quarta-feira, 7 de maio de 2014

Estrategistas de Aécio usam redes de militantes falsos para ludibriar eleitores e atacar governo


O senador mineiro Aécio Neves (PSDB) trabalha para aumentar sua popularidade de olho na eleição presidencial deste ano. Com alguma frequência, a equipe de comunicação do PSDB nacional é incumbida de produzir materiais críticos ao governo Dilma Rousseff. O resultado do trabalho, entretanto, não é publicado em páginas oficiais do partido, nem nos perfis oficiais mantidos no Facebook e no Twitter: chega a uma rede de perfis que, nas redes sociais, podem confundir um observador desavisado. Mas, em bom português, são todos falsos.
O serviço prestado ao PSDB é sofisticado e inclui a criação de personagens virtuais que, apesar de existirem apenas na criativa imaginação de seus idealizadores, comportam-se como pessoas reais. O exército fictício de militantes mantém blogs e perfis nos sites Facebook, Twitter, Google+ e Youtube. Os perfis seguem um padrão: retratam pessoas jovens, de boa aparência e, claro, militantes de Aécio Neves. E, para atrair a confiança dos internautas, fazem comentários sobre esportes, cinema, variedades. Entre um post e outro, embutem um elogio ao senador ou uma crítica ao governo federal. Os publicitários acreditam que, dessa forma, podem conquistar o internauta.
A reportagem identificou alguns dos nomes por trás dos militantes falsos pró-Aécio. Um deles é Jorge Lopes Cançado, estudante de publicidade e diretor de Formação Política do PSDB mineiro. Ele se identifica como “analista de redes sociais”. É o mesmo cargo de Guilherme Parreiras, que também trabalha na manutenção dos perfis fictícios. Ambos moram em Belo Horizonte e trabalham na Brasil Comunicação. Ambos negaram qualquer ligação com a guerrilha virtual de Aécio – apesar dos indícios.
A empresa funciona em um escritório na Savassi, região central de Belo Horizonte. O dono da companhia é Zuza Nacif, publicitário ligado ao secretário-geral do PSDB, o deputado federal Rodrigo de Castro (PSDB-MG). Nacif é um nome já conhecido dentro do PSDB. Foi secretário de Comunicação de Lavras (MG) e atuou em campanhas de diversos tucanos, como a do atual governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia. Hoje, com a ala mineira da sigla em evidência, ele tem influência no comando da comunicação social do partido.
@maisaecio: o PT se especializou na tática do “quanto pior melhor”, exercitada à exaustão contra os governos que o antecederam
— Jose Juca do Amaral (@amaral_juca) May 3, 2013
O trabalho não se limita às redes sociais. Os analistas também monitoram notícias sobre Aécio Neves e deixam comentários favoráveis ao senador tucano. Para facilitar o trabalho, publicam mensagens idênticas em outros sites jornalísticos, o que demonstra que o objetivo é espalhar a falsa opinião e buscar convencer os leitores. Mas, na saga de atingir o maior número de pessoas, os próprios autores acabam se denunciando.
No dia 4 de março, Augusto Texeira, militante imaginário, escreveu um comentário em uma reportagem sobre o senador mineiro, cujo teor atacava “o populismo de Dilma no Nordeste”. Um comentário com expressões idênticas foi publicado no dia 3 de abril, dessa vez pelo publicitário Guilherme Parreiras. “Sou um muito simpatizante do Aécio e contra o PT. Sempre posto coisas relacionadas, leio muito sobre política e devo ter visto um comentário que achei bacana e copiei. Já fiz isso algumas vezes”, argumenta. Parreiras diz não se lembrar de onde conhece o militante-fantasma Augusto Texeira, que também é seu amigo no Facebook.
A assessoria de comunicação do PSDB afirma desconhecer a comunidade virtual (e falsa) pró-Aécio e acrescenta que o serviço jamais foi solicitado. A Brasil Comunicação também nega que este seja o serviço prestado pela empresa ao partido – embora admita manter um contrato com os tucanos.
Imagem - A criação de um exército de apoiadores fictícios compensa porque, além de relativamente barata, não oferece grandes riscos aos parlamentares e governantes. “Esses políticos estão buscando minimizar ou equilibrar as dosagens de intenções negativas que possam existir nesses ambientes contra a sua reputação”, diz Alexandre Atheniense, advogado especializado em direito digital. O jurista afirma que a prática não é crime, já que não está relacionada a alguém que já existe. “Mas é condenável”, reforça.
O pesquisador especialista em marketing político da ESPM Victor Trujillo ressalta os prejuízos que a prática pode trazer. “O nome do jogo hoje é transparência, honestidade. Os eleitores estão muito sensíveis. Se o candidato é desonesto já com uma coisa simples, isso diz tudo para o eleitor”, afirma Trujillo. “Essa é uma ação obsoleta, que não funciona e os resultados são contraproducentes do objetivo que se quer alcançar. Gera um desgaste perante a opinião pública.”
PSDB - Após a publicação da reportagem, a assessoria do PSDB afirmou em nota que não tem relação com os perfis falsos e nem elabora o conteúdo divulgado por eles: “Todo o material produzido pela equipe de comunicação do PSDB é para abastecer, exclusivamente, nossos sites e perfis oficiais nas redes sociais.

Um comentário:

marceloramos disse...

Esse cara de pau que atrapalhou o andamento do país em todo 2015 dois mil e quinze fez o que? apresentou o que? qual o projeto que ele troxe para melhorar MG? como governador de onde sairam o estado e para onde foi? perderam posições para outros três caindo para o setimo lugar quando sempre foi terceiro e o povo me parece sego, mandam esse cara trabalhar é para isso que ele recebe para trabalhar e não procurer garfar aquilo que não conquistou.

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