quarta-feira, 18 de março de 2020

Coronavírus: sem medidas preventivas, BH poderia ter até 65 mil mortes

Sem política de contenção, 

coronavírus pode matar 65 mil 

pessoas em BH

Dados são de um estudo preliminar assinado por infectologista 

membro do comitê especial criado pela PBH para combater a 

doença.

Por LUCAS NEGRISOLI 17/03/20 - 19h27

coronavírus ruas de Belo Horizonte máscara
No pior cenário possível, a região metropolitana de Belo Horizonte, que tem cerca de 3,5 milhões de habitantes, pode registrar 2,8 milhões de infecções e mais de 65 mil mortes nos próximos três meses devido à pandemia do coronavírus. Na melhor das hipóteses, haverá cerca de 2.500 casos da doença e, no máximo, 57 óbitos na capital e arredores no mesmo período, com pico de 20 mil infecções nos próximos 180 dias.
Nesta terça-feira (16.03), a Secretaria de Estado da Saúde confirmou 14 infecções por coronavírus em Minas, com cinco casos na capital. Pela primeira vez, foi registrada transmissão comunitária na cidade (quando não se sabe como ocorreu a transmissão). No Brasil, o Ministério da Saúde aponta 291 casos confirmados.
O número de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) necessárias para atender a população infectada, respectivamente, seria de mais de 8.000 na cidade para o primeiro caso, atingindo o pico em 60 dias, e pouco mais de 1.500, no segundo, com demanda máxima em 180 dias.
A capacidade instalada de leitos na cidade, nos cenários mais críticos, não conseguiria atender plenamente os doentes. O que separa essas duas realidades extremamente diferentes é o sucesso, ou não, das políticas de contenção de transmissão da Covid-19 – que dependem da colaboração entre população, iniciativa privada e poder público.
Os dados são de um estudo preliminar – ainda não revisado por outros cientistas – assinado pelo infectologista e membro do comitê especial criado pela Prefeitura de Belo Horizonte para coordenar ações contra a pandemia do coronavírus, Carlos Starling, e pelo doutor em bioengenharia Bráulio Couto. As análises feitas dão conta de um período de dois anos.
A pesquisa se baseou em padrões encontrados na disseminação da doença em Wuhan, na China, onde surgiram os primeiro surtos, e usou um modelo estatístico para traçar possíveis comportamentos da infecção em uma cidade com 3 milhões de habitantes. Foram levados em consideração o tempo de incubação do vírus, a velocidade de disseminação da doença e experiências internacionais com o Covid-19.
“Se não fizermos nada e agirmos de forma semelhante àquela praticada pela Itália, que permitiu que a epidemia se instalasse, poderemos ter os resultados mais graves. Se conseguirmos, como sociedade, ter disciplina e observarmos as mudanças determinadas para contenção do coronavírus, suavizaremos os impactos”, ressalta Starling.
Segundo ele, as medidas propostas pela prefeitura de Belo Horizonte nesta terça-feira (17.03), que tentam diminuir a circulação de pessoas em locais públicos e conter aglomerações, são essenciais para que a curva de disseminação da doença diminua. “O pior cenário (de até 2,8 milhões de atingidos) é o que não queremos, por isso estamos antecipando as medidas que, apesar de impopulares, são necessárias”, defende.
Sobre a capacidade do sistema de saúde – público e privado – da capital de conseguir lidar com as internações necessárias, o infectologista afirma que qualquer um dos cenários intermediários suplanta a estrutura atual.
Por isso, Starling afirma que há um forte movimento nos centros de saúde para aumentar leitos. “Mas também é responsabilidade de cada indivíduo se preocupar tanto com a própria segurança como com a daqueles que estão próximos dele. Não apenas em relação às pessoas que fazem parte do grupo de risco, mas todos”, conclui. 
Fonte: OTEMPO

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