terça-feira, 12 de setembro de 2017

Marido mata mulher por não aceitar separação, no norte de Minas. Em Minas, segundo IPEA, 17 mulheres são assassinadas por dia.

Crime aconteceu na Câmara de Vereadores de Santo Antônio do Retiro.


Marivânia Silva se separou de Sérgio Luiz que não aceitou, matando-a com três tiros.
A pequena M., de 9 anos, estava brincando na manhã desta segunda-feira, 11.09.17, quietinha com seu cachorrinho em casa ainda sem entender direito o mundo machista em que ela vive e que sua vida mudaria radicalmente dali para frente. Mais cedo, seu pai matou com três tiros no rosto a mãe dela dentro da Câmara Municipal de Santo Antônio do Retiro, cidadezinha de pouco mais que 7 mil habitantes no norte de Minas. 
Marivânia Vânia Cardoso, de 35 anos, trabalhava como secretária na Casa legislativa há cerca de 18 anos. O problema é que seu ex-marido, o operador de máquina Sérgio Luiz Campos, de 39 anos, morava no mesmo prédio da Câmara, pois o imóvel pertence a família dele. O Boletim de Ocorrência que ela registrou com as ameaças e a medida protetiva que ela tinha contra o pai dos seus dois filhos – a menina de 9 anos e um menino de 14 anos – não funcionaram.
Campos chegou ao trabalho de Marivânia de manhã cedo, por volta das 9h. Ele insistia em retomar o casamento. Entrou para conversar com ela. Nada o intimidou a disparar quatro tiros na ex-mulher, bem ali na frente de duas outras funcionárias e duas crianças, tampouco o fato da escola do seu filho ser em frente à Câmara. 

Ele se entregou, mais tarde, à polícia e teria tentado se explicar ao irmão de Marivânia, o vice-prefeito da cidade Alvimar Valuar da Silva (Mazinho), falando em algo relativo a amor. 

“Ele (Mazinho) ficou em nervos e disse: como assim, você matou minha irmã, cara”, contou o prefeito Aílson Fabiano Ribeiro. E continuou: “esse crime é chamado de feminicídio, agora, né? Soube que tem uma lei desde 2015 que torna o assassinato de mulheres mais grave. Isso tem que ser divulgado”. 

Ribeiro esteve na casa da família de Marivânia e a cena da filha dela, M., brincando com o cachorrinho, o fez pensar no futuro das crianças que agora estão com a avó materna, sem mãe e com o pai preso.
Premeditado

A arma que Sérgio Luiz Campos utilizou para matar sua ex-mulher tinha sido comprada logo após ele vender o carro. “Parece que ele tinha tudo premeditado”, afirmou o prefeito Ailson Ribeiro. Segundo ele, o vice-prefeito Mazinho teria ido a casa da irmã Marivânia, na noite anterior ao crime alertá-la sobre o ex-marido, dizendo que ele andava muito estranho. “Mas ninguém nunca pensaria que ele faria uma coisa dessas. Pensa numa história triste, viu?”, disse o prefeito. 

Marivânia Silva será enterrada hoje com homenagens da prefeitura e de moradores da cidade de Santo Antônio do Retiro, onde todos se conheciam e ficaram estarrecidos com o crime. 

O município quase não tem ocorrências. O último homicídio teria sido no ano 2000, de acordo com o prefeito.
Fonte: O Tempo / Repórter: Joana Suarez.

17 mulheres são assassinadas, por dia, em Minas, segundo pesquisa do IPEA.

