terça-feira, 1 de setembro de 2015

Nanuque cobra mais recursos para a saúde pública

Região que investimentos na saúde para atender 250 mil pessoas 

Recursos insuficientes para custear os serviços de saúde, que atendem não apenas os 42 mil habitantes de Nanuque (Vale do Mucuri), m250 mas cerca de 250 mil pessoas que vêm dos municípios vizinhos e até da Bahia e do Espírito Santo. Essa é a maior queixa de autoridades e de cidadãos de Nanuque - que fica na divisa de Minas Gerais com esses dois Estados.

Cerca de cem pessoas participaram de audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada nesta segunda-feira (31/8/15) em Nanuque.

Dr. Jean, membro efetivo da Comissão, presidiu o encontro: “Estamos aqui para fazer política não para vocês, mas com vocês. Poderíamos criar resoluções para Nanuque de longe, certo? Mas precisaríamos ouvir as pessoas”

A secretária de Saúde de Nanuque, Mariana Borges Ferreira, avaliou que o maior desafio da saúde regional é lidar com o subfinanciamento do setor. Para ela, isso fica evidenciado principalmente nas transferências financeiras insuficientes para o hospital local. “O Governo do Estado deveria repassar mensalmente R$ 600 mil para nosso hospital e só envia um terço dos recursos”, criticou. Com isso, segundo ela, o município é obrigado a tirar recursos do seu próprio orçamento para custear o hospital, provocando atraso no pagamento de fornecedores e dos próprios funcionários, com salários atrasados há dois meses.

Concordando com essa fala, o secretário de Saúde do município vizinho de Carlos Chagas, Ricardo Almeida Viana, disse que é preciso firmar um convênio entre os três Estados, para que Bahia e Espírito Santo contribuam com recursos para Nanuque, já que muitos baianos e capixabas são atendidas no município mineiro.

Em relação a cirurgias eletivas (sem urgência), paralisadas há oito meses, Viana ressaltou que a lista de espera é enorme, já que os médicos estão se recusando a fazê-las devido ao baixo valor pago pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ele exemplificou citando a remuneração de apenas R$ 100 das diárias dos hospitais, pagas pelo SUS.

Ricardo Viana, que coordena o Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Cosems Regional Teófilo Otoni), falou ainda sobre a precariedade do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ele denunciou que a unidade em Nanuque está se negando a transportar pacientes dos hospitais da cidade. “Ontem, tivemos um paciente acidentado com fratura exposta e o Samu não quis levá-lo!”, reclamou. Por outro lado, reconheceu que o Samu só recebe R$ 100 mil para realizar os atendimento de urgência e emergência. “Só com os salários dos plantonistas gastamos mais que esse valor,” informou.

Construção de hospital regional recebe apoio

Deputados e autoridades locais deram seu apoio à construção, pelo Governo do Estado, de um hospital microrregional em Nanuque, o que poderia desafogar o atendimento à saúde na região. A vice-prefeita de Nanuque, Alba Lima, reconheceu que o hospital municipal atualmente não atende de maneira satisfatória nem a demanda local, muito menos a regional. Por outro lado, ela criticou a ausência da destinação de verbas para a construção de hospitais regionais no Orçamento do Estado para 2015, pedindo aos deputados que levassem essa reivindicação ao governo.

Caos - O vereador e locutor de rádio Edvaldo Lima disse que recebe diariamente reclamações envolvendo a área de saúde no município. “A questão de Nanuque é grave. A realidade do pronto-socorro municipal é um caos. Ouço denúncias constantes no programa de que está faltando o mínimo, de lençol a leito. As camas são todas enferrujadas, expondo as pessoas ao risco de tétano”, alertou.

