sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Minas largou planejamento estratégico; sua economia sofrerá por 20 anos

Minas reduzirá sua participação sobre o PIB nacional

Reafirmo à exaustão, em todos eventos em que sou convidado a falar sobre desenvolvimento de Minas Gerais que este Estado perdeu uma de suas identidades políticas que era o planejamento estratégico. Era evidente que MG, com a pauta de exportação focada em commodities que se apoiam na economia norte-americana ou chinesa, estava refém das intempéries externas. O exemplo da agricultura era cabal. Há poucos anos, a agricultura mineira se transfere regionalmente para o oeste, numa velocidade que, ao que me lembre, só ocorreu no Canadá, a partir de forte atuação da Cargill. No oeste estão os investimentos do agronegócio, em especial, em Goiás e na ponta do Triângulo Mineiro. Os governos estaduais, principalmente a partir de Newton Cardoso, praticamente adotaram uma visão extremamente liberal, sem qualquer orientação sobre os agentes econômicos. Um ultraliberalismo, a despeito de um ou outro discurso nacionalista (como o de Itamar Franco).
Nesta sexta-feira, o jornal Hoje em Dia publica uma matéria (P.05) cujo título já define o que sempre me pareceu óbvio: MG perde espaço no PIB nacional. A decisão da China em se voltar para o fortalecimento de seu mercado interno desnuda a fragilidade da economia estadual. Pior: a estrutura da economia mineira, que não agrega valor de maneira significativa, impacta sobre o mercado de trabalho, reduzindo sobremaneira o poder aquisitivo.
Publicado pelo professor e cientista político Rudá Ricci, no seu Blog



Estudo projeta perda da economia mineira nos próximos 20 anos

Amália Goulart - Hoje em Dia


Economia do Estado é voltada para setores de exportação com uma pauta restrita

A economia mineira deve perder espaço quando comparada a outros estados. A perspectiva é a de que ela reduza a participação sobre o Produto Interno Bruto (PIB) nacional, em 20 anos, conforme pesquisa inédita, divulgada no relatório sobre a prestação de contas do governo. O estudo tem por base um levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Administrativas, Econômicas e Contábeis de Minas (Ipead). A primeira parte do estudo foi publicada, na quinta-feira (13), pelo Hoje em Dia, mostrando que os impostos pesam mais nas regiões pobres do Estado.

Neste ano, o PIB mineiro deve equivaler a 9,5% do nacional. Em 1950, o índice chegou a 10,7%. A projeção feita pelo Ipead é a de que em 2030, o índice corresponda a 9,3%. Isso significa que Minas vai contribuir menos com o desenvolvimento brasileiro. Isso porque, segundo pesquisadores, a economia do Estado é voltada para setores de exportação com uma pauta restrita, que não é capaz de geração intensa de empregos.

“Quanto às perspectivas futuras, o cenário 2012-2030, apresentado pelo Ipead, aponta para a redução da participação de Minas sobre o PIB nacional, tendo em vista que o crescimento da economia mineira não proporciona maior geração de empregos, por se basear em setores exportadores de commodities ou internos de bens de capital e siderurgia, intensivos em capital”, informa relatório.

Apenas no ano passado, a exportação de minério de ferro alçou R$ 18,2 bilhões, representando 45,47% das vendas mineiras ao exterior. O Estado baseou sua pauta de exportações em produtos básicos, em detrimento dos industrializados. Em 2011, os básicos, que não geram empregos, foram responsáveis por 62% do comércio internacional mineiro. E o país que mais recebeu produtos do Estado foi a China, responsável por comprar um terço da produção.
 

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