segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Araçuaí: Famílias voltam para áreas de risco

Famílias em Araçuaí retornam para áreas de risco após chuvas
Minha Casa, Minha Vida pode ser solução para atingidos pelas enchentes
Doze famílias que foram retiradas da área de risco de enchente retornaram para suas antigas residências e estão ameaçadas de sofrer novamente com o aumento do volume de água do rio Araçuaí, com as chuvas de fim de ano.
“Todos os anos é assim”, conta Juscelino Costa Almeida, 55 anos. Ele vive com a mulher e mais 14 pessoas da família entre filhos e netos, numa casa insalubre de 5 cômodos às margens do rio Araçuaí, no final da rua Gentil de Castro, conhecida por rua de Baixo, uma das mais atingidas no período das cheias.
As chuvas que caem no Estado e na região das cabeceiras dos rios Araçuaí e Jequitinhonha refletem no volume das águas do Araçuaí. As famílias que moram nas áreas de risco vivem apreensivas
No início de novembro a água do rio subiu e invadiu várias casas da região da Baixada através do esgoto. Trata-se de uma das áreas mais vulneráveis.
São dezenas de casas à beira do rio. Durante todo o dia e inicio da madrugada, caminhões e funcionários da prefeitura ajudaram os moradores a retirar seus pertences e abandonar as casas. Elas foram alojadas no prédio da Secretaria Estadual de Defesa Social (SEDESE),.no Alto do Santuário, onde passaram a noite.
“Nessa época a gente espera o volume da água subir a qualquer momento”, lembra a gari municipal, Laudilene Barbosa Costa, de 25 anos, mãe de uma menina de 7 anos. Ela divide o aluguel de R$150 reais com uma amiga e sua filha de 3 anos. Laudilene conta que o drama de morar na área se dá por extrema necessidade, já que o aluguel na região é mais barato. “Quem mora aqui vive momentos de angustia nesta época. “ perdi meus porcos, galinhas, móveis, colchões e meu barquinho que eu tinha há 17 anos e que ajudava a atravessar vizinhos e estudantes para o outro lado do rio”, lamenta
Juscelino.
A dona de casa Maria Costa Leite, 34 anos, residente na rua das Sete Casas também viveu momentos de angústia. A água entrou pelo esgoto em sua casa que ameaça desabar.
Ela teve de sair às pressas do imóvel que divide com 3 filhos de 10, 15 e 17 anos e mais dois rmãos, um deles, casado e pai de uma menina de 5 anos.
O piso está afundando e todas as paredes estão trincadas. A pia do banheiro é usada também para lavar as vasilhas da cozinha. “É só chover que a água entra”, afirma Maria que perdeu quase tudo que tinha .

”Estou com medo da casa cair. Já entrou muita água aqui e não tenho mais nada, somente uma cama velha de casal e uma de solteiro quebrada”, lamenta.
Os uniformes das crianças ficaram perdidos na lama e para se proteger da umidade, o restante das roupas são guardadas em cima de varas colocadas entre uma e outra parede da casa que não possui água encanada porque o antigo proprietário fez “ gato “ e ela não tem condições de pagar as multas de quase R$ 900 reais cobradas pela Copasa.Após passar um dia desabrigada ela voltou para casa.
Aninais peçonhentos

Outro problema enfrentado pelos moradores é que com as chuvas e enchentes surgem animais peçonhetos como cobras e escorpiões que ameaçam a saúde de todos. Isso sem falar na quantidade de ratos que saem pelos esgotos.
O retorno das famílias às suas casas ocorreu mediante acordo entre elas e os responsáveis pela secretaria municipal de Desenvolvimento Social. A prefeitura cadastrou todas as famílias da área e está distribuindo cestas básicas e material de limpeza.
“São medidas paliativas. A prefeitura está disposta a solucionar o problema das famílias que moram em áreas de risco, com a retirada definitiva dos moradores ”, garante o prefeito municipal Aécio Jardim, que acompanhou durante toda a noite a retirada das famílias escolhidos pelos próprios interessados.
Próximo aos bairros do Arraial e Olaria, às margens do Córrego Calhauzinho, também residem famílias em áreas de risco. A prefeitura garante que está preparada para atender todos os moradores que possam se prejudicar com as chuvas, com a ajuda da Defesa Civil do município e do Estado.

Minha casa, Minha Vida pode socorrer famílias vítimas de enchentes
O programa, “Minha Casa, Minha Vida”, do governo federal, é a grande esperança para as famílias
que sofrem todos os anos tendo de abandonar suas residências em busca de abrigo durante as cheias.
O município de Araçuaí, aderiu ao programa no inicio de novembro. Não existe uma quantidade exata de residências a serem construídas. A distribuição será feita à medida que o município disponibilizar terrenos ou lotes escolhidos pelos próprios interessados.
A prefeitura cadastrou todas as famílias da área e está distribuindo cestas básicas e material de limpeza escolhidos pelos próprios interessados. O financiamento será de R$ 38 mil em prestações de no máximo R$ 50 reais em 120 meses. Para a liberação dos recursos da construção, necessitasse também de projetos de engenharia e construtoras que atestem a viabilidade da construção. A Caixa Federal está aguardando uma portaria do Ministério das Cidades para dar inicio ao projeto. A prefeitura vai cadastrar as famílias.

Fonte: Gazeta de Araçuaí, novembro-2009

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