Mas ele entende que o problema é causado principalmente pelo excesso de obrigações impostas aos municípios. Na opinião do vereador, os Governos Federal e Estadual implantaram uma série de serviços, mas deixaram a obrigação para os municípios, sem passar os recursos de custeio.
Comissão vai cobrar providências

O deputado Doutor Jean Freire (PT), que presidiu a reunião, fez ao final a leitura de vários requerimentos de providências a autoridades estaduais no sentido de viabilizar a construção do hospital microrregional em Nanuque. Num deles, a comissão pede ao Governo do Estado que assine convênio no valor de R$ 500 mil para dar início às obras. Também solicita à Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão que inclua no Orçamento 2016 a dotação de recursos para o hospital regional. Os deputados também pediram providências ao secretário de Estado de Saúde o sentido de implantar na cidade uma Unidade de Suporte Avançado (USA) do Samu.

O deputado Doutor Jean Freire fez questão de ressaltar que toda a discussão durante a reunião era apartidária. “O nosso partido político é a saúde; essa é a nossa prioridade e é o que estamos discutindo aqui”, declarou. Apesar de concordar com vários convidados quanto ao subfinanciamento do setor, ele ressalvou ser necessário avaliar a gestão dos gastos na saúde.

O deputado Antônio Jorge (PPS) destacou algumas conquistas de Nanuque na área da saúde, como a implementação do Samu regional. “Para ampliar esse serviço, precisamos de uma assistência hospitalar mais qualificada, o que vai se concretizar com a criação de um novo hospital, porque há exigências técnico-sanitárias que Nanuque tem que atender. E Nanuque merece esse hospital, com cerca de 120 leitos, 10 de UTI, com equipamento moderno”, vislumbrou.

Também o deputado Ricardo Faria (PCdoB) defendeu a luta pela criação do hospital microrregional de Nanuque. “Já contamos aqui com o Samu regional, mas necessitamos de leitos hospitalares para dar retaguarda ao serviço. Temos agora que viabilizar o projeto executivo para em breve iniciarmos as obras do hospital”, pontuou.

Hospital particular não será fechado, diz diretor

Uma boa notícia foi transmitida pelo diretor do Hospital Gecy Gomes, Armando Rodrigues Gomes. Sob aplausos, ele informou que a unidade responsável pelo atendimento a planos de saúde no município não será fechada. “Conseguimos fazer acordo com 16 médicos de Nanuque e não vamos mais fechar o hospital. Agradeço à Câmara Municipal, que nos deu todo o apoio”, disse. Ele lembrou que isso foi possível porque foi adotado um modelo de gestão que tem à frente os próprios médicos. “O hospital não é mais particular; é da classe médica e dos pacientes. O modelo daqui está sendo copiado por outros hospitais privados”, ressaltou.

Comemorando a notícia, Nandes Pessoa Romano, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Nanuque, afirmou que é praticamente impossível se falar em um atendimento de saúde excelente. “Mas devemos unir todos os esforços para que tenhamos pelo menos um serviço à altura do que o povo da região merece”, conclamou.

Prevenção - Por sua vez, o presidente do Conselho Municipal de Saúde de Nanuque, Vandré França, defendeu investimentos na prevenção de problemas que, apesar de não serem da área, acabam gerando despesas que poderiam ser evitadas. Nesse sentido, ele criticou a situação das estradas que atendem Nanuque e região. “Peço ao Governo do Estado que olhe para a situação péssima dessas estradas, que acabam levando muitos pacientes a morrerem antes de chegarem ao hospital”, cobrou.

Outro problema detectado pelo conselheiro diz respeito à atuação da Copasa em Nanuque. Segundo Vandré França, a empresa está construindo redes de esgoto em alguns bairros, mas não tampa os buracos de maneira adequada. “Várias pessoas têm se machucado por caírem nesses buracos abertos pela Copasa”, lamentou ele, acrescentando que, se esse problema fosse evitado, sobrariam mais recursos, hoje utilizados no atendimento desses traumas, para custear tratamentos diversos.

Fonte: ALMG e  Assessoria de Comunicação do Mandato Deputado Estadual Jean Freire.

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