terça-feira, 3 de março de 2020

Morre Arnô Maciel, o cantor de voz límpida e suave de Minas Novas

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Arnô em uma das suas apresentações românticas.
Aos 80 anos, morre o cantor Arnô de Minas Novas, na tarde dessa segunda-feira, 02 de março. Os admiradores o consideram a voz de ouro do Vale do Jequitinhonha.
Arnaldo de Castro Maciel, o Arnô, nasceu em 30/07/1939, filho de João Ferreira de Castro e Auta Maciel de Castro. Quinto filho de uma família de 8 irmãos: Odete, João, Vanda, Plínio, Arnaldo, Vany, Arlindo e Achiles.
A família residiu em Turmalina, Berilo, chegando em Minas Novas no início da década de 50, no Vale do Jequitinhonha, nordeste de Minas.
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Desde criança, Arnô mostrou aptidão para a música, cresceu participando dos tradicionais auditórios nas escolas e programas musicais na Liga Católica Jesus, Maria e José.

Residindo em Belo Horizonte, foi funcionário dos Correios, logo retornando a Minas Novas onde começou a lecionar na Escola Municipal de Ribeirão dos Santos, onde desenvolveu um belíssimo trabalho junto a comunidade, participando ativamente da vida social, cultural e religiosa da comunidade, organizando saraus, coroações e atuando como Catequista.
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Arnô, comemorando 76 anos de idade, com amigos, em Minas Novas.

No inicio da década de 80, Arnô se firmou como um dos maiores intérpretes e compositores do Estado de Minas Gerais, tendo inclusive uma de suas principais canções gravadas no disco “O melhor dos Festivais de Minas” com a música “Pintura”.
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 Arnô numa roda de músicas de seresta e MPB, junto a amigos músicos e admiradores. 

Participou, brilhou e elevou o nome de Minas Novas e do Vale mundo afora, com sua voz e talento inconfundíveis, com destaque para grandes festivais como o Festival da Canção em comemoração ao aniversário de 250 anos de Minas Novas. Participou do 1º Violarte em 1985, venceu vários FESTIVALES, onde recebeu inúmeros prêmios com músicas como a Carta de Arnô, O canto da Mãe da Lua, Pintura, dentre outras. Suas músicas denunciavam o desmatamento irresponsável, as mazelas da ditadura, os maus tratos com o Rio Fanado, natureza e a política coronelista que imperava na época. Sempre enalteceu as belezas de nosso povo guerreiro, cantando o Vale, os pássaros, as águas, manifestações culturais e tudo que acontecia.

Durante muitos anos, lecionou na Escola Estadual Presidente Costa e Silva,   em Minas Novas, sendo um dos pioneiros na alfabetização de jovens e adultos, inovando na arte de ensinar, desenvolvendo projetos culturais, fortalecendo e incentivando nossa arte e cultura.
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Arnô e seu instrumento predileto, o órgão, que o acompanhava em casa e nos cantos da igreja.

Teve seu grande sonho realizado, no inicio do ano 2000, com a gravação do 1º CD “O Canto da Mãe da Lua” com grande repercussão no mundo artístico. Realizou turnês em todo o Vale, Belo Horizonte e diversas cidades mineiras. O destaque foi o memorável show no Palácio das Artes, com participações especiais de grandes artistas mineiros com destaque para Saulo Laranjeira, Paulinho Pedra Azul, Gilvan de Oliveira, Cinthia Martins, dentre outros.

Durante 20 anos, Arnô foi a estrela principal do show da Janela, ponto alto da cultura minasnovense, por ocasião da semana santa, mais precisamente na Procissão do Encontro. O show acontece sempre nas janelas da Prefeitura Municipal. 

Arnô emocionava os minasnovenses e visitantes com sua voz inconfundível, sempre acompanhado pelos músicos Dásio Figueiredo, Heraldo Wilton e Aroldo Camargos.
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Arnô, da janela do Solar da Tia Auta, sua casa e de sua família, no Cetro de Minas Novas.

Realizava no ‘Solar da tia Auta” grandes encontros musicais com os artistas Álvaro Freire, Canutinho, Tristão Pinheiro, Dalton, Vânia, Vicentinho, Heraldo, dentre outros, vivendo momentos inesquecíveis nas maravilhosas noites enluaradas.

Lecionou ainda em Belo Horizonte na Escola Estadual do bairro Betânia, onde desenvolveu um belíssimo trabalho junto a comunidade escolar e religiosa.

Arnô de Minas Novas é tudo isso e muito mais, a voz de Minas Novas, a voz de Minas Gerais.. Nessa segunda-feira, ele nos deixou, encantou-se.

Texto de Adão Domingos e Vany Mota, de Minas Novas.

O cantor e compositor Paulinho Pedra Azul publicou, na sua página do facebook, um saudação poética ao seu amigo Arnô de Minas Novas:

PINTURA DE DEUS

Mais uma chamada de Deus
Arnô acabou de partir
E o meu triste adeus
Acabou de existir.

Mais um irmão, um amigo
Bateu asas e voou
Seguirei e ainda sigo
O que ele mais sonhou.

Sua voz foi doçura
Recado de paz e amor
Nunca teve censura
Bordava com o espinho da flor.

Esse anjo foi longe demais
Visitou estrelas e luas
Com suas cordas vocais
Abençoou casas e ruas.

Foi bom filho, padrinho e Tio Avô
Seu caráter e amizade são provas
De que, esse nome: ARNÔ
É orgulho de Minas Novas.
(PPAzul).
BH, 03.03.2020, às 11:01 

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