Viva o Vale do Jequitinhonha! 2
por Tadeu Martins
Os principais problemas
Podemos afirmar que quatro fatores impedem o real desenvolvimento da nossa região:
1 – O êxodo
A nossa região vê, a cada censo, uma diminuição da sua população. Os filhos do Vale se espalham pelo mundo em busca de uma vida mais digna, que nem sempre encontram. Há a triste história das viúvas de maridos vivos: para sobreviverem e sustentarem a família, os homens vão para o interior do Estado de São Paulo trabalhar na colheita de laranja e corte de cana e só vêem a família três meses no ano.
Só para se ter uma idéia: as cidades de Teófilo Otoni, Governador Valadares, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, juntas, tem hoje mais filhos do Vale do que a própria região. Oferta de trabalho é o que precisamos para mudar esta triste situação.
Ouvindo os valejequitinhonhenses, muitas são as sugestões para gerar emprego e renda:
A – uma indústria de produção de vidro, capaz de abastecer o mercado de Minas e do Brasil. As areias do Jequitinhonha são especiais e a sua localização facilitaria o escoamento da produção.
B – um trabalho turístico, capaz de trazer o desenvolvimento, a partir de quatro grandes roteiros: cachaça, artesanato, eventos e ecologia.
2 – A picaretagem política
O Vale ainda é um verdadeiro laboratório para deputados estaduais e federais que querem ganhar as eleições a qualquer custo. Infelizmente aqui no Vale os votos são vendidos por cabos eleitorais, a baixo custo, e o povo fica a comer poeira na estrada da democracia, sem defensores, pois a região vota em centenas de candidatos.
Claro que a implantação do voto distrital ajudaria a amenizar ou mesmo resolver esta triste situação.
3 – BR 367 – A rodovia principal, que vergonha!
O descaso político é tão grande, que a principal estrada da região, a BR-367, que liga Diamantina a Porto Seguro, começou a ser asfaltada há mais de 40 anos e não terminou até hoje.
A vergonha é tanta, que o governo da Bahia, por sua conta e risco, asfaltou um grande pedaço da estrada em território mineiro. Da divisa da Bahia até o centro da cidade de Salto da Divisa (MG), inclusive algumas ruas da cidade, foram asfaltadas pelo governador da Bahia, chamando à responsabilidade o Governo de Minas, para investir naquela importante rodovia, que une o Vale e dá acesso às praias do sul da Bahia.
4 – A falta de um mapa
Estamos perdendo a nossa identidade. Quando existia a Codevale, o Vale se conhecia, eram 52 cidades. Hoje, após uma série de emancipações de novos municípios, o Vale não existe oficialmente. Cada instituição apresenta um mapa diferente para a região. Só o governo de Minas tem 3 mapas diferentes em uso, fazendo a região variar de 70 a 84 municípios.
Pode parecer uma questão menor, mas não é. Um povo que não conhece a sua terra, não pode contribuir para o seu desenvolvimento. É só quem conhece que gosta. É só quem gosta que defende. É só quem defende que divulga. E é só quem divulga com a razão e o coração que é capaz de ajudar a desenvolver.
Investimentos nesses quatro fatores serão uma contribuição efetiva para o desenvolvimento da nossa região. É preciso acordar o governo de Minas para as reivindicações do povo do Vale do Jequitinhonha.
Tadeu Martins é poeta e escritor. Natural de Itaobim. Promotor de eventos, mora em BH. Foi um dos fundadores do Festivale. É um militante da cultura popular apaixonado pelo Vale.
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