segunda-feira, 5 de novembro de 2012

ENEM avança na elaboração do conteúdo e organização do exame


Apesar de textos longos, professores elogiam 
ENEM sem pegadinhas 
 
A edição de 2012 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) terminou com uma avaliação positiva da elaboração das provas. De acordo com professores de cursinho consultados pelo Terra na noite deste domingo, o exame evoluiu em relação às edições anteriores, principalmente em matemática, prova que não contou com as tradicionais "pegadinhas". No entanto, nas questões de linguagens a avaliação é de que os textos continuam longos, exigindo um tempo maior para a resolução.

"A prova de matemática, em relação ao ano passado, está mais simples. Os textos estão claros, não trazem pegadinhas. O importante mesmo é ler, relacionar dados, com muitas tabelas e gráficos", disse a professora do Cursinho da Poli, Thaís Oliveira. O coordenador pedagógico da Oficina do Estudante, Célio Tafinafo, concorda que os enunciados estão mais objetivos. "As questões vão direto ao ponto e favorecem os candidatos que dominam a disciplina", afirmou ao destacar que houve uma melhor distribuição dos conteúdos.
Já a prova de linguagens foi classificada pela professora Elizabeth Massaranduba, do cursinho Objetivo, como muito extensa. "Foi uma prova excessivamente longa e com algumas questões descontextualizadas", disse, ao citar os exemplos das perguntas 124 e 131 (do caderno amarelo), que demandavam um conhecimento específico dos candidatos sobre o artista Aleijadinho e sobre a obra musical dos Mutantes.
"A prova de linguagens é a que menos amadureceu no Enem deste ano. Continua sendo pesada, claro que é interessante porque passa por todos os estilos, mas exigiria no mínimo três horas para fazer, tempo que os candidatos não tiveram por causa das outras 45 questões de matemática e da redação", criticou o coordenador do cursinho Oficina do Estudante. Segundo ele, apresentar questões que ocupam meia página é desnecessário. "As provas de ontem (ciências humanas e da natureza) mostraram que é possível avaliar bem sem esses exageros que observamos hoje", disse Célio Tafinafo.
Apesar de ter classificado como uma prova que exigia bastante dos candidatos, o professor André Valente, do Cursinho da Poli, disse que houve um avanço nas questões de português ao dar maior destaque às classes gramaticais, o que não se observava nas edições anteriores. Ele ainda afirmou que houve maior preocupação com o vocabulário.
Inglês e espanhol
As cinco questões de inglês ou de espanhol na prova de linguagens foram bem avaliadas pelos professores. "Eu achei que a prova de inglês mostrou evolução em relação aos anos anteriores. A seleção de textos foi muito boa, com criatividade maior", disse Regina de Azevedo, professora do Objetivo ao destacar uma citação de Jimi Hendrix. A professora do Cursinho da Poli Lúcia Helena Martins de Souza também classificou como bem feita a prova. Segundo ela, o vocabulário não apresentava um nível muito elevado, mas a interpretação dos textos exigia boa compreensão dos estudantes.
Os estudantes que optaram por espanhol também não encontraram dificuldades, segundo o professor Gonzalo Vergara, do Cursinho da Poli. "O primeiro texto cobrava mais vocabulário, mas em geral era simples, não induzia o aluno ao erro", disse ao citar como um destaque uma tirinha da Mafalda, uma novidade no Enem.
Redação                                                                                                                         
Para os professores, a redação deste ano foi uma "grata surpresa". "Foi um ideia que surpreendeu, principalmente se compararmos com últimos temas - em 2010 tivemos o trabalho como forma de construção da dignidade e em 2011 a questão das redes sociais. São propostas que estão ligadas ao cotidiano dos estudantes. Já esse tema é novo, de vanguarda. A questão da imigração, principalmente em relação ao Haiti, é muito novo", disse Vanessa Mesquita Dutra, do Cursinho da Poli.
Segundo ela, essa surpresa pode ter causado insegurança nos candidatos. "Eles estavam prevendo temas mais atuais e essa novidade pode trazer um olhar muito superficial, acabar até caindo em preconceito, xenofobismo. A proposta exigia sensibilidade do estudante para pensar na existência do outro no seu território", avaliou.
Para o coordenador da Oficina do Estudante, o tema serve para acabar com a "mania" de adivinhar o que será cobrado na redação. "Surpreendeu os que faziam previsões. O candidato não tem que dominar o tema, mas a leitura, o estabelecimento de relações. Aqueles que ficaram presos a um modelo de texto sobre meio ambiente, direitos humanos, esses 'caíram do burro'", concluiu.
Enem 
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi criado em 1998 pelo governo federal com o objetivo de avaliar o desempenho do estudante ao fim da educação básica. A partir de 2009, o teste passou a ser utilizado também como mecanismo de seleção para ingresso no ensino superior.
Neste ano, o candidato resolveu no sábado, dia 3 de novembro, questões de Ciências Humanas e suas Tecnologias e de Ciências da Natureza e suas Tecnologias. Já no domingo, dia 4, foi a vez dos testes de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, e Redação. O Terra, em parceria com os professores do Sistema COC de Ensino, fará a correção comentada das provas ao final do dia.
O participante só poderá levar o caderno de questões ao deixar em definitivo a sala nos últimos 30 minutos. O gabarito do Enem tem divulgação prevista para 7 de novembro e os resultados, para 28 de dezembro.

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