Pautando Minas - O ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) escolheu Minas Gerais para, ainda que timidamente, dar as primeiras alfinetadas no candidato a presidente do PSDB, Aécio Neves. Em visita a Belo Horizonte, nesta segunda-feira, 05.05, Campos escolheu a educação para criticar o desempenho de Minas em relação a Pernambuco. "Nós temos mais alunos em tempo integral em Pernambuco do que os Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro juntos. Nós temos que levar isso para o Brasil inteiro", disse.
Tirando o exagero de somar São Paulo e Rio de Janeiro, Campos está com a razão. Segundo o Censo Escolar de 2013, realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao Ministério da Educação, Pernambuco tinha 131.920 alunos estudando em tempo integral na rede pública estadual no ano passado. São 7.900 matrículas a mais nesse regime do que as existentes em Minas, com 124.020 alunos estudando em tempo integral na rede pública estadual.
A comparação ganha força quando se compara a população dos dois estados. Minas Gerais, segundo o IBGE, somou 20,5 milhões de habitantes em 2013, ao passo que Pernambuco fechou o ano com 9,2 milhões de residentes, ou seja, menos do que a metade.
Há um dado curioso que mostra a ambiguidade da relação política entre Aécio e Campos. Ao criticar a educação do governo mineiro, Campos acabou atingindo uma companheira de partido. A secretária de Estado de Educação de Minas Gerais, Ana Lúcia Gazzola, é do PSB.
Até o ano passado, o partido de Campos detinha três secretarias no governo Antonio Anastasia (PSDB): além da Educação, a Secretaria Especial da Copa (Tiago Lacerda) e a Extraordinária de Regularização Fundiária (Wander Borges). Com a última reforma feita por Anastasia, Borges retomou o mandato de deputado estadual com a incorporação da pasta à Secretaria de Agricultura, e a secretaria de Lacerda, mantido no cargo, absorveu a de Esportes e da Juventude.
Em terceiro lugar nas pesquisas de opinião e bem longe do segundo colocado, Campos parece ter se dado conta do risco que corre com a tática de atacar apenas a presidente Dilma Rousseff (PT) e de poupar o senador Aécio Neves (PSDB). As últimas pesquisas apontam para uma polarização que tende a desidratar o candidato socialista nas urnas em outubro, a ponto de tirar-lhe até o peso numa negociação de apoio ao tucano, na hipótese de um segundo turno.
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