Mulheres que decidem romper um relacionamento afetivo estão optando por ter uma outra vida, melhor do que aquela que está vivendo. Geralmente, saem de uma miséria afetiva para construir uma vida mais plena, buscando realizar sonhos em outros relacionamentos, ou mesmo separar para depois pensar o que fazer da sua vida.
Muitos homens não aceitam esta decisão da mulher. No seu sentimento de posse, de dono da mulher, ameaça, denigre, agride psicologicamente ou fisicamente. Ou decide assassinar a sua ex-companheira. Mas, "quem ama, não mata" já denunciavam as mulheres pelas ruas de Belo Horizonte, quando do assassinato de Ângela Diniz, há 41 anos.
Os crimes têm sido cometidos de forma recorrente. São ocorrências de indignar, mas há um contraste com a banalidade com que os crimes de violência contra a mulher acontecem. Segundo dados divulgado pelo IPEA - Instituto de Pesquisas Econômica e Aplicada, em 2013, 17 mulheres são mortas por dia, em Minas.
Para Daniele Caldas, coordenadora do Centro de Referência Bem Vinda, que atende mulheres em situação de violência, boa parte dos casos ainda fica fora dessas estatísticas.
"Muitas vezes as ocorrências nem chegam a ser registradas porque a vítima simplesmente não sabe o que pode acontecer com ela ao denunciar seu agressor", destacou Caldas.
Ela destaca outra questão. "Outro problema é que, até ano passado, não havia nenhuma especificação de crimes contra a mulher nos boletins de ocorrência da capital mineira. Isso é fundamental para contabilizar melhor essa situação", explica.
Segundo a delegada Margareth de Freitas, responsável pela Delegacia de Crimes Contra a Mulher, ainda há muito medo por parte das vítimas em expor a agressão, e o agressor. "São vários os motivos que fazem com que essas mulheres optem por não denunciar os parceiros, principalmente, o fator econômico. Muitas mulheres, principalmente nas camadas sociais mais baixas, dependem financeiramente do companheiro e nunca trabalharam fora e, por isso, continuam sendo submetidas à violência, de forma silenciosa", diz.
Ainda segundo o estudo divulgado pelo Ipea, a maioria das vítimas é de jovens e negras. De acordo com Daniela Caldas, o motivo deste perfil é o fato de mulheres mais velhas, dificilmente, denunciarem as agressões. O fato de elas não entrarem na pesquisa, no entanto, não muda o fato de que as agressões acontecem em todas as idades. "Casos envolvendo idosas são ainda mais raros em estudos como esse do Ipea, já que essas mulheres foram todas criadas em uma sociedade fundamentalmente machista. Elas não pedem ajuda", complementa a militante da causa, desde 2008.
Daniele conta que a situação se complica ainda mais no interior do estado. "Muitas cidades não contam nem com delegacia, então falta de serviço especializado que possa atender ou oferecer algum tipo de suporte para as vítimas fora de Belo Horizonte e da região metropolitana", denuncia.
Dependência
Mas esse, apesar de ser o fator mais forte para a propagação da violência doméstica, ainda não é o único. De acordo com a advogada Maria Berenice Dias, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM) e especialista no combate a discriminação de gênero, a maioria das brasileiras desenvolve uma dependência geral de seus parceiros, não só na parte financeira. "A aura em torno da ideia de família só aumenta a dificuldade para elas denunciarem maus tratos e romperem com relacionamentos frustrados", esclarece.
