terça-feira, 12 de novembro de 2013

No Cruzeiro, o craque é o coletivo: jogadores, técnico, torcida e diretoria

O craque é o coletivo

Tostão


Se o Cruzeiro não for campeão hoje, será nas próximas rodadas. Outros grandes clubes, com elencos mais caros e considerados favoritos no início da competição, decepcionaram. Apenas o Atlético-MG tem uma boa justificativa, a conquista da Libertadores. Méritos para outras equipes, de quem se esperava pouco, como Goiás, Vitória e, principalmente, Atlético-PR. Cruzeiro e Atlético-MG são os grandes times brasileiros do ano.
No início do Brasileirão, achava que faltava ao Cruzeiro um fora de série, como foi Alex em 2003. Não foi necessário. O time atual possui também um craque, o coletivo. Com isso, todos os jogadores evoluíram, principalmente Éverton Ribeiro, o melhor do campeonato. Outros destaques foram Fábio, Dedé, Nilton e Ricardo Goulart. Os outros também atuaram bem.
Pensava que Éverton Ribeiro era apenas um meia habilidoso. Ele é muito mais que isso. Tem muita mobilidade e criatividade, além de participar da marcação. Deu passes decisivos e fez muitos gols, alguns belíssimos.

 Outra grande virtude do Cruzeiro é a diversidade. O time, sem esquecer da marcação, faz gols de todos os jeitos, pela direita, pela esquerda e pelo centro, pelo alto e pelo chão, de tabelas, de triangulações e de lançamentos longos, de finalizações de dentro e de fora da área. O time não depende de um único artilheiro.

Em vez de os laterais correrem e cruzarem para a área, como faz o Grêmio, para contar com a sorte de a bola chegar a um companheiro, o Cruzeiro forma duplas pelos lados, que trocam passes e envolvem o marcador. Aí, a bola é passada para alguém finalizar.

Marcelo e a diretoria contrataram bem. O Cruzeiro tem dois bons times, quase do mesmo nível. Apenas Fábio e Éverton Ribeiro fazem falta. Marcelo usou muito bem o elenco. Substituiu e poupou jogadores na hora certa. Mesmo quando a troca era por motivos técnicos, ele passava aos jogadores e à imprensa a mensagem de que a substituição era para poupar o atleta. Não soube de nenhum jogador descontente.

Não vou dizer que o tranquilo e equilibrado Marcelo usou de uma sabedoria mineira, pela mesma razão que detesto o chavão de rotular as pessoas que têm dúvidas de mineiros, de ficarem em cima do muro. Mineiro não pode ter bom senso nem dúvida. Só os ignorantes, os extremistas e os prepotentes, que se acham os donos da verdade, têm certeza de tudo. Há pessoas de todos os tipos em Minas Gerais, nos outros Estados e em todo o mundo.

Marcelo, atento durante as partidas, ajuda a desmistificar os absurdos conceitos de que técnico bom é o que grita e fica agitado na lateral do campo, que pressiona árbitros e auxiliares, que é mal-educado nas entrevistas e que nunca dá explicações técnicas e táticas por achar que ninguém entende de futebol.
Tostão
Tostão, médico pela UFMG e ex-jogador do Cruzeiro, é um dos heróis da conquista da Copa do Mundo de 1970. Foi campeão brasileiro pelo Cruzeiro, em 1966. E penta campeão mineiro (1965, 66, 67,68,69). É considerado um dos maiores jogadores da história do futebol. Aos 26 anos, afastou-se dos campos devido ao agravamento de um problema de descolamento da retina. Como comentarista esportivo, colaborou com a TV Bandeirantes e com a ESPN Brasil. Suas colunas esportivas, duas vezes por semana, são reproduzidas em vários jornais do país.

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