sexta-feira, 11 de junho de 2010

Representação política do Vale do Jequitinhonha

Representação política do Vale do Jequitinhonha
Higino Pedro*
Com 400 mil eleitores, o Vale discute a possibilidade de ocupar novamente uma vaga na Assembléia Legislativa O Vale do Jequitinhonha, com mais de 400 mil eleitores, começa a discutir a possibilidade de novamente ocupar uma vaga na Assembléia Legislativa, com indicação de nomes da região para compor o cenário político estadual. A necessidade de uma maior representação política da região, carente de políticas públicas voltadas para o seu desenvolvimento, vem sendo discutida em diversas cidades do Vale por movimentos sociais e políticos comprometidos com a mudança da realidade no Vale. A adesão de setores da Igreja Católica Progressista e alguns grupos Evangélicos mostra a preocupação ecumênica de uma nova realidade no Vale, onde o compromisso com a base popular leve à formulação de projetos voltados para o desenvolvimento da região.

Dr. Jean Freire, Médico em Itaobim,com atuação em Almenara, Araçuaí, Medina, Monte Formoso, Coronel Murta e Virgem da Lapa, é um dos filhos do Jequitinhonha empenhados na mudança dos paradigmas políticos vigentes na nossa região. Em algumas cidades do Vale, segundo ele, a "briga" política se arrasta há anos, normalmente entre duas facções políticas, onde as discussões de propostas desenvolvimentistas são deixadas de lado. Também ainda existem grupos que se sentem "amarrados" aos "deputados de fora", que através de pequenas emendas e alguns favores menores, conseguem dar um "nó" no desenvolvimento local, através do loteamento eleitoral. Reservadas as raras exceções, alguns já chegam a sentir-se "donos" do rebanho amontoado pelos chefes políticos, como gado para corte.

Neste cenário, uma candidatura "própria" surge como um "divisor de águas", o que pode levar ao surgimento de uma "terceira via" em alguns locais. Essa nova via passa pela formação de novos grupos, idealizados com o objetivo de discutir uma nova realidade, e isso pode levar a um maior equilíbrio entre as forças políticas nas próximas eleições municipais, com o surgimento de novas lideranças. Alguns setores ligados à produção rural, ao comércio, à saúde, à educação, ao esporte, à cultura e ao meio-ambiente vêem também a necessidade urgente da formulação de políticas públicas que possam nortear a atuação parlamentar. Seria como se estivéssemos colocando em prática o tão discutido "voto distrital", proposta política tão sonhada pelas regiões menos favorecidas do país, mas que espera adormecida nas gavetas dos deputados majoritários.

Conhecido no país inteiro como o "Vale da Miséria", o Vale do Jequitinhonha espera que seus filhos se mobilizem para a esperada mudança, cujo objetivo principal é a retomada das rédeas, num galope ligeiro rumo ao Vale da esperança, Vale das oportunidades. Recentemente perdemos os rumos sobre a proposta de criação de uma unidade de beneficiamento de Biodiesel da Petrobrás no Vale, que nos traria cerca de 6000 empregos que acabou indo para Montes Claros. A UFVJM - Universidade dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri veio, mas os campi ficaram um pouco fora da nossa rota (um em Diamantina, outro em T.Otoni). Isso tudo é mera coincidência? Ou falta de representação política? Tivemos muitos avanços na era LULA, isso é indiscutível, mas poderíamos ter mais se fôssemos mais bem representados na esfera política.

Neste novo cenário atual, espera-se que a classe política do Vale do Jequitinhonha acorde para uma nova realidade onde os "nós" que nos amarram e nos deixam vinculados a essa dependência sejam desamarrados, dando-nos assim a liberdade para planejar nosso futuro. É esperar para ver. 

"Desperta, Vale do Jequitinhonha, os teus filhos vão olhar por ti".(Saulo Laranjeiras)

Higino Pedro é de Itaobim, mora em Araçuaí. É elitricitário da Cemig e escritor em outras horas.

Um comentário:

Unknown disse...

ATÉ HOJE
"Aprendemos a pedir pouco,
Falar menos,
Amar o barro,
Tirar dele uma forma de vida.

Terminam os mandatos.
Canditatamo-nos a eleitores,
E elegem-nos senhores.
Ganhamos eleições, situações.
Candidatamo-nos a pedintes,
E elegem-nos mendigos.

Vemos a esperança
Sendo a primeira a morrer.
Depois morre o corpo
Com a água a nos levar,
O sol a nos queimar,
A desgraça a nos acompanhar,
O abandono a nos seguir,
Um não a nos conter,
Um adeus a nos ferir,
Um germe a nos consumir,
Corroendo o cérebro
Que muito pensou,
Que muito esperou.

Foi Deus quem quis assim.
Será Deus tão ruim?
Candidatamo-nos a bons,
E elegeram-nos tolos?
Ou estamos confundindo
O Deus das estrelas
Com um deus de estrelas?"

Luiz Carlos Prates- Virgem da Lapa-
Do Livro "Um Rio"

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