Resultado de quatro décadas de pesquisa, o Dicionário da Religiosidade Popular, traz verbetes, registro de vivências e informações sobre a religiosidade do povo brasileiro, no passado e no presente. O trabalho foi organizado por Francisco van der Poel, mais conhecido como Frei Chico, e será lançado na cafeteria do Espaço do Conhecimento, dia 29 de maio, quinta-feira, às 19h. O evento integra o conjunto de atividades associadas à exposição Quando o Jequitinhonha Canta e Dança. A entrada é gratuita.
Frei Chico chegou ao Brasil, em 1967, em pleno período militar. Egresso da Holanda, o frade franciscano aprendeu o idioma português e se interessou pelos costumes e história do país. Chegando ao Vale do Jequitinhonha, se deparou com realidades culturais e sociais totalmente novas para ele. “Lá se deu o encontro da minha formação com uma cultura bem diferente da que encontrei na Holanda. Conheci novos costumes e pessoas que não sabiam ler numa região com muitas dificuldades”, conta.
De acordo com Frei Chico, o livro nasceu do seu interesse em compreender melhor os hábitos locais e aos poucos evoluiu para a ideia do dicionário. “No começo eu pensava em fazer um manual, mas seria necessário sintetizar. O formato do dicionário me permite colocar informações que podem até soar contraditórias, o que não é um problema. Trata-se de uma obra aberta, na qual a verdade é uma busca, ela não está posta”, pontua.
O trabalho de construção do dicionário durou quarenta anos, sendo vinte e cinco deles dedicados à elaboração dos verbetes que integram a obra. Ele enfatiza que a participação e a confiança das pessoas envolvidas foi essencial para essa realização. “O que está no livro é exatamente o que povo me ensinou, sem manipulação. Lendo Paulo Freire, aprendi que ajudar o povo é dar valor ao que o povo tem. Foi necessário abraçar essa totalidade o que exige uma confissão da minha própria ignorância em relação a tantas coisas que vi e ouvi. Deixei os representantes do povo falarem e isso é o mais importante. O livro existe porque as pessoas entenderam que eu queria aprender com elas e não havia uma teoria pronta e acabada”, diz.
Legado cultural
Sobre a importância da obra, o autor ressalta que o dicionário tornou-se fonte de consulta para pesquisadores e artistas interessados no tema e, citando Paulo Freire, ele chama a atenção para um dos aspectos mais importantes do trabalho que é “a importância política da promoção dos valores de um povo”.
As ilustrações do livro foram feitas pela artesã Maria Lira Marques, parceira principal do projeto, e a orientação geral é de Lélia Coelho Frota. Os verbetes do livro integram a exposição Quando o Jequitinhonha Canta e dança, inaugurada no dia 15 de maio.
Serviço:
Lançamento do livro Dicionário Religiosidade Popular, de Frei Chico
Data: 29 de maio, 19h
Local: cafeteria do Espaço do Conhecimento UFMG – Circuito Cultural Praça da Liberdade - Belo Horizonte-MG.
Entrada Franca
Informações : (31) 3409-8350.
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