segunda-feira, 29 de julho de 2013

Apartamentos crescem em cidades do Vale do Jequitinhonha, Mucuri e norte de Minas

Estudo da UFVJM mostra que casas vão perdendo espaço como moradia
Prédios surgem como hotéis ou com apartamentos para moradia. Foto de Hotel em Araçuaí, Médio Jequitinhonha, nordeste de Minas

O estudante Fellipe Xavier Pimenta, 23, passou quase toda a sua vida em uma casa espaçosa na cidade de Capelinha, no Alto Jequitinhonha. Há quatro anos, no entanto, o quintal, a churrasqueira e o conforto que tinha na casa dos pais foi trocado por um apartamento em Montes Claros, no Norte de Minas. 

Na cidade onde Fellipe cursa o nono ano de medicina, morar em prédios está cada vez mais comum, e a verticalização já uma constante nomercado imobiliário. Um estudo da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), baseado no Censo 2010, apontou que as regiões Norte, vales do Jequitinhonha e Mucuri e Noroeste aumentaram sua proporção de apartamentos em mais de 210% entre os anos de 2000 e 2010 – a maior elevação percentual do Estado.

Na cidade de Montes Claros, por exemplo, o aumento desse tipo de domicílio chegou a 118%. Em Teófilo Otoni, no Mucuri, o número de apartamentos subiu 108%, enquanto em Unaí, no Noroeste de Minas, as construções verticais aumentaram 184%. "Essa verticalização está generalizada em Minas. Mas o percentual de aumento ainda é maior no Norte, nos Vales e no Noroeste. Isso se dá por ser uma região muito desigual, com grande déficit de habitação. Isso está sendo resolvido com o aumento de apartamentos", explica o professor de geografia da UFVJM e autor do estudo, Glauco Umbelino.

Ele conta que os principais motivos para a transformação na forma de morar dos mineiros está na especulação imobiliária e na criminalidade. Em um apartamento, os moradores se sentem mais protegidos que em casas. "Para um construtor, é mais fácil e mais barato fazer um prédio. E, assim, uma pessoa com menor poder aquisitivo consegue comprar um apartamento. O preço de lote está caro em todos os lugares, e os construtores preferem fazer mais apartamentos", diz Umbelino.

O primeiro motivo é confirmado pelo estudante Fellipe. Apesar de já ter tido o prédio em que morava invadido por um ladrão, ele afirma que, em Montes Claros, a maioria prefere alugar apartamentos para evitar os roubos. "Na região onde moro, existem muitos prédios de quatro andares. E há muitos com mais de 13 andares pela cidade", conta.

Profissionais do ramo imobiliário confirmam a preferência do setor por esse tipo de empreendimento. "A cultura de se ter casas grandes está mudando. Hoje, até empresas preferem se instalar em prédios, por causa da segurança", avalia Laerte Rodrigues Mendes, proprietário de uma imobiliária em Teófilo Otoni.

Corretor de imóveis em Montes Claros há 15 anos, Hildebrando Fonseca afirma que os apartamentos se tornam vantajosos tanto para quem compra, quanto para quem aluga ou constrói. "O apartamento é melhor paa comprar, e você aproveita melhor o terreno".

Outra consequência da verticalização é a mudança na paisagem das cidades do interior – com o aumento da presença dos edifícios cada vez mais altos – e o adensamento populacional, que acaba obrigando a expansão de serviços como o comércio. "Mesmo onde tem espaço, por questão de segurança ou menor custo, as cidades vão continuar a crescer para cima", conclui o professor Umbelino.

Fonte: O TEMPO

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