"Depois que a Lei Maria da Penha passou a valer em 2006 é difícil falar em desinformação. O homem sabe que pode acabar preso se agredir uma mulher. Mas a vulnerabilidade delas ainda existe. Leva, no mínimo, 48h para a polícia tomar alguma iniciativa após a denúncia", complementa. A especialista conta que esse prazo legal acaba deixando a vítima fragilizada. "Na maioria dos casos, essas mulheres ainda convivem com a pessoa violenta e se tornam reféns do medo. É uma tensão psicológica muito grande", avalia.
"O caso de casais com filhos é ainda mais delicado, pois muitas vezes o agressor é afastado do lar ou a mulher que se afasta com os filhos. Desde que fique comprovado que o homem não seja violento com os filhos, a legislação não impede os direitos de guarda" , lembra a advogada. "Mesmo que o objetivo de muitas não seja o divórcio em si, as mulheres devem ter consciência de que é preciso denunciar as agressões no início, para estabelecer limites. É sempre importante lembrar que a violência não dá ré. Ela não diminui, só aumenta, e o estresse pós-traumático pode ser muito pior", alerta.
A delegada Margareth de Freitas endossa o alerta da especialista: "Já tive, aqui, um caso de uma mulher que demorou 20 anos para fazer a denúncia. O que acontece, é que a vítima acaba ficando presa em um círculo de violência, no qual, não consegue mais sair. A primeira agressão ocorre, o agressor pede para que a mulher não denuncie e promete nunca mais cometer o ato, ela aceita. Passado algum tempo, ele volta a agredir a mulher e o círculo de violência está formado. É preciso se reconhecer neste círculo e denunciar o agressor, seja ele o namorado, companheiro ou marido, o mais rápido possível", diz.
Feminicídio
Muita gente não sabe, mas há um nome específico para quando a mulher, além de ser vítima da violência doméstica, acaba morrendo em decorrência do crime. É o chamado Feminicídio, caracterizado pelos conflitos de gênero, e ocorrem quando a mulher é assassinada, geralmente, pelo parceiro ou ex-parceiro. Esse tipo de crime costuma implicar situações de abuso, ameaças, intimidação e violência sexual.
Onde denunciar
Em BH, são vários os locais onde se pode denunciar crimes de gênero. O principal órgão é a Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher (DEAM), que conta com um plantão 24h e equipes que se revezam para acolher vítimas de violência doméstica e familiar, além de garantir os direitos daquelas que se encontram em situação de risco. A DEAM oferece atendimento psicológico individual, assistência social e representação de advogados.
Outra alternativa são os dois centros de referência de atendimento à mulher, o Bem Vinda, no bairro Floresta, e o Risoleta Neves, no Funcionários. Ambos oferecem orientações, encaminhamento e acompanhamento. Em casos graves, a Casa Abrigo Sempre-Viva também recebe filhos das vítimas menores de 18 anos.
Caso tenha presenciado algum ato de violência contra a mulher e queira denunciar, o Núcleo de Atendimento às Vítimas de Crimes Violentos de Minas Gerais (NAVCV) e o Centro de Apoio às Vítimas de Violência Intra-familiar de Belo Horizonte (CAVIV) oferecem atendimento conjunto com o DEAM. 
Sob sigilo completo, o disque denúncia (180) e o disque Direitos Humanos (0800-311119) também oferecem orientação sobre onde encontrar apoio.

