sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Almenara: Fazendeiro contrata capangas para expulsar trabalhadores da terra. 11 pessoas são presas.

Desde 2004, 30 famílias do MST estão acampadas na Fazenda Marobá, que tem área de 3 mil hectares e está localizada a 33 km de Almenara.

Foto: arquivoConflito agrário provoca detenção de 11 pessoas em Almenara
Fundação Palmares reconheceu a região de Marobá Teixeira como quilombola em 2009
Onze pessoas foram presas no final da  tarde de terça-feira(29.10) em Almenara, no Vale do Jequitinhonha, após confronto entre membros do Movimento Sem Terra (MST), comunidade dos Quilombolas Marobá dos Teixeira, proprietários das Fazendas Marobá e Singapura. 

Com os suspeitos foram apreendidos dois revólveres e sete armas brancas, entre facas e facões. Segundo relatos, os proprietários da fazenda estariam contratando pessoas armadas para tomara posse da fazenda.

A Polícia Militar recebeu as denúncias e atuou preventivamente,  evitando a formação dos grupos e o agravamento dos conflitos.

Desde 2004, 30  famílias  do MST estão acampadas na Fazenda Marobá, que tem área de 3 mil hectares e está localizada  a 33 km  de Almenara. 

O INCRA tem interesse na área para fins de reforma agrária e assentamento de 60 famílias. O Instituto de Terras de Minas Gerais (ITER-MG) também tem interesses na área, além da Fundação Cultural Palmares, que reconheceu em 2009 a existência de uma comunidade quilombola que vive na localidade há mais de 100 anos. 
  
                A disputa pela posse da terra se agravou na terça-feira, quando o pecuarista Kenio Ávila que  comprou parte da Fazenda  expulsou 200 cabeças de gado pertencentes aos ocupantes da Comunidade dos Quilombolas e MST.

O  gado foi solto na rodovia que liga Almenara à Bandeira/MG. Um boletim policial foi registrado contra o fazendeiro, acusado de  expor pessoas à perigo com animais em  via pública. O gado foi recolhido e apenas dois animais desapareceram.

                 Segundo os membros do MST , do Acampamento 16 de Abril , e ocupantes da Comunidade dos Quilombolas, um dos vaqueiros da fazenda  efetuou vários tiros intimidando os ocupantes durante a retirada do gado.

Os proprietários da Fazenda afirmam que  foi tentada uma negociação com os ocupantes que se recusaram a vender ou a retirar o gado das terras.

                 A partir das denúncias, a Polícia Militar desencadeou operação com o intuito de prevenir atuação de grupos armados.

Segundo a PM, das onze pessoas presas, nove teriam passagens pela Polícia com crimes que variam de tráfico de drogas à tentativa de homicídio e um deles  teria que cumprir prisão domiciliar.

O delegado de Almenara, Felipe Uti abriu inquérito para apurar o caso. Apenas uma pessoa permanece presa.Ela vai responder processo por posse ilegal de armas

 Em 2006, o então presidente Lula, através de decreto, reconheceu a área como de interesse social para fins de reforma agrária, mas o STF anulou o decreto em outubro de 2009.

Denúncia da violência 
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bandeira, Aurita da Silva Oliveira, denunciou ao Ministério dos Direitos Humanos, a prática da violência por que tem passado os quilombolas.

Ela comunicou a Ailson Silveira Machado, da Diretoria de Prevenção à Violência no Campo, que este fato não é novidade e que a pressão para os trabalhadores deixem a terra tem mais de 9 anos. 
A área foi desapropriada pelo Presidente Lula, mas os fazendeiros, através de intervenção política junto ao Poder Judiciário estão impedindo os trabalhadores de trabalharem na terra e sustentarem suas famílias.
Por diversas vezes, os fazendeiros têm contratados capangas para ameaçar de morte homens, mulheres e crianças nas Fazendas Marobá e Singapura, disse a sindicalista.

Fonte: G1, INCRA e MST

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