segunda-feira, 2 de julho de 2018

Diamantina: Economia Solidária inaugura loja física

Lojas físicas e feiras itinerantes dão impulso à economia popular solidária em Minas Gerais

Primeiro ponto de vendas foi inaugurado em Diamantina. Passos aproveita espaço ocioso e colhe bons resultados da vitrine aberta para integrantes de empreendimentos solidários

Ela faz pano de crivo, customiza toalhas de banho e de rosto e não se esquece dos bicos e do bordado nas toalhas de mesa. O crochê está entre os diferentes tipos de artesanato feitos por dona Piedade da Silva, integrante da Associação Comunitária dos Artesãos do Distrito de Sopa, a 12 km do centro da histórica cidade de Diamantina, no Território Alto Jequitinhonha.

A beleza das peças, ensina dona Piedade, está no fazer com o coração. “Aqui não são feitas de forma rápida não, é lento, para valorizar a boa prosa, a troca de experiência”, diz ela, ao comemorar que hoje tem mais tempo dedicado àprodução, já que Diamantina conta com um espaço próprio para a comercialização dos produtos de dez associações de economia solidária e agricultura familiar.

Dona Piedade se refere ao Centro de Apoio à Agricultura Familiar e Economia Solidária (Caafes) de Diamantina, o espaço para comercialização de bens produzidos pelos empreendimentos do município, baseados nos princípios da economia solidária. Inaugurada em março deste ano, a iniciativa tem a participação do Governo de Minas Gerais, por meio da SedeseEmater-MG e em parceria com a Prefeitura, Câmara Municipal e Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha.

“O Caafes Diamantina apresenta resultados positivos no fortalecimento do trabalho coletivo e da cultura do comércio justo e solidário”, diz o diretor de Comercialização da Superintendência de Políticas de Empreendedorismo e de Economia Popular Solidária da Sedese, José Ribeiro Gomes.

A coordenadora técnica regional da Emater-MG, Claudete Maria Souza e Costa, destaca que o Caafes contribui para o fortalecimento do trabalho coletivo e da cultura do comércio justo e solidário.

A iniciativa garante, ainda, o aumento da oferta de produtos de melhor qualidade, legalizados, e a valorização dos produtos locais da agricultura familiar e da economia solidária. Mulheres e jovens são os mais beneficiados com a inclusão no mercado produtivo e em mercados institucionais como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

Quarto maior município mineiro em extensão, Diamantina tem distritos muito distantes da sede, o que inviabilizava economicamente o deslocamento de agricultores familiares, artesãos, doceiras e quitandeiras, do meio rural, para comercializar seus produtos. Sem um espaço físico, fixo e bem localizado a situação não era a melhor para os produtores.

Crédito: Reprodução/Prefeitura de Diamantina
Com o Caafes, um ponto fixo de vendas, incentiva-se a geração de renda entre os empreendedores da agricultura familiar e economia solidária, fomentando o comércio local.

Os produtos comercializados são as flores sempre-vivas, artesanato de palha e tecido, quitandas caseiras, mel, farinhas, tapetes, passadeiras, doces caseiros, polpas de frutas, os panos de pratos produzidos pela dona Piedade, entre outros. Todos oriundos de empreendimentos de Diamantina, seus distritos e povoados.

Tendo os próprios produtores à frente das vendas e no gerenciamento coletivo do espaço, o ponto permanece aberto de segunda a sexta-feira, de 8h as 17h, e, aos sábados, de 9h às 12h.

Construção coletiva

A ideia nasceu do diálogo, uma marca da atual gestão. Em uma das feiras organizada na cidade pela Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese), técnicos da Diretoria de Comercialização apresentaram à secretária municipal de Desenvolvimento Social de Diamantina, Maria do Carmo “Cacá”, a Política de Estruturação da Economia Solidária, com a opção da criação de pontos fixos de comercialização.

José Ribeiro Gomes, da Sedese, recorda que a proposta foi bem aceita pela administração municipal e logo colocada em discussão no Conselho Municipal de Economia Popular Solidária (Comeps).

“Uma vez aprovada no Comeps, a proposta voltou à Diretoria de Comercialização da Sedese já com a indicação de local para instalação do ponto fixo: uma loja na rodoviária de Diamantina. Com diálogo e participação, a proposta foi além e reuniu no mesmo espaço grupos de economia solidária e de agricultura familiar”, disse José Gomes.

Até a inauguração do ponto fixo, em cerimônia presidida pela secretária de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social, Rosilene Rocha, no dia 15 de março deste ano, cooperados e cooperadas receberam orientação técnica da Sedese.

O Caafes é gerido por um Conselho Gestor, composto por representantes do Conselho Municipal de Economia Solidaria e de representantes do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS).

Esses representantes efetuam as vendas, em trabalhos voluntários, de acordo com escala combinada entre eles. Além disso, são responsáveis pelo transporte de suas mercadorias, pela limpeza, reparos e correto uso dos equipamentos e mobiliários disponibilizados pela prefeitura.

Crédito: Reprodução/Prefeitura de Diamantina
Participam as secretarias municipais de Desenvolvimento Social, Turismo, de Desenvolvimento Agrário e de Meio Ambiente – e parceiros. Um jovem aprendiz, disponibilizado pela prefeitura, também atua no Caafes no contraturno escolar.

O controle de vendas é diário e, no final do mês, é feita uma divisão do valor entre os fornecedores que efetivamente comercializaram seus produtos e é retirada uma taxa de manutenção. São eles mesmos os responsáveis por fazer a gestão do espaço.

Dona Piedade garante que a instalação de um ponto fixo foi muito boa para ela e para as amigas que participam da associação. Antes, não havia onde expor e/ou comercializar, daí, elas tinham que sair mais vezes para vender osprodutos, o que limitava a produção.

“Ter um lugar para expor é bem melhor, gera mais qualidade de vida e deixa mais tempo para  a gente produzir, além de agregar à cidade um local de referência do artesanato e da agricultura para o turista”, conclui dona Piedade.
Fonte: Agência Minas

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