Teria sido Aires da Mata Machado Filho que cunhou, pela primeira vez, em 1937,
o termo mineiridade. Gilbeto Freire, em 1946, reforçou o termo como conceito.
Agora, José Murilo de Carvalho sugere que este estilo é típico do século XX. Afirma
que “nada semelhante houve nos séculos 18 e 19” (“Animal Político: arquétipo do
mineiro conciliador, Tancredo Neves ganha biografia com furos jornalísticos e
alguns equívocos”, Quatro Cinco Um, Ano I, Numero I, maio 2017).
O autor lista os fatos e personagens. Até o século passado, Minas era recheada de
líderes belicos, de Manuel Viana a Felipe dos Santos, passando por Bernardo Pereira,
Teófilo Otoni e o visconde de Ouro Preto. Nada conciliadores.
Murilo ainda desbanca o marquês de Paraná, querido e citado por Tancredo como
Murilo ainda desbanca o marquês de Paraná, querido e citado por Tancredo como
conciliador, mas que, segundo o autor, “o fez com mão de ferro, sem negociação alguma,
atropelando até mesmo correligionários saquaremas”.
A adoção do federalismo teria alterado a paisagem. O centro do poder se fragmentou e
A adoção do federalismo teria alterado a paisagem. O centro do poder se fragmentou e
as negociações se fizeram necessárias, segundo nosso historiador. O Partido Republicano
Mineiro teria sido o responsável pela cultura das coalizões e conciliações, forjando, mais
tarde, João Pinheiro e JK.
É uma bela tese e excelente provocação.
Não me satisfaz por completo porque não explicaria a lógica familiar da política mineira.
Em Minas, não há partidos, mas chefes e, não raro, com forte lastro familiar onde domina
a matriarca.
No entanto, talvez a tese enseja outra possibilidade: a “conciliação mineira” não teria
substituído a força empregada nos séculos anteriores, mas a travestido.
Possibilidade que explicaria o estilo político dos netos de Tancredo que, todos sabemos,
está mais para a força que para certo jeitinho.
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