Vale do Jequitinhonha - Blog do Banu

Nordeste de Minas Gerais

sábado, 29 de fevereiro de 2020

Zema dá bilhões aos empresários, mas pede sacrifício a servidores

Para as grandes empresas, o governador não pede sacrifícios. Ao contrário, só em 2019, as presenteou com 6,2 bilhões em isenção de impostos, valor mais do que suficiente, por exemplo, para quitar o 13º atrasado de todos servidores. 
Essa é só uma parte dos presentes que Zema
dá todos os anos aos verdadeiros parasitas do país, o que mostra como são justas as greves 
da educação e da saúde em Minas Gerais.
Romeu Zema e Flávio Roscoe, presidente da FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais). Fotos: Dynelle Coelho/Novo e FIEMG.

Zema e a mídia comercial dizem que o estado de Minas Gerais está “quebrado”, e porisso não pode garantir reajuste salarial aos servidores da educação e da saúde em greve. Mas escondem que o governo estadual entrega de bandeja uma imensa quantia paragrandes empresas. De variadas maneiras.

Isenções fiscais
A isenção do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e de outros impostos cresceu 27% em relação a 2018 e chegou a 6,2 bilhões de reais.O governador-empresário tem aumentado o valor cedido pelo estado a grandesempresas, como à Fiat, multinacional italiana instalada em Betim, que aumentouo valor de impostos perdoados pelo estado no último ano.

Preservando o lucro da Vale, com a conivência do judiciário

Zema também omite que mineradoras como a Vale seguem lucrando impunemente, sem terem pago multas substanciais ao estado em que causaram mortes e destruição, desde Mariana em 2015 a Brumadinho em 2019.Nem uma única vez, ao falar da crise fiscal do estado, Zema se manifesta pressionandoa justiça a agir contra a empresa. Nada inesperado para quem já chamou o crime de Brumadinho de “incidente” e disse que a “a Vale faz o possível”, protegendo a empresa das críticas.Mesmo tendo cometido o crime de Brumadinho no ano passado, só no 3º trimestre a Vale já havia lucrado 6,5 bilhões, revertendo prejuízos, e deve divulgar o balanço de 2019 com lucro; as ações da empresa já recuperaram valor de mercado.O que poderia ser feito arrancando a mineradora das mãos dos gananciosos acionistas e estatizando a Vale sob gestão democrática dos trabalhadores, com controle popular? As riquezas do estado estariam a serviço de investir em educação, saúde e infraestrutura, e não dos lucros de um punhado de parasitas. Centenas de vidas teriam sido poupadas e poderíamos discutir seriamente uma mineração não predatória com o meio ambiente e os povos tradicionais.

Lei Kandir: mais isenções fiscais, às mineradoras e ao agronegócio

Zema também é conivente com as dezenas de bilhões dados às mineradoras (como a própria Vale) e ao agronegócio por via da Lei Kandir, isenção de impostos criada em 1996 por FHC para estimular exportações, que gerou prejuízos bilionários aos estados, que recebem verbas diretamente do ICMS.Segundo relatório da própria Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), de novembro de 2017, a União deve ao estado de Minas Gerais R$ 158,78 bilhões (valor corrigido) relativos à compensação das desonerações desse imposto; valor que seria suficiente para pagar a dívida de Minas Gerais com a União (R$ 93 bilhões) deixando um crédito de R$ 65,78 bilhões.

Protegendo a sonegação de impostos e manobras fiscais das grandes empresas

As mineradoras usam triangulações nas exportações para burlar o pagamento de impostos, vendendo primeiro a preço abaixo do mercado para uma empresa fantoche, geralmente na Suíça ou outro paraíso fiscal, e depois para a empresa destino do produto, normalmente na China.Estudo do IJF (Instituto de Justiça Fiscal) – organização formada por economistas e auditores da Receita Federal – calculou que somente a Vale sonegou R$ 23 bilhões em impostos nas exportações de minério de ferro entre 2009 e 2015.Essa é apenas a ponta do iceberg da grande corrupção enraizada no Estado capitalista, protegida por mil juízes e também pelo governador Zema, capacho dos seus amigos empresários. Quantas outras empresas realizam operações semelhantes, com a conivência do Executivo e do Judiciário?

