segunda-feira, 4 de maio de 2020

Governo nega auxílio emergencial a mais de 46 milhões de brasileiros

Do total de 96,9 milhões, 32,77 milhões de CPFs foram considerados inelegíveis e 13,67 milhões ainda estão “sob análise”. Planalto não apresenta alternativa para efetivar benefício e até agora não anunciou pagamento da segunda parcela

 04/05/2020 15h04 - atualizado às 17h10

A pandemia do coronavírus avança pelo país enquanto a população continua desamparada pelo governo federal. Segundo dados do Dataprev, empresa que coordena o cadastramento para o recebimento da renda emergencial de R$ 600, mais de 46 milhões de brasileiros não tiveram cadastro aprovado. Do total de 96,9 milhões que deram entrada no pedido de auxílio, 32,77 milhões de CPFs foram considerados inelegíveis e 13,67 milhões ainda estão sob análise. Os cadastros analisados referem-se ao período entre 7 e 22 de abril. Até o final da semana passada, a Caixa Federal pagou R$ 35,5 bilhões a 50 milhões de pessoas. Enquanto o tempo passa, o governo se atrapalha e não apresenta alternativas para o dinheiro chegar às mãos de quem mais precisa.
Nesta segunda-feira (04.05), novas filas foram registradas em agências de todo o país, com a expectativa para o pagamento aos nascidos nos meses de setembro e outubro. A Caixa chegou a antecipar o horário de abertura das agências para as 8h para agilizar a retirada do benefício. Não adiantou. Muitos trabalhadores chegaram ainda na noite de domingo (3) e passaram a madrugada e a manhã aglomerados nas agências do banco. Os saques em dinheiro para os beneficiários que estão recebendo o auxílio por meio da Poupança Social Digital seguem até terça-feira (5), com o pagamento aos nascidos em novembro e dezembro.
Há milhares de relatos de pedidos negados mesmo para pessoas que tem registro no CadÚnico e conta poupança na Caixa. Outros tantos foram cadastrados há quase um mês, recadastrados e  ainda seguem sob análise. Na conta do twitter do Dataprev, multiplicam-se as reclamações de trabalhadores que não receberam o auxílio do governo federal e nenhuma explicação sobre como proceder para ter acesso ao dinheiro. O governo informa que pelo menos 12,4 milhões de cadastros considerados “inconclusivos” devem ser refeitos. Mas não se pronunciou sobre outros cadastros indeferidos.
Até agora, o governo também não anunciou quando irá pagar a segunda parcela do auxílio emergencial. Segundo o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, o calendário só será divulgado após aprovação do presidente Jair Bolsonaro. “Será semana que vem”, esquivou-se, na sexta-feira (1º).
Para piorar o quadro, o governo federal não vem pagando beneficiários do INSS. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, 1,1 milhão de segurados aguardam além do prazo legal de 45 dias para receber aposentadorias, pensões e auxílios-doença.
O governo não responde às reclamações mas gaba-se de estar “cuidando dos brasileiros”. Nenhum dos perfis oficiais menciona, por exemplo, que a proposta inicial do ministro da Economia, Paulo Guedes, era pagar a ridícula soma de R$ 200 aos trabalhadores informais. Foi graças a uma articulação no Congresso liderada pelos partidos progressistas, PT, PDT, PC do B, PSOL, PV, REDE, é que o valor foi triplicado. O PT chegou inclusive a defender um auxílio de R$ 1045, o equivalente a um salário mínimo, mas foi derrotado na Casa. O partido é um antigo defensor da Renda Básica, uma proposta que tem no vereador Eduardo Suplicy (PT-SP) seu maior defensor há mais de três décadas. Suplicy advoga o acesso à renda mínima a todos os brasileiros, sem exceções.

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