quarta-feira, 9 de junho de 2010

Iphan conserva mais de 2 mil obras raras em Diamantina

Iphan conserva mais de 2 mil obras raras em Diamantina Foto: Técnicos do IPHAN recuperando obras raras
A Casa do Muxarabiê, bela construção colonial da Rua da Quitanda, no Centro Histórico de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, guarda um tesouro que começa a ganhar as luzes da recuperação. No sobrado de propriedade do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), onde funciona a Biblioteca Antônio Torres, a equipe do Centro de Documentação da Superintendência de Minas Gerais do órgão federal dá início à conservação de mais de 2 mil obras raras. Nesse acervo, há enciclopédias, coleções de autoria do francês Voltaire (1694-1778), coletâneas de leis, livros do século 18 e outros que tratam da história das Gerais.

“Ao mesmo tempo em que fazemos a higienização das obras da biblioteca, que pertence ao Iphan e totaliza 15 mil volumes, elaboramos o diagnóstico sobre a situação do acervo”, diz a coordenadora do Centro de Documentação, Mônica Elisque. Os livros ficaram guardados durante muito tempo, praticamente esquecidos e, por sorte, não estão tomados pelos cupins, traças e outros insetos xilófagos. “Foi uma surpresa, mas não encontramos nenhum até agora”, conta a coordenadora ao supervisionar o trabalho de Ronney Leite Brito, funcionário da instituição, e da historiadora Ederlaine Seixas.

A recuperação do acervo deverá trazer muitos benefícios para a cultura de Diamantina e abrir novas páginas para o entendimento da região. “À medida que o trabalho evolui é que vamos conhecendo toda a extensão desse patrimônio. Temos aqui muitos livros importantes que contam a história da cidade e arredores e podem ajudar nas pesquisas dos estudiosos. Com certeza, pouca gente os conhece”, diz Mônica, citando Arraial do Tijuco, de Ayres da Matta Machado, e Memórias do Distrito de Diamantina, de Joaquim Felício dos Santos. “Os dois livros são as obras mais procuradas pelos leitores”, informa a coordenadora do centro.

Durante o trabalho, conduzido no próprio prédio, a equipe avalia se vale a pena recuperar algumas obras ou se há necessidade de reposição de outras. Para tornar as obras mais conhecidas, a intenção é atrair a população e firmar parceria com a Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha.

Também paralelo à limpeza das obras raras, reforço de lombadas e outras ações de conservação, o Iphan desenvolve o inventário da biblioteca, com digitalização dos nomes e autores. Nessa empreitada, a equipe responsável faz descobertas, como encontrar, entre as páginas, bilhetes que ficaram guardados, além das tradicionais dedicatórias na folha de rosto.

“Outro objetivo nosso é fazer o treinamento dos funcionários na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro (RJ), para que estas medidas sejam mantidas e o trabalho não se perca. Os recursos para a primeira etapa, iniciada há um mês, são do Iphan, mas a superintendência mineira já entrou com um projeto no Ministério da Justiça para obtenção de recursos do Fundo de Direitos Difusos”, explicou Mônica Elisque.
Treliças
No Centro Histórico de Diamantina, tombado desde 1938 pelo Iphan e reconhecido como patrimônio da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), impossível não admirar a Casa do Muxarabiê, que, segundo as pesquisas, é a única da cidade a conservar o muxarabi original – balcão com treliças de influência moura, que permite a quem está dentro da casa observar, discretamente, as pessoas que passam na rua. Foi aí que viveu, na década de 1920, Antônio Torres, cônsul do Brasil na Alemanha e dono de parte dos livros incorporados à biblioteca.


Fonte: UAI - Gustavo Werneck

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