Um incentivo aos protetores de parasitas
Não é à toa que a única categoria respeitada e agraciada por Zema são os policiais e as forças repressivas do estado. Em meio a tão “grave crise fiscal” (!?) o governo não hesitou em da 42% de aumento aos policiais, dividido ao longo de 3 anos, e apresentou projeto próprio à ALMG.Afinal, como os parasitas são tão poucos e a classe trabalhadora e o povo pobre são tantos, se faz necessário que os protetores armados dos parasitas estejam bem alimentados e satisfeitos.
O efeito foi imediato. No dia 13/02 os policiais civis e militares se juntaram aos parlamentares da extrema-direita bolsonarista, como Sargento Rodrigues (PL), Bruno Engler (PSL) e Léo Motta (PSL), para impedir a livre manifestação de servidores da educação presentes na ALMG, que reivindicavam o mesmo reajuste salarial que os policiais. Professores foram agredidos e uma professora sofreu ofensa racista. É o“jeito Bolsonaro” de governar sendo cada vez mais apropriado pelo liberal “democrático” que governa Minas Gerais.

Um problema estrutural, que o governo Zema quer aprofundar
Basta uma pequena pesquisa para entender como o estado de Minas Gerais é tratado pelos grandes empresários. Os verdadeiros parasitas roubam nossas riquezas naturais, o suor e o sangue do povo trabalhador, e deixam muito pouco, quase nada. Muitos deles nem moram em Minas Gerais; talvez na Suíça, em Nova York, ou Dubai.
O discurso de “geração de empregos” não passa de uma mentira. Os empregos gerados são o mínimo e o mais precário possível; e são gerados somente como necessidade dos próprios empresários para lucrarem. Ao menor sinal de prejuízo, demitem e deixam as famílias na rua.
O objetivo de Zema é simplesmente descarregar todo o peso da crise nas costas dos trabalhadores, arrochando o salário de servidores da educação, da saúde e dos serviços públicos de Minas Gerais. E precarizando ainda mais a vida do povo pobre que depende destes serviços.
Planeja em breve implementar um Regime de Recuperação Fiscal em acordo com o governo Bolsonaro, aprofundando todos os ataques. E também deve apresentar, até o final deste mês, uma Reforma da Previdência estadual que fará servidores aposentarem mais tarde, contribuírem mais e ganharem menos. 
Todas as lutas são justas, quando a batalha é contra estes parasitas.
Vivam as greves da educação e da saúde em Minas Gerais!
Fonte: Esquerda Diário


Postado por Álbano Silveira Machado às sábado, fevereiro 29, 2020 Nenhum comentário:
Marcadores: ajuste fiscal, governo de Minas, Governo Zema, isenção fiscal, neoliberalismo, serviços públicos

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Polícia Militar proíbe músicas de Chico Science, em Pernambuco.

Artistas que se apresentaram no Carnaval do Recife (PE) denunciaram casos de censura e abusos por parte da Polícia Militar de Pernambuco.
A onda de denúncias começou quando a banda Zefirina Bomba afirmou, na última terça-feira (25.02), que foi proibida pela PM de tocar a canção "Banditismo Por Uma Questão de Classe", clássico dos anos 90 de Chico Science e Nação Zumbi. A banda
contou nas redes sociais que no momento em que iniciou a canção, a PM fez
uma barreira entre os artistas e o público e ameaçou levar o vocalista preso. Ao
serem perguntados sobre os motivos da proibição, os agentes disseram que “não
podia tocar Chico Science”.
O cantor da banda Devotos, Cannibal, disse a uma reportagem da imprensa local que também, depois de tocar “banditismo por uma questão de classe” no pólo da Várzea, Zona Oeste do Recife, na terça-feira (25.02), a sua equipe de produção foi alertada pelos PMs que se insistissem em canções desse tipo o show seria encerrado.

Resultados da pesquisa

Resultado do Mapa de informações

Chico Science & Nação Zumbi - Banditismo Por Uma Questão De Classe

Chico Science & Nação Zumbi - Banditismo Por Uma Questão ...

www.youtube.com › watch












A canção é uma das mais icônicas da banda recifense. Versando sobre o contexto de miséria, pobreza e repressão policial vivido pelos habitantes do Estado na década de 90, quando a cidade era uma das mais violentas e desiguais do mundo.Chico Science escreveu uma letra repleta de protestos ácidos, que mostram que a desigualdade gera
violência. Um trecho da canção diz: "em cada morro uma história diferente,
que a polícia mata gente inocente". Outro diz “E quem era inocente agora
já virou bandido, pra poder comer um pedaço de pão todo f**dido.

Após o acontecimento, muitas pessoas relacionaram a censura policial ao momento que o país atravessa, com o atual governo apoiando manifestações contra instituições democráticas e motins de policiais contra governos estaduais, como acontece no Ceará e em Minas Gerais.
No Pará, também há um caso recente de censura contra a arte feita para ilustrar um cartaz de um festival de música em Belém, o Facada Fest, no final do ano passado. Os organizadores do evento foram intimados esta semana a comparecer à Polícia Federal para prestar depoimento, tudo por causa de um cartaz onde aparece um palhaço usando a faixa presidencial e empalado por um lápis - uma crítica aos cortes de investimentos na Educação feitos pelo governo federal. 
Em despacho assinado pelo Ministro da Justiça, Sérgio Moro, e pelo Procurador Geral da República, Augusto Aras, eles são acusados de “apologia ao crime” e “crime contra a honra” do Presidente da República. 

