terça-feira, 8 de junho de 2010

Festivale: a gente quer diversão e arte!

A gente quer diversão e arte!
Padre Paraíso recebe o 28º Festivale
Por Daniel Lomonaco O Festivale, Festival de Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha, já tem casa nova. Padre Paraíso, na região do Médio Jequitinhonha e a 550 km de Belo Horizonte, e a 100 de Teófilo Otoi, vai sediar a próxima edição do evento, em Julho de 2010.

O maior festival de cultura popular do Vale vai trazer à cidade shows de música popular; exposições de artesanato; uma mostra literária, apresentando os autores da região; além de várias oficinas oferecidas durante o Festival.

A espera valeu a pena. Foi a terceira vez que o município disputou o título de cidade-sede do Festivale. Em 2008 e 2009 Padre Paraíso perdeu o pleito, respectivamente, para Capelinha e Grão Mogol. Na disputa deste ano, após a realização de visitas técnicas nas cidades postulantes, Padre Paraíso saiu vitoriosa.

A candidatura vencedora do município só foi possível graças a uma articulação dos movimentos culturais da cidade com a Prefeitura. Essa é uma das exigências da Fecaje, Federação das Entidades Culturais e Artísticas do Vale do Jequitinhonha, entidade que organiza o Festivale. A Fecaje usa alguns critérios para a seleção das cidades que pleiteiam o Festival.

Os principais quesitos que devem ser atendidos são um movimento cultural forte, uma infra-estrutura mínima para atender as atividades do Festival, além de, preferencialmente, a candidata nunca ter sediado o evento antes.


A parceria com a Prefeitura é essencial para que o festival tenha garantias de infra-estrutura, como espaços públicos para a realização de oficinas e a construção de palcos para as atividades, além de apoio logístico para os participantes do Festival, como alimentação.

Mas o apoio da prefeitura não veio como simples vontade política do executivo local. Ele foi conquistado pelos movimentos culturais de Padre Paraíso que conseguiram se organizar e se fortalecer. E muito dessa organização se deve à formação da APACA, Associação dos Produtores e Agentes Culturais através da Arte de Padre Paraíso.
A APACA se formou em 2002, mas segundo o presidente da associação, Armando Pereira Ribeiro, tomou forma realmente em 2005, depois de um intercâmbio cultural com um grupo de artistas de Embu das Artes, cidade da Região Metropolitana de São Paulo. "Foi a partir desta interação entre os artistas das duas cidades que o movimento cultural em Padre Paraíso tomou forma e começou a se organizar melhor", afirma Armando.

A partir daí o movimento cultural na cidade só fez crescer. Em Araçuaí, na edição de 2006, os artistas da APACA participaram pela primeira vez do Festivale, presença que vem crescendo a cada edição do Festival. As atividades artísticas da cidade, que se limitavam a saraus, se diversificaram e agora contam com artesãos, músicos e atores. Hoje a principal atividade artística da cidade é o teatro. Padre Paraíso já conta com três grupos na cidade, compostos na maioria por jovens.
Segundo a diretora da Fecaje, Ângela Gomes Freire, "a Fecaje existe para isso, para promover um engajamento e um crescimento político, social e cultural como a APACA teve". Armando considera que sediar o Festivale foi mais uma vitória na construção de um movimento cultural cada vez mais forte: "O Festivale é um momento importante para a própria cidade se desenvolver culturalmente e fortalecer a Associação para realizar projetos novos que contribuam para melhorar a qualidade de vida da cidade".

Apesar de já ter conquistado o direito de sediar o maior festival do Vale do Jequitinhonha, Padre Paraíso, como muitas outras cidades da região, apresenta muitas deficiências estruturais. Armando aponta que o município não tem lugares adequados para servir de alojamento para artistas de outras cidades e nem pousadas suficientes para os turistas. Além disso, ele ressalta que a cidade não possui um auditório, algo básico para a realização de um evento com este.

Mesmo com as dificuldades, o Festival está sendo aguardado com muito entusiasmo pela APACA e pelos artistas da cidade. Armando considera que o evento servirá para que Padre Paraíso supere uma de suas maiores chagas: a exploração sexual infanto-juvenil. "Padre Paraíso é uma cidade que sofre as mazelas da miséria e da pobreza e a exploração sexual é fato, não é invençao; mas uma forma de combater esse problema é trazer artistas jovens para o Festival, eles se tornam protagonistas de suas próprias culturas o que contribui para que os jovens formem uma identidade própria e combatam a exploração infantil na cidade".

O tema principal da 28ª edição do Festivale será "Juventude, cidadania e identidade cultural". São esperadas mais de 3 mil pessoas na cidade para a última semana de Julho, data do festival.
Fonte: UFMG/Polo Jequitinhonha

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