quarta-feira, 1 de março de 2017

Há 54 anos, Berilo, Chapada do Norte e Francisco Badaró se emanciparam de Minas Novas

Berilo e Chapada do Norte ainda preservam prédios do século XVIII.

Os três municípios concentram mais de 10% das comunidades quilombolas de Minas.

Em 01 de março de 1963, Berilo, Chapada do Norte e Francisco Badaró, no Médio Jequitinhonha, no nordeste de Minas, foram instalados como municípios independentes, separando-se de Minas Novas.  Portanto, hoje, é uma data histórica, de marco de 54 anos de emancipação política.


É uma data pouco lembrada e menos ainda comemorada. Algumas escolas estão propondo redação sobre a história do seu lugar, realizando exposição de fotos e videos, fazendo festas, apresentações culturais, ou promovendo debates sobre a construção do município e suas perspectivas. 

Os três municípios possuem mais de 40 comunidades quilombolas, mais de 10% das 420 identificadas pelo Centro de Documentação Elói Ferreira da Silva.

Berilo possui 23 comunidades quilombolas e Chapada do Norte possui 15, ocupando, respectivamente, o primeiro e segundo lugar, na quantidade de comunidades quilombolas de Minas.
Vista parcial da cidade de Berilo
Berilo

Localiza-se a uma latitude 16°57'06" sul e a uma longitud0e 42°27'56" oeste, estando a uma altitude de 401 metros

Sua população foi recenseada em 2010, contando com 12.307 habitantes (IBGE), com 3.000 habitantes na cidade, e 1.200 na sede do distrito de Lelivéldia. O restante de 8.107 de moradores vivem na zona rural.
Possui uma área de 586,752 km².

O povoamento iniciou-se, em 1728, com a exploração do ouro, sendo uma da poucas Vilas no Vale, no século XVIII. Deste período encontram-se duas edificações: o Sobradão Abreu Vieira e a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, ambas tombadas pelo IEPHA e IPHAN, respectivamente.

Devido ao grande contingente de mão de obra escrava, o município povoou-se com mais de 5 mil minifúndios, logo após o fim da era do ouro. As famílias de afro-descendentes foram ocupando as terras com atividades agrícolas e criação de pequenos animais.
No município, foram registradas 27 comunidades quilombolas, pelo CEDEFES - Centro de Documentação Elói Ferreira da Silva, de Belo Horizonte, concluindo como a maior concentração dessas comunidades em Minas.

 Cerca de 2.500 mil homens e jovens migram temporariamente para o corte de cana, no interior de São Paulo, Mato Grosso e Bahia, trabalho temporário em praias, e colheita do café, no sul de Minas. 


A economia do município gira pela produção da agricultura familiar, movimentação dos ganhos dos migrantes, atividades temporárias em praias, além dos recursos da previdência social (aposentadorias rurais) e programas sociais do governo federal.
O Sobradão do Inconfidente  Domingos de Abreu Vieira, à beira do rio Araçuaí, do século XVIII, é a edificação mais antiga da cidade. 

Hidrografia - Seus principais rios são o rio Jequitinhonha e o rio Araçuaí, além do ribeirão do Altar, ribeirão Barbosa, ribeirão Gangorras e Água Suja.

As rodovias que cortam o município são LMG-677, LMG 114 e BR-367. A cidade tem ligação asfáltica a Francisco Badaró, a 16 km, e Araçuaí, a 60 km

A Barragem de Irapé da CEMIG está localizada entre os municípios de Berilo e Grão Mogol, no rio Jequitinhonha. É a mais alta do país, com 207 metros de altura.

Chapada do Norte
Chapada do Norte é também uma cidade que tem sua origem no século XVIII, também devido à exploração de ouro. Distante a 20 km de Minas Novas, a cidade construiu-se à beira do rio Capivari e bem perto da Barra do Fanado, despejando-se no rio Araçuaí.
 
Vista parcial da cidade de Chapada do Norte

A cidade tem uma das maiores concentrações da população negra de todo o país. Por isso mesmo, apresenta uma das mais belas manifestações de cultura popular que é a Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Chapada do Norte, tradição de quase 300 anos, comemorada em outubro.
Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Chapada do Norte

Além da cidade, o município possui os distritos de São João da Boa Vista, Cachoeira do Norte, Granjas do Norte e Santa Rita do Araçuaí. Faz limite com Berilo, Francisco Badaró, Jenipapo de Minas, Novo Cruzeiro e Minas Novas.