Leia a letra da canção censurada em Pernambuco:
Há um tempo atrás se falava de bandidos
Há um tempo atrás se falava em solução
Há um tempo atrás se falava em progresso
Há um tempo atrás que eu via televisão
Galeguinho do Coque não tinha medo, não tinha
Não tinha medo da perna cabeluda
Biu do olho verde fazia sexo, fazia
Fazia sexo com seu alicate
Galeguinho do Coque não tinha medo, não tinha
Não tinha medo da perna cabeluda
Biu do olho verde fazia sexo, fazia
Fazia sexo com seu alicate
Oi sobe morro, ladeira, córrego, beco, favela
A polícia atrás deles e eles no rabo dela
Acontece hoje e acontecia no sertão
Quando um bando de macaco perseguia Lampião
E o que ele falava outros hoje ainda falam
Eu carrego comigo: coragem, dinheiro e bala
Em cada morro uma história diferente
Que a polícia mata gente inocente
E quem era inocente hoje já virou bandido
Pra poder comer um pedaço de pão todo fudido
Galeguinho do Coque não tinha medo, não tinha
Não tinha medo da perna cabeluda
Biu do olho verde fazia sexo, fazia
Fazia sexo com seu alicate
Galeguinho do Coque não tinha medo, não tinha
Não tinha medo da perna cabeluda
Biu do olho verde fazia sexo, fazia
Fazia sexo com seu alicate
Oi sobe morro, ladeira, córrego, beco, favela
A polícia atrás deles e eles no rabo dela
Acontece hoje e acontecia no sertão
Quando um bando de macaco perseguia Lampião
E o que ele falava outros hoje ainda falam
Eu carrego comigo: coragem, dinheiro e bala
Em cada morro uma história diferente
Que a polícia mata gente inocente
E quem era inocente hoje já virou bandido
Pra poder comer um pedaço de pão todo fudido
Banditismo por pura maldade
Banditismo por necessidade
Banditismo por pura maldade
Banditismo por necessidade
Banditismo por uma questão de classe!
Banditismo por uma questão de classe!
Banditismo por uma questão de classe!
Banditismo por uma questão de classe!

Chico Science (no centro) foi um dos maiores artistas da história da música nordestina, misturando ritmos regionais como frevo, maracatu e coco, ao rock. As letras sempre críticas geniais ao Estado.Foto: Reprodução
Postado por Álbano Silveira Machado às sexta-feira, fevereiro 28, 2020 Nenhum comentário:

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Decreto de Bolsonaro ataca reforma agrária e agricultura familiar

Presidente enxugou a estrutura do Incra, extinguindo programas como o Pronera e o Terra Sol.

