segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Povos e comunidades tradicionais de Minas realizarão Encontro mo primeiro semestre de 2015

A Seapa e a Sedese, em parceria com organizações da sociedade civil, deverão realizar até junho de 2015 o primeiro Encontro Estadual para aprovar diretrizes de políticas públicas para comunidades tradicionais.

Vale do Jequitinhonha possui 107 comunidades quilombolas de 426 identificadas em Minas.

A Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e a Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese), em parceria com organizações da sociedade civil, deverão realizar até junho de 2015 o primeiro Encontro Estadual dos Povos e Comunidades Tradicionais (PCTs). O compromisso consta do Decreto 46671, que cria a Comissão Estadual para o Desenvolvimento dos Povos e Comunidades Tradicionais de Minas Gerais (CEPCT-MG), assinado pelo governador Alberto Pinto Coelho em 16 de dezembro de 2014.
A comissão, formada por 24 representantes do poder público e da sociedade civil, vai elaborar o Plano Estadual para o Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais de Minas Gerais.



Povos e Comunidades Tradicionais de Minas Gerais – Foto: Divulgação/Seapa


Conforme a Lei Estadual 21147/2014, povos e comunidades tradicionais são grupos culturalmente diferenciados com formas próprias de organização social, “ocupando territórios e utilizando recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, e aplicando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição.”

Um quarto do território brasileiro é ocupado por comunidades tradicionais, informa a Secretaria da Agricultura, que responde pela Secretaria Executiva da comissão. De acordo com o subsecretário de Agricultura Familiar, Edmar Guariento Gadelha, integram essas comunidades os povos indígenas, quilombolas, pescadores artesanais, geraizeiros (que exercem ocupação tradicional nos gerais ou no cerrado), vazanteiros (moradores tradicionais das vazantes, que consorciam usos de terras altas e baixas), veredeiros (que tradicionalmente usam e preservam as áreas de veredas, subunidade do bioma cerrado/gerais), faiscadores (que exercem o garimpo artesanal), apanhadores de flores sempre vivas que tradicionalmente exercem o extrativismo em áreas comuns de campinas, os catingueiros, povos de terreiros, comunidades ciganas, entre outros.

Agenda positiva

O subsecretário explica que Minas Gerais conta com a Lei nº 21.147, promulgada em 14 de janeiro de 2014, que institui a Política Estadual para o Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais do Estado de Minas Gerais. De acordo com Gadelha, “trata-se de uma agenda positiva para o Estado, uma vez que a política estabelecerá programas, projetos e ações que visem à identificação, promoção e reconhecimento da etnobiodiversidade que caracteriza Minas Gerais como um estado potencialmente privilegiado em sua formação e composição social; e também propiciará a promoção, proteção e restauração dos direitos do referido segmento social, que condiciona o resgate de práticas de proteção e uso sustentáveis de nossos biomas.”

Gadelha ressalta que a lei, em seu artigo 8°, determina a criação de órgão ou comissão, de caráter paritário e deliberativo, responsável por instituir a Política Estadual para o Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais. “Dessa maneira, a Comissão Estadual para o Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais de Minas Gerais (CEPCT) deveoperacionalizar as ações de promoção e proteção dos direitos sociais básicos e a preservação de cultura e território destes povos”, enfatiza.

O subsecretário ainda diz que, para a formação da Comissão Estadual dos Povos e Comunidades Tradicionais, foi fundamental o I Encontro da Agricultura Familiar realizado em 2011, em Belo Horizonte. “O evento foi decisivo para a definição da estratégia de formulação de uma lei e sua regulamentação a fim de dar respaldo ao desenvolvimento sustentável das comunidades”, finaliza.
Fonte: Agência Minas.

Vale do Jequitinhonha e suas comunidades tradicionais

As comunidades tradicionais do  Vale do Jequitinhonha são formadas principalmente por quilombolas, garimpeiros, indígenas, pescadores e ciganos. 

Segundo estudo da Federação Mineira de Quilombolas, a N´Golo, há 426 comunidades quilombolas em Minas Gerais, concentradas no norte e nordeste do Estado. O Vale do Jequitinhonha possui 107 comunidades identificadas. Há uma concentração nos municípios do Médio Jequitinhonha. O município de Berilo possui 27 comunidades quilombolas; Chapada do Norte tem 15; Minas Novas 12; Araçuaí, 10; Virgem da Lapa, 7, e Francisco Badaró 6 comunidades. 

As comunidades indígenas  Pankararu  e  Aranãs estão nos municípios de Araçuaí e Coronel Murta, no Médio Jequitinhonha.


Os garimpeiros artesanais somam um população de mais de 8 mil trabalhadores, em todo o Vale do Jequitinhonha, principalmente em Diamantina, Coronel Murta, Araçuaí,  Virgem daLapa, Itinga, Padre Paraíso e Medina, afirma a Cooperativa dos Garimpeiros de Coronel Murta. 

Os pescadores estão espalhados  por comunidades à beira do rio Araçuaí e Jequitinhonha. Há poucos com registros profissionais na Colônia de Pescadores de Jequitinhonha. 


Há alguns representantes de ciganos em cidades do Baixo Jequitinhonha, nos municípios de Jordânia e Almenara.

Nenhum comentário:

Postar um comentário