De acordo com o Censo realizado pelo IBGE, em 2010, sua população é de 15.165 habitantes. É conhecido como o segundo município de Minas Gerais com maior concentração de comunidades quilombolas, com 15 identificadas.

A cidade de Chapada do Norte era um antigo quilombo. Nota-se pela sua população de 3 mil habitantes, na zona urbana, com quase 97% de negros.


É banhado pelos rios Araçuaí,  Setúbal e Capivari. Este banha a cidade, mas corta, fica seco, em boa parte do ano. Nova captação de água foi providenciada pelo Governo de Minas, no final de 2016, do rio Araçuaí, a 12 km da sede urbana.

A maior fonte de renda da sua população vem da agricultura familiar, 
de cerca de 3 mil homens que se assalariam, por 8 meses, no corte de cana no interior de São Paulo e café no sul de Minas, além dos programas assistenciais do governo federal e pensões por aposentadorias (INSS - Previdência Social).  

As Rodovias LMG-677 e BR 367 servem ao município.



Francisco Badaró
No século XVIII, em decorrência da mineração, chegaram os bandeirantes Atanásio Couto e Antônio Farias à procura de ouro no Córrego Sucuriú.


Em 1732, foi edificada a Igreja de Nossa Senhora da Conceição e o local ficou conhecido como Arraial Velho. O nome Sucuriú, deve-se a lenda que conta ter Antônio Farias mandado um escravo procurar um pau para levantar um mastro, por ocasião das festas juninas. Este escravo encontrou uma enorme cobra Sucuri, que supostamente seria do rio Setúbal. Uma outra versão é de que o Córrego que corta o centro da cidade tem forma de uma cobra Sucuri. 

Em 1948, a Vila de Nossa Senhora da Conceição de Sucuriú passou a se chamar Francisco Badaró, em homenagem ao Dr. Francisco Duarte Coelho Badaró, ex-ministro que se instalou em Minas Novas (Vila do Fanado).
Vista da praça principal da cidade de Francisco Badaró

Em 30 de dezembro de 1962, depois de muita luta, liderada principalmente pelos religiosos Cônego Figueiró e Monsenhor Bernardino, ocorreu a tão sonhada emancipação político–administrativa, firmando-se como novo município em 1 de março de 1963.

Oficialmente foi denominado de Francisco Badaró, em substituição ao sugestivo e original topônimo de Sucuriú (que se relacionava à ocorrência de uma cobra inofensiva, mas de porte volumoso –cobra grossa, no idioma tupi-guarani- animal que era abundante nas águas que banhavam a Vila)

O município apresenta um conjunto de belezas - no seu casario, sítios naturais e na simplicidade de sua gente - que nos remetem às vilas encantadas da era mineradora.

Nos documentos oficiais consta que “a economia local se apóia na produção agropecuária, sendo o artesanato do algodão, o beneficiamento de cereais e dos derivados do leite, principalmente o tradicional requeijão moreno, a fonte garantidora da existência da laboriosa população desse histórico município brasileiro”.
Visa parcial da cidade de Francisco Badaró

Francisco Badaró vive majoritariamente da agricultura familiar, de recursos vindos do assalariamento de cerca de 2 mil homens jovens e adultos que se empregam no corte de cana e colheita do café, dos serviços do comércio, além das aposentadorias rurais e programas sociais , como o Bolsa Família. 

 Sua população foi recenseada em 2010 pelo IBGE. Conta com 10.244 habitantes, vivendo em uma área de 463,77 km 2, Cerca de 3 mil habitantes vivem na cidade e 7.244 habitantes na zona rural. Só existe o distrito da cidade e povoados como o São João e Tocoiós.


É banhado pelos rios Araçuaí, Setúbal e Sucuriú. Este banha a cidade.

 O município é servido pela rodovia MG-114 que liga Francisco Badaró, por via asfáltica a Araçuaí, a 44 km, a Jenipapo de Minas a 21 km e Berilo, a 16 k
m.
Localização dos três municípios, no Médio Jequitinhonha, nordeste de Minas.

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