Walmaro Paz
Brasil de Fato | Porto Alegre |
 26 de Fevereiro de 2020 às 18:04
Na quinta-feira de carnaval (20.02), o presidente Jair Bolsonaro deu o até agora maior golpe no processo de reforma agrária em curso no Brasil desde a criação do Estatuto da Terra, em 1964. Publicou no Diário Oficial da União (DOU) o decreto nº 20.252, que enxuga significativamente a estrutura do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). O ato extingue o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), o programa Terra Sol e outros programas que davam incentivos aos assentados, quilombolas e comunidades extrativistas.
De acordo com fontes internas na instituição, existe um forte preconceito contra esses programas. Alguns diretores entendem que eles são formas de dar dinheiro ao Movimento Sem Terra (MST), em vez de repassar tecnologia e conhecimento para os assentados da reforma agrária e seus familiares.
Tecnologia e desenvolvimento
Segundo o próprio site do Incra, o “Terra Sol é um programa de fomento à agroindustrialização e à comercialização por meio da elaboração de planos de negócios, pesquisa de mercado, consultorias, capacitação em viabilidade econômica, além de gestão e implantação/recuperação/ampliação de agroindústrias. Atividades não agrícolas - como turismo rural, artesanato e agroecologia - também são apoiadas.
A ação foi criada em 2004 e faz parte do Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA) e do Plano Plurianual (PPA), que define os programas prioritários do Governo Federal. Durante esse período, foram disponibilizados R$ 44 milhões em recursos, que propiciaram a implantação de 102 projetos e beneficiaram 147 mil famílias em todo o Brasil”.
O que prova a necessidade do programa para o desenvolvimento da agricultura familiar, responsável por 70 por cento dos produtos alimentícios que chegam a mesa dos brasileiros.
Educação
Já, por meio do Pronera, jovens e adultos de assentamentos têm acesso a cursos de educação básica (alfabetização, ensinos fundamental e médio), técnicos profissionalizantes de nível médio, cursos superiores e de pós-graduação (especialização e mestrado).
O programa também capacita educadores para atuar nos assentamentos e coordenadores locais - multiplicadores e organizadores de atividades educativas comunitárias.
As ações do programa, que nasceu da articulação da sociedade civil, têm como base a diversidade cultural e socio-territorial, os processos de interação e transformação do campo, a gestão democrática e o avanço científico e tecnológico.
Foram alfabetizados pelo EJA através do Pronera 167.648 alunos. Cerca de 9 mil alunos concluíram seu ensino médio; 5.347 foram graduados no ensino superior em convênio com universidades públicas; 1.765 deles tornaram-se especialistas e 1.527 são alunos na Residência Agrária Nacional. Foram agrônomos, veterinários, pedagogos, advogados, formados ao longo dos anos de desenvolvimento do programa. A maioria deles retornou às suas comunidades propiciando um processo de desenvolvimento que levou ao surgimento da agroecologia como programa nacional e nicho de mercado para os agricultores familiares.
Estes foram os principais programas atingidos pelo decreto do desmonte que também facilitou a regularização de terras griladas pelo grande latifúndio e o agronegócio.
Fonte: brasildefators.com.br/decreto-no-carnaval-bolsonaro-ataca-reforma-agraria-e-agricultura-familiar. Publicado em 26.02.2020.
Postado por Álbano Silveira Machado às quinta-feira, fevereiro 27, 2020 Nenhum comentário:
Marcadores: agricultura familiar, Reformar Agrária

