quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Santo Antônio do Jacinto: Protesto pede justiça após PM matar adolescente

De acordo com a Polícia Militar, o soldado e um outro militar estavam de folga e em trajes civis quando houve os disparos.

Foto: redes sociaisProtesto pede justiça após PM matar adolescente no Vale do Jequitinhonha
Garoto tinha 17 anos e foi morto após sair de uma igreja
A população de Santo Antonio do Jacinto, no Vale do Jequitinhonha,
nordeste de Minas, na divisa com o sul da Bahia, realizou, nesta
terça-feira (12), um protesto contra a morte de um adolescente
de 17 anos, após disparos de um soldado da Polícia Militar (PM).

O policial está preso em Almenara, desde domingo (10) quando ocorreu 
o crime. De acordo com a PM, o soldado e um outro militar estavam de 
folga e em trajes civis quando houve os disparos.

Na versão da corporação, Alessandro Viana, estava em atitude 
suspeita, já familiares e amigos da vítima alegam que o menino voltava 
da igreja quando foi morto.

Ainda de acordo com a polícia, o soldado e o colega também policial 
estavam em uma lanchonete, por volta das 22h30, quando foram 
avisados que havia duas pessoas em atitude suspeitas em um lote 
vago próximo a lanchonete. O soldado que atirou contou que viu o 
adolescente em uma motocicleta e deu ordem de parada, porém ele 
não acatou e seguiu em direção ao policial, que disse ter se assustado 
e ter feito um disparo acidental.

A versão é bem diferente da dos moradores da cidade. Segundo eles, 
o policial estava bebendo em um bar e soube de uma briga em uma 
praça da cidade. O policial teria abordado o adolescente que 
não teria envolvimento na confusão e estava saindo de uma igreja. 
O menino subia na moto quando foi dada a voz de parada, mas ele 
seguiu por não ter ouvido e o policial atirou contra ele.

De acordo com a Polícia Militar, o adolescente chegou a ser socorrido 
pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas não 
resistiu e morreu a caminho do hospital. Cerca de 200 pessoas, entre 
familiares e amigos da vítima fizeram um  protesto pedindo Justiça. 
Eles alegam que o adolescente era trabalhador e não estava envolvido 
com a criminalidade.

“Esse policial já deu vários problemas aqui na cidade. Não é a primeira 
vez, só que agora ele matou um adolescente que nada tinha a 
ver com a confusão. Nós queremos que a Justiça seja feita. Esse policial
 não pode continuar na ativa”, reclamou um morador da cidade, que 
preferiu não se identificar. 

Ainda segundo a Polícia Militar, o soldado foi preso em flagrante e
encaminhado para o batalhão em Almenara, onde está à disposição da
Justiça. Ele teve a arma recolhida e passou por teste de alcoolemia,
sendo que não foi constatada a presença de álcool no sangue do
policial. O adolescente não podia dirigir a motocicleta por não ter
18 anos. Um processo interno também será instaurado para apurar o
caso.

SEPULTAMENTO E PROTESTO

Com faixas e cartazes, moradores pediram justiça para adolescente morto por policial militar (Foto: Rick Dias
Com faixas e cartazes, moradores pediram justiça para adolescente morto por policial militar (Foto: Rick Dias

O corpo do rapaz foi velado e depois o caixão foi transportado à pé 
por dois quilômetros pela cidade. Segundo testemunhas, colegas de 
escola se revezaram para carregar o caixão, que foi levado aberto 
durante todo o tempo. 
O cortejo passou por uma igreja católica, onde houve celebração, e 
depois pela porta do batalhão da Polícia Militar, onde a população 
fez novos pedidos de justiça. Após os protestos, o grupo seguiu para 
o cemitério da cidade, onde o adolescente foi enterrado.
O vendedor José Carlos Gonçalves participou do protesto e diz que
conhecia o adolescente e o considerava um bom rapaz. “Era um
menino de família humilde e trabalhadora; só se via ele ir da escola
para o trabalho, do trabalho para a igreja. Não era de bagunça”.
Fonte: OTEMPO

Nenhum comentário:

Postar um comentário