Violência contra a mulher acontece a toda hora
A violência contra a mulher volta a virar tema de debate, desabafos, cobranças e manifestações após o assassinato da cabeleireira Islaine, de Belo Horizonte.
Porém, é preciso estar atento à violência praticada no dia-a-dia em nossas pequenas cidades.
A violência contra a mulher é direta ou velada, mas acontece a todo momento. Em alguns lugares mais do que outros, dependendo do grau de machismo ou conservadorismo local. No Vale do Jequitinhonha, um trabalho de campo realizado pela Assistente Social Dirlane Almeida da Silva Silveira, do Fundo Cristão para Crianças, detectou diferentes tipos de violências praticados contra a mulher.
Nas cidades cortadas pela Rio-Bahia (Padre Paraíso, Ponto dos Volantes, Itaobim, Medina, Pedra Azul) a prostituição feminina infanto-juvenil é uma constante. Mulheres confessaram as ameaças de companheiros e maridos proibindo-as de fazer o exame ginecológico ou mesmo a prevenção ao câncer de mama. E dizem textualmente: "não quero saber de você ficar abrindo as pernas e deixar pegar nos seus peitos pra ninguém, viu?" "Se eu ficar sabendo, você vai ver comigo. Tou te avisando". Para cuidar da sua saúde, muitas usam subterfúgios para driblar a vigilância machista dos patriarcas do lar.
No Médio Jequitinhonha, no miolo da migração de cortadores de cana, em municípios como Araçuaí, Berilo, Chapada do Norte, Francisco Badaró, Jenipapo de Minas e Minas Novas, a depressão vivida pelas mulheres se dá com a ausência dos companheiros e com a obrigação de trabalhos pesados pela falta da mão-de-obra masculina nos pequenos sítios levando a problemas de coluna e alcoolismo.
Neste caso, a violência mais direta acontece quando a mulher pede para o companheiro usar camisinha. Primeiro, o homem reage desconfiado e violento, dizendo desconfiar que a mulher estaria lhe traindo. Segundo, nenhum desses homens tem coragem de confessar sua vida sexual no interior de São Paulo, Mato Grosso ou Triângulo Mineiro, no período médio de 8 meses.
O que se constata nos consultórios médicos é a presença com incidência cada vez maior de
doenças venéreas em mulheres após relações sexuais com seus companheiros que chegam no final de ano.
Um dado interessante é a vida de “mulheres de Atenas” vividas pelas mulheres de migrantes do Vale. Vê-se poucos casos de mulheres de migrantes que procuram outros parceiros na ausência de seus companheiros. Isso já não acontece com os homens dos trechos.
Em todos os casos a violência é flagrante.
Não é atoa que a maioria das mulheres se interessa cada vez mais pela Lei Maria da Penha que lhes garante direitos e proteção contra os brutamontes. Infelizmente, a violência doméstica, dentro de quatro paredes, protege muitos machos que para a sociedade parece normal. É preciso coragem e determinação para denunciar abusos, maus tratos e cerceamento da liberdade da mulher.
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