocês vão analisar e resolver o problema", afirmou.
Os deputados apresentaram requerimentos para solicitar providências dos órgãos responsáveis, apesar de advertir sobre a dificuldade para anistia das multas. Os requerimentos deverão ser votados na próxima reunião da comissão.
O comandante da Polícia Ambiental disse que iniciará por Capelinha um programa de educação ambiental. Já a superintendente Eliana Machado disse que está pronta a atender qualquer solicitação de esclarecimentos sobre o licenciamento e regularização das empresas

Eucalipto
O prefeito de Veredinha, José Edmar Cordeiro, chamou atenção para outra reivindicação da região, para que sejam aplicados no Jequitinhonha pelo menos metade dos R$ 300 milhões de taxa de reposição florestal pagos pelos produtores de eucalipto locais. Já o prefeito de Minas Novas, José Henrique Gomes Xavier, lembrou o prazo para proibição da queima de cana, que só será permitida até 2014. "Só em nossa cidade, são 5 mil cortadores de cana que vão para São Paulo, a cada ano. O que eles vão fazer depois de 2014?", questionou.
Com informações da Assembléia Legislativa de Minas Gerais

Um comentário:

Unknown disse...

VALE DAS PEDRAS
Luiz Carlos Prates-Virgem da Lapa

Águas turvam meus olhos.
Sem dia, a luz é agonia.
Encanto nos seios das morenas, apenas.
Amamentam a esperança, tanta.

Areia que tudo esconde, onde?
O amor, a vida, a solidão. Prisão!
Descobre o suor, o sangue, o não.

Querendo a vida, fadiga.
Minas, pedras cristalinas.
Pedras minhas a me abandonar
Vão com os homens, nunca irão voltar.

Paternalismo todo dia, alegria.
Destroem meus ninhos.
Quando é noite, açoite.
Roubam até meus caminhos.

Jequitinhonha em prantos, tantos!
Mantos santos molhados.
Pedras, terras, caatinga, gado.
Uma cantoria, barriga vazia.

Fé, roça, sobreviver.
Pirraça, cachaça para viver.
Soluções, eleições, ingratidões iguais.
Caminhos, espinhos, piedade, nada mais.

Léguas, chapadas, queimadas.
Sol, mormaço, despedidas, um abraço.
O rio, a sina, a seca, uma moringa.

A capina, a foice, a riqueza.
Os sóis, nos corações, levam aos olhos
A chuva, imposições, tradições e contradições

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