Artesãs do noroeste de Minas resgatam artesanato de algodão

Fiandeiras, tecelãs e tintureiras resgatam orgulho e tradição no sertão de Minas Gerais.
Na região mineira imortalizada por Guimarães Rosa como Grande Sertão Veredas, senhoras artesãs retomam o ofício, passado de mãe para filha, da produção têxtil artesanal.
Fiandeiras do grande sertão veredasAs fiandeiras Tereza Custódia da Silva (primeira à esquerda), Simone Amorim de Souza (no centro) e Domingas Augusta da Costa Lima (à direita) e a tecelã Maria de Lurdes Rodrigues (atrás do tear) guardam saberes ancestrais passados de mãe para filha no sertão do norte e noroeste de Minas Gerais. Para resgatar a tradição, elas tiveram que vencer a desconfiança dos maridos e o estigma da profissão, tida como atrasada.FOTO DE JANINE MORAES.
É tempo de estiagem no Cerrado Central. A poeira suspensa tinge de vermelho as árvores tortas. Não chove há mais de 90 dias e a baixa umidade de setembro faz o corpo carecer de água. Do interior da mata seca, sob um sol abrasador, uma a uma as mulheres chegam, trazendo suas rodas de fiar. Elas saem das roças, no assentamento Saco do Rio Preto, com destino à BR-251, estrada que liga as cidades de Natalândia a Bonfinópolis, em Minas Gerais.
As vizinhas cruzam caminhos de terra batida. Cada mulher faz questão de carregar ela mesmo a sua roda. Cabelos grisalhos, Tia Maria anda encurvada, com o peso do instrumento de trabalho nos ombros. Antônia chega de carroça. Arlete de bicicleta. Na beira da estrada, debaixo da sombra de uma árvore, elas começam a fiar o algodão.
“Não pode tocar na roda. Elas ficam enciumadas”, avisa Simone de Souza, integrante da Associação das Artesãs de Natalândia. Sentadas em círculo, as rodas se movimentam. Reque, reque, reque. É o som contínuo das batidas dos pés nos pedais e as rocas a chiar. A conversa é de comadres. Contam causos, soltam gargalhadas. Alegria além das palavras.
Simone puxa a cantiga. “A roda que eu fio nela ô baiana, oi iá iá / É só eu que ponho a mão ô baiana, oi iá ia / Ou então minha cunhada ô baiana, oi iá ia.” Enquanto cantam juntas, movimentos delicados das mãos vão torcendo os capuchos de algodão, apertando o fio que se forma e que vai se enrolando no carretel. O gesto é repetido até a linha virar um novelo.fiandeira grande sertaoAlvarinda Francisco de Jesus, mais conhecida como Dona Nega, 58 anos, aprendeu a fiar cedo. “Com sete anos eu já fiava igual mulher grande”, diz ela, que tinha que fazer roupas e cobertas para toda a família de 15 pessoas. FOTO DE JANINE MORAES.fiandeiras-grande-sertao-veredasDona Nega usa um par de cardas para desembaraçar as fibras do capuchos de algodão. Esse é o primeiro passo da produção do fio usado pela tecelagem. FOTO DE JANINE MORAES.
As fiandeiras transformam o algodão em fios. Um ofício quase tão antigo quanto a própria humanidade. A roda e o tear manual são engenhocas trazidas ao Brasil pelos colonizadores portugueses. A primeira faz o fio. O outro, a trama do tecido. Com a mecanização e o desenvolvimento da indústria têxtil, o trabalho das fiandeiras e tecelãs praticamente desapareceu.
Na região conhecida como Grande Sertão Veredas, no norte e noroeste de Minas Gerais, as fiandeiras, ou “fiaderas”, como preferem ser chamadas, mantêm viva a fiação manual. São guardiãs do passado, conhecem os mistérios de um saber feminino transmitido pelas avós, mães e tias. Uma tradição preservada pelo isolamento geográfico dos confins do sertão mineiro, território consagrado nas histórias do escritor Guimarães Rosa.
Quando vemos a peça pronta para vender, desconhecemos o trabalho por trás dos fios. Após a colheita do algodão, primeiro retira-se as sementes e qualquer outro tipo de impureza. Pode ser feito à mão ou com um descaroçador, espécie de moenda feita de dois cilindros de madeira. Depois, carda-se o algodão, o que significa transformar os chumaços em uma leve pluma.
Com pares de cardas (espécies de pás de madeira com pentes de aço), os capuchos de algodão são penteados de modo que as fibras fiquem desembaraçadas, prontas para a fiação. “O segredo é deixar torcer. Mas não pode torcer pouco ou demais. Você tem que saber o ponto que dá para soltar ou esticar a linha”, conta Maria Nilma, fiandeira de Riachinho (MG).A fiandeira Dona Maria Helena trabalha no quintal de casa, em Uruana de Minas (MG), cercada, ...A fiandeira Dona Maria Helena trabalha no quintal de casa, em Uruana de Minas (MG), cercada, ironicamente, por lençóis produzidos de forma industrial. FOTO DE JANINE MORAES.fiandeiras-do-sertao
Dona Helena fia na mesma roda que pertenceu à mãe. "Assim com ela, sustentei a família toda fiando”, conta orgulhosa. FOTO DE JANINE MORAES.
Fiar, tecer e bordar são tarefas que as mulheres sertanejas aprendiam desde meninas. O algodão era plantado nos roçados. As mães faziam as roupas da família a partir de linhas fiadas por elas mesmas e a sobra era vendida para vizinhos ou comerciantes. Quando as filhas viravam adolescentes, teciam seus enxovais de casamento, colchas e fronhas que seriam presenteadas ao noivo.