No interior, há Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher. Mas, ainda são muito poucas, muito aquém da necessidade.
ENDEREÇOS
Delegacia da Mulher (DEAM)
Rua Aimorés, 3005 - Barro Preto
Telefone (31) 3291-2931
Centro de Referência Bem Vinda
Avenida do Contorno, 2231 - Floresta
Telefone (31) 3277-4379 / 3277-4380
Centro Risoleta Neves de Atendimento à Mulher
Rua Pernambuco, 1000 - Funcionários
Telefone (31) 3261-0696 / 3261-3236 / 3261-4421
Núcleo de Atendimento às Vítimas de Crimes Violentos
Rua da Bahia, 1148 - sala 331 - Centro
Telefone (31) 3214-1897 / 3214-1898
Centro de Apoio às Vítimas de Violência Intra-familiar
Rua Espírito Santo, 505 - Centro - Telefone (31) 3277-9761. 

Defesa da Mulher em Situação de Violência (Nudem)


Especializada no atendimento qualificado das mulheres vítimas de violência doméstica
 e familiar.
 Realiza orientações jurídicas relativas às demandas judiciais e extrajudiciais, 
postulação e acompanhamento de medidas protetivas de urgência, nos termos da
 Lei n.º 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) e elaboração de ações iniciais de família
 (divórcio, guarda, alimentos, reconhecimento e dissolução de união estável e outras).
O atendimento ao público é realizado de segunda a sexta-feira, das 08:00 às 18:00 horas.
ENDEREÇOS
Belo Horizonte
• Casa de Direitos Humanos – Av. Amazonas, nº 558, 2º Andar, Centro.
Tel.: (31) 3270-3202 e 3270-3269
• Centro de Atendimento à Mulher – sala de apoio: Av. Olegário Maciel, 600, sala 305
• Sala de apoio na 16ª Vara Criminal: Rua Curitiba, 632, 4º andar. Tel.: (31) 3295 5909
Betim: Rua Inspetor Jairo Caldeira, 835 – Parque Brasileia.
Tel.: (31) 3531-2374
Contagem: Rua Padre Rossini Cândido, 10 – Centro.
Tel.: (31) 3390-2436/ 2466
Montes Claros: Av. Dr. João Luiz de Almeida, nº 454 – Bairro Vila Guilhermina.
Tel.: (38) 3222-1361
Itajubá: Rua Antonio Simão Mauad, 149 – 2º andar – Centro.
Tel.: (35) 3622-1683
Araguari: Praça Getúlio Vargas 208 – Centro.
Tel.:  (34) 3242-5020

DELEGACIAS ESPECIALIZADAS DE ATENDIMENTO À MULHER NO
NORTE DE MINAS, VALES DO JEQUTINHONHA E MUCURI.

 Delegacia Especializada de Atendimento � Mulher (DEAM) - Montes Claros  
Endereço:
  Rua Pires e Albuquerque, n� 356 - Bairro: Centro
Cep:
  39403-217
Município:
 Montes Claros 
Telefone:
 (38)3216-7885Fax:
E-mail:
 delegaciamulheres@yahoo.com.br 

Nome da entidade:
  Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher - Janu�ria  
Endereço:
  Avenida Marechal Eurico Gaspar Dutra, n� 484 - Bairro: Centro - Refer�ncia: Junto � 2� Delegacia Regional de Pol�cia
Cep:
  39480-000
Município:
 Janu�ria 
Telefone:
 (38)3621-1444Fax: (38)3621-3900
E-mail:
 brunnabrito@yahoo.com.br 


Nome da entidade:
  Delegacia Adjunta de Crimes Contra a Mulher (DACCM) - Pirapora  
Endereço:
  Rua Benjamim Constant, n� 183 - Bairro: Santos Dumont
Cep:
  39270-000
Município:
 Pirapora 
Telefone:
 (38)3741-2336Fax: (38)3741-1881
E-mail:
 regional.pirapora@pc.mg.gov.br 


Nome da entidade:
  Delegacia Especializada de Atendimento � Mulher (DEAM) - Jana�ba  
Endereço:
  Rua Espinosa n� 105 - Bairro: Novo Para�so
Cep:
  39440-000
Município:
 Jana�ba 
Telefone:
 (38)3821-3662Fax: (38)3821-3662
E-mail:
 dccm.janauba@pc.mg.gov.br 




Nome da entidade:
  Delegacia Especializada de Atendimento � Mulher (DEAM) - Te�filo Otoni  
Endereço:
  Rua Lauro Vieira da Costa, n� 20 - Bairro: S�o Diogo
Cep:
  39803-002
Município:
 Te�filo Otoni 
Telefone:
 (33)3522-1200Fax: (33)3522-2700
E-mail:
 veronicazimmere@yahoo.com.br 


Nome da entidade:
  Delegacia Especializada de Atendimento � Mulher (DEAM) - Diamantina  
Endereço:
  Avenida Jo�o Antunes de Oliveira, n� 284 - Bairro: Cazuza - Complemento: BR 367 KM 125
Cep:
  39100-000
Município:
 Diamantina 
Telefone:
 (38)3531-6650Fax: (38)3531-1625


 E-mail: deam.diamantina@pc.mg.br


Link de endereços e contatos de todas as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher, em Minas Gerais:




Com informações da Associação do Ministério Público e Polícia Civil de Minas Gerais

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