quinta-feira, 7 de maio de 2020

Empresários falam em "mortes de CNPJs" e ignoram morte das pessoas


Caiu na rede: A indignação e o bom humor com as “mortes de CNPJs”



Jair Bolsonaro e Paulo Guedes juntaram os representantes do grande empresariado  e seus  dirigentes industriais  e marcharam rumo ao STF para um encontro marcado às pressas com o presidente da Corte, Dias Toffoli. O principal objetivo era pressionar pela flexibilização das medidas de distanciamento social em meio à pandemia do novo coronavírus.
Um dos presentes era Marco Polo de Mello Lopes, da Coalizão Indústria. Uma de declarações no encontro expõe didaticamente a frieza do bolsonarismo: 
"A indústria brasileira está na UTI. Para sair da UTI, precisa flexibilizar as medidas".
Enquanto isso, segundo informações atualizadas na véspera, ao menos quatro estados brasileiros já têm mais de 90% dos leitos de UTI destinados ao tratamento de pacientes com Covid-19 ocupados. Pernambuco, Rio de Janeiro, Ceará e Roraima são os que vivem a situação mais grave. E o Brasil já ultrapassou a marca de 8,6 mil mortes provocadas pelo novo coronavírus.
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A expressão “mortes de CNPJs” cunhada por um dos empresários que marchou com Bolsonaro ao STF nesta quinta, 07.05, causou diversas reações. A maior parte deles foi de revolta, mas algumas bem engraçadas.
O empresário fez uma metáfora para dizer que muitas empresas devem falir, ou morrer. Mas ninguém falou das 8.535 “mortes de CPFs” ocorridas até ontem.
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) escreveu:
“Ao cidadão que perpetrou a frase sobre “morte de CNPJ”, faria bem uma visita a um hospital para conhecer PESSOAS que estão lutando pela vida. É possível defender empresas sem desprezar a vida. Basta ter cérebro e coração.”
O presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, expôs nas redes sociais sua indignação com a visita de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes e empresários ao STF. Como já mostrou o Conversa Afiada, os discursos dos empresários e dirigentes industriais mostraram a crueldade do bolsonarismo: de "a indústria brasileira está na UTI. Para sair da UTI, precisa flexibilizar as medidas" a "haverá morte de CNPJ”.
Disse Santa Cruz:
A população não pode mais cair em provocações que opõem dois valores e colocam o brasileiro para brigar. Raciocínios pobres, argumentos rasos, metáforas incabíveis. CNPJ na UTI? Já são mais de 8 mil CPFs perdidos, sem chance de recuperação! Não validemos este debate lunático.

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O jornalista Ricardo Cappelli compartilhou uma ilustração da escravidão e escreveu:
“Foto exclusiva” da marcha ao STF pela flexibilização das medidas de isolamento social. É possível ver a expressão de preocupação dos empresários com as mortes…de “CNPJ’s”.
Já no campo do humorismo, algumas das frases cunhadas foram:
“Quando um CNPJ morre, ele vai para o paraíso fiscal.”
“Vontade de matar um CNPJ, né, minha filha?”

A marcha fúnebre de Bolsonaro e Guedes rumo ao STF

A fúnebre marcha do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de seu ministro da Economia, Paulo Guedes, rumo ao Supremo, está rendendo “memes” nas redes sociais.
Um dos integrantes do séquito bolsonarista disse na reunião com o presidente do STF, Dias Toffoli, que “haverá morte de CNPJs” se a economia não for reaberta imediatamente.
“Alô, empresário explorador de trabalhador! Enfia o CNPJ no rabo! Morto não compra, idiota genocida!”, protestou pelo Twitter o ator José de Abreu.
O jornalista Leonardo Sakamoto, assustado pelo que viu e ouviu, escreveu que “CNPJ não morre, gente é que morre. Mas CPF de pobre tem aos montes, morre um, coloca outro no lugar. Já foram mais de 8,5 mil por Covid-19. Mas esse pessoal ainda acha que é pouco.”
Além da frase “haverá morte de CNPJ”, outras pérolas foram ditas pelos empresários na reunião entre Bolsonaro, Toffoli e Guedes: “A indústria está na UTI”.
“Tem CNPJ morrendo de má gestão, mas o contador é obrigado a colocar que foi coronavírus!”, ironizou o internauta Daniel Cassol.
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) classificou a visita surpresa de Bolsonaro a Toffoli como a “Marcha da Morte”.
“Marcha da Morte! Bolsonaro junto com Guedes e empresários marcham até o STF para pedirem flexibilização do isolamento social. 600 mortes por dia, colapso na saúde, ajuda emergencial que não chega e Guedes diz que tem CNPJ que vai morrer, quem morre são pessoas e aos milhares”, indignou-se o parlamentar psolista.
A questão da “Morte de CNPJs” é mais uma evidência de que o bolsonarismo é nada empático com o sofrimento alheio, com perdas de vidas. Pelo contrário. Eles querem se aproveitar dessa tragédia humana, em plena pandemia de Covid-19, para se restruturar e maximizar o lucro. Ou seja, querem o financiamento público para demitir trabalhadores e salvar sua empresa da “má gestão” anterior a esse período especial.
Fonte: Blog do Esmael e Conversa Afiada.

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