Dona Nega, fiandeira de Sagarana (MG), começou a fiar sozinha na infância. Morava perto de uma vereda, distante do mundo. Um caminhão aparecia a cada três meses para vender mantimentos. Eram 15 pessoas na família, o que demandava muito trabalho. “Com sete anos eu já fiava igual mulher grande”, diz Dona Nega. “Tudo era algodão né? As roupas, as cobertas, a capa do colchão de palha de milho e o saco de mantimentos, a tuia.”
Dona Maria Helena, de Uruana de Minas, fia em casa, na roda que pertenceu à sua mãe. “Assim como ela, sustentei a família toda fiando”, conta orgulhosa. Quando tece, a memória traz o rosto e as mãos da mãe. “Acompanhava ela nos mutirões. Era a gente e o barulho da rodinha cantando.” A marcas “V e V” revela a origem: a fábrica de Patos de Minas (MG), famosa por fornecer as melhores rodas da região. A fábrica fechou e hoje não existe quem venda.
As fiandeiras cantam quando se encontram para trabalhar. A tradição veio dos chamados mutirões, festas em que a comunidade se mobilizava para realizar atividades que demandam mão-de-obra acima da capacidade familiar. A cantoria ajudava a alegrar o ambiente e a quebrar a monotonia do trabalho. As mulheres inventavam rimas e a brincadeira era desafiar a outra com versinhos improvisados.A fiandeira Maria de Jesus Coelho, 87 anos, sai de casa carregando a própria roda para ...
A fiandeira Maria de Jesus Coelho, 87 anos, sai de casa carregando a própria roda para se encontrar com suas colegas de trabalho. Elas costumam trabalhar juntas em pontos de encontro ora inusitados, como embaixo de uma árvore na beira da estrada. FOTO DE JANINE MORAES.Dona Maria é abraçada por Simone Amorim de Souza, uma das artesãs mais jovens da Associação ...Dona Maria é abraçada por Simone Amorim de Souza, uma das artesãs mais jovens da Associação de Artesãs de Natalândia (MG). As novas gerações pouco se interessam pelo ofício das anciãs – preferem trabalhar ou estudar nas cidades maiores.FOTO DE JANINE MORAES. 
Teresa da Silva, 74 anos, aprendeu as cantigas nos mutirões de solidariedade. “Todo mundo ajudava a dona do mutirão. A gente cardava e fiava, tinha dia que ficava até rouca de tanto cantar. Era muito bom”, lembra Teresa. “Nós na roda e os homens capinando enxada. Juntava umas 40 pessoas.”
Mudanças à vista
O mundo moderno chegou ao sertão mineiro na metade do século 20. A mudança foi impulsionada pela construção de Brasília, em 1960. A capital federal, a cerca de 250 km de distância, trouxe o asfalto, novos empregos e o êxodo rural. O progresso veio com a luz elétrica, a televisão e os carros a motor.  
Guimarães Rosa narrou as belezas do sertão mineiro, com veredas e buritis a perder de vista. Hoje, viajar por essas sertanias é ver uma paisagem em transição. Toda a região vê chegar a mecanização da lavoura, os grandes pivôs de água e as vastas extensões de plantações de feijão, soja, capim, cana e eucalipto. Mas ainda existem as árvores retorcidas e o colorido dos ipês desponta na seca.
O renascimento dos antigos processos artesanais só aconteceu com ajuda da Central Veredas, cooperativa que atua como braço comercial das artesãs no vale do rio Urucuia. A sua fundação, em Sagarana (MG), é resultado de um trabalho desenvolvido em 2002 pela ONG Artesol. O projeto ofereceu oficinas de capacitação e estimulou a organização das artesãs em associações.fiandeiras-do-sertao
A tingideira Neide Alemeida trabalha com matérias-primas do Cerrado – murici, jatobá, baru, urucum, açoita-cavalo, folha de manga, anil. Insumos como a casca de cebola, lama preta de brejo e a ferrugem também são aproveitados. FOTO DE JANINE MORAES.-fiandeiras-do-sertaoCansada da cidade grande, Neide Almeida, 40 anos, decidiu sair de Brasília e voltar para Uruana de Minas. Ela já foi merendeira, açougueira e auxiliar administrativa, mas diz ter se encontrado como tintureira. FOTO DE JANINE MORAES.
“Nosso trabalho busca resgatar e valorizar os saberes tradicionais”, explica Dionete Barboza, coordenadora da Central Veredas. Hoje as mulheres são organizadas em associações nas cidades de Riachinho, Sagarana, Bonfinópolis, Uruana, Chapada Gaúcha, Buritis, Urucuia e Natalândia. Os tecidos são confeccionados de forma totalmente artesanal e o trabalho é feito em rede, com núcleos de produção que envolvem 180 mulheres nos processos de fiação, tingimento natural, tecelagem e bordados.
Quando o projeto da ONG Artesol começou, a prática de fiar estava esquecida, mas havia um potencial. Entre mães de família e donas de casa, um mapeamento identificou 200 mulheres fiandeiras na região – senhoras que viviam no campo e em vilarejos. Lavradoras, invisíveis aos olhos da rua, fiavam no silêncio de suas casas. Muitas analfabetas, mas que conseguiam ler a trama complexa das linhas como ninguém.
O ofício dessas mulheres também era visto de forma negativa por parte dos moradores. Era considerado sinal de pobreza na região, símbolo de um mundo atrasado. “As mulheres saíam pra fiar com as roda na carcunda e as meninas diziam que a gente era cafona”, conta Dona Nega.
Foi preciso vencer o estigma da profissão e a desconfiança dos maridos. “Convencer as mulheres a voltar a fiar e tecer de forma coletiva foi um trabalho difícil”, lembra Dionete. “Na época, elas nunca saíam de casa e não estavam incluídas na sociedade. Sentiam solidão. E esse trabalho trouxe um novo olhar sobre a vida delas.”fiandeiras-grande-sertao-veredas
A fiandeira Teresa da Silva, 74 anos, lembra dos tempos em qua a comunidade se juntava em mutirões para fiar, tecer, bordar. Para aliviar a monotonia do trabalho, elas cantavam. "Todo mundo ajudava a dona do mutirão. A gente cardava e fiava, tinha dia que ficava até rouca de tanto cantar. Era muito bom”, lembra Teresa. FOTO DE JANINE MORAES.fiandeiras-do-sertao
A melhores máquinas de fiar, marcadas com as letras "V e B", eram produzidas em uma fábrica de Patos de Minas (MG) que fechou. Hoje, só se consegue comprá-las usadas.FOTO DE JANINE MORAES.
Com a formação dos grupos de produção, a artesãs passaram a vivenciar momentos importantes, como a realização dos mutirões, onde cantam cantigas de trabalho. São espaços de encontro, partilha de saberes e afetos femininos. “Toda vez que a Simone liga eu já tô com a mala pronta”, brinca a fiandeira Antônia Ramos. Os mutirões viraram arte e as mulheres passaram a ser convidadas a se apresentaram em festivais de cultura em todo o Brasil.
Maria Coelho, a Tia Maria, diz gostar das andanças. Aos 83 anos, ela ainda caminha em diferentes romarias do sertão. Tem amor pelas travessias e diz que com as fiandeiras pode conhecer outras cidades. Na bagagem, leva a roda e filosofias. “Não tenho nada de leitura. Eu vivo no meio dos outros mesmo assim. Minha mãe falava que aprender as coisas não ocupa lugar”, diz ela. “Você usa o que for preciso. O que eu acho mais bonito de ser fiandeira é a união e esse tanto de gente olhando pra nóis.”
As andanças deram reconhecimento às artesãs, mas as dificuldades ainda são muitas. O artesanato não garante a sobrevivência de quem o faz e um dos maiores entraves da Central Veredas é conseguir pagar à vista quem está na ponta da corda. Um produto chega a custar R$ 200, mas passa por pelo menos seis mãos. O pagamento ocorre só depois que a peça é vendida – as artesãs esperam meses e desanimam por não ver o retorno esperado. Uma das soluções é trabalhar apenas com encomendas.
Outro desafio é a falta de algodão, que ninguém mais planta. As fiandeiras testaram o algodão industrializado, mas os fios desmanchavam fácil. Sem a matéria-prima, o trabalho de fiação está parado. Este ano, a Central Veredas fechou um projeto para estimular o plantio de algodão orgânico entre pequenos produtores de agricultura familiar. A ideia é fortalecer a produção local para que os fios sejam vendidos para marcas de moda que buscam o diferencial de técnicas sustentáveis em suas criações.fiandeiras do sertaoMaria Nadir Mendes, a Dona Nadir, é considerada a artesã mais experiente de Riachinho (MG). No seu sítio ela cultiva pomares, hortas e até um pé de algodão. “Eu não gosto de coisa química nenhuma. Coisa industrializada eu não dou certo com nada. Tudo que eu faço é artesanal.”FOTO DE JANINE MORAES.Na casa de Dona Nadir, uma frase de Guimarães Rosa – Viver é muito perigoso – divide ...
Na casa de Dona Nadir, uma frase de Guimarães Rosa – Viver é muito perigoso – divide espaço com fotos e outras lembranças. Para a fiandeira, "é perigoso mesmo né? Tem que ter coragem”.FOTO DE JANINE MORAES.
Encantos e desencantos
Sagarana é um pacato distrito de Arinos. Tem nome inspirado na obra de Guimarães Rosa. A vila rural nasceu em 1970, sendo o primeiro assentamento de reforma agrária de Minas Gerais. Na vila, diz-se bom dia ou boa tarde a quem quer que se cruze no caminho.
Chegamos na época da colheita do baru, nativo do Cerrado. Os moradores passam as tardes quebrando o fruto nos quintais. No passado, o baru era alimento para o gado. Agora, a castanha foi descoberta por renomados chefs de cozinha e hoje tem alta valia no mercado.
Cruzando a estrada principal de Sagarana, ao lado de um campinho de futebol de várzea, uma estátua de concreto chama a atenção de quem passa em frente ao galpão da Associação dos Artesãos. É Dona Gercina, sentada a fiar e a mirar a comunidade.  
Dona Gercina foi uma das primeiras moradoras a chegar em Sagarana. Reconhecida pela alegria, fez as fiandeiras ganharem protagonismo. Além de líder da Associação dos Artesãos local, era poeta – criou versos e músicas para as fiandeiras cantarem. Para ditar o ritmo das danças, chamou os tocadores de Folia de Reis, que incorporaram a sanfona, o violão e o pandeiro às apresentações.A mão de Dona Maria de Jesus, 87 anos, segura um chumaço de algodão pronto para ...A mão de Dona Maria de Jesus, 87 anos, segura um chumaço de algodão pronto para ser enrolado.FOTO DE JANINE MORAES.fianderas-do-sertao-minas-geraisO O trabalho de fiar exige coordenação – com os pés se gira a roda enquanto as mãos cuidam de alimentar a máquina com o algodão que é transformado em fio.FOTO DE JANINE MORAES.
Gercina organizava todos os mutirões de fiandeiras. Era comadre de todas e juntava benzedeiras, parteiras e rezadeiras. Depois que faleceu, em 2014, tudo mudou. A vila entrou em luto. Hoje o galpão das artesãs tem ares de abandono – as janelas estão com fendas, parte da madeira do forro já caiu. Nada que lembre o brilho do passado, quando o local chegou a abrigar mais de 50 fiandeiras que passavam as tardes trabalhando juntas.
Dona Nega guarda um retrato de Gercina na parede da sala. “Ela era minha grande amiga. Gercina era a luz de Sagarana”, diz a fiandeira, com os olhos tristes ao falar da fotografia. “Ela sempre será meu anjo da guarda. Com ela, não tinha medo de enfrentar o mundo. Depois que ela morreu, o medo voltou.”
Dona Nega nos chama para conhecer a associação. Ela carrega sua roda de fiar nos ombros e caminha em direção à estátua. “Eu não acho que parece com ela não”, observa. Em frente à estátua, faz uma homenagem a quem se foi – suspende a roda para que a amiga fie mais uma vez.
Este ano, outra morte abalou a comunidade. Foi-se Dona Conceição. Muitas fiandeiras se aposentaram. Dona Geralda quase não sai de casa. A talentosa Maria Braga vendeu as cardas e a roda. “Vejo a vida passar na janela”, lamenta.fiandeiras-do-sertao
A fiandeira Dona Geralda também se aposentou e quase não sai de casa.FOTO DE JANINE MORAES.
As que ainda resistem sentem saudades de um tempo que não volta. Muitas carregam a mágoa de não ter a quem transmitir o conhecimento. A falta de interesse das novas gerações veio pela força da lei da vida. No campo, os jovens acabam optando por morar na cidade, em busca de uma colocação no mercado de trabalho ou ainda para continuarem os estudos. As filhas que ficam acreditam que o artesanato dá muito trabalho para pouco dinheiro.  
Relíquias guardadas
Maria Nadir Mendes, a Dona Nadir, é considerada a artesã mais experiente de Riachinho. No seu sítio ela cultiva pomares, hortas e até um pé de algodão. “Eu não gosto de coisa química nenhuma. Coisa industrializada eu não dou certo com nada. Tudo que eu faço é artesanal”, conta.
A fiandeira nos recebe com um vestido que ela mesmo fez. A peça fez sucesso no São Paulo Fashion Week, maior evento de moda do Brasil. Ela foi convidada a assistir ao desfile da estilista Flávia Aranha. Na ocasião, uma modelo desfilou com um casaco de coxinilho, feito pelas mãos de Dona Nadir. “É bom ver que a pessoa valoriza o que a gente faz”, diz a artesã. Conhecido no sertão como “xinil”, o tecido rústico de algodão era usado nas selas de cavalo e hoje foi reinventado para novos usos.
“Viver é perigoso”. A frase de Guimarães Rosa está num quadrinho na estante da sala de Dona Nadir. “É perigoso mesmo né? Tem que ter coragem”, diz a artesã. Ao lado, um baú de madeira guarda mantas, panos e roupas que ela criou ao longo da vida. As peças carregam histórias e memórias. “São as minhas relíquias”, conta. O xodó é uma colcha com um bordado de pavão. É o seu enxoval, que ela mesma teceu aos 16 anos. “A gente cantava assim: quando este pavão cantar, nosso amor há de se acabar”, lembra Nadir. “Esse era o presente que a noiva dava pro noivo. Era a mesma coisa que um anel de noivado.”  fiandeiras-sertao-minas-geraisDa esquerda para à direita, as fiandeiras Maria de Jesus Coelho, Antônia das Graças Braga Ramos, Arlete dos Reis Braga Ramos e Leosina Aparecida Silva Reis carregam suas rodas até o ponto de encontro onde trabalharão juntas. FOTO DE JANINE MORAES.
Nos fundos da casa, Dona Nadir guarda um bonito tear, usado para pequenos trabalhos. Ela é a única tecelã da região a praticar a técnica do repasso mineiro, com as linhas formando desenhos a cada passagem do fio. Dona Nadir sabe pontos e tramas do tear como o redemoinho, a roda d'água, a coberta de bico, a casca de laranja. Mas não tem para quem ensinar. “Aqui ninguém quer aprender. Eu não quero parar nunca. Mas se o jovem não chegar pra frente não vai ter jeito.”
Filha de fiandeira, Maria de Lourdes é tecelã em Natalândia. Seu sustento vem da fabricação artesanal de tapetes, mantas e xales. O trabalho manual demanda alto grau de concentração. No tear, primeiro prepara-se a teia na urdidura, espécie de tela de madeira com pentes. Depois, a tecelã segue orientações de determinados tipos de desenhos e padrões que deseja tecer. Por fim, ela joga a lançadeira, um cilindro que percorre o tear de um lado para o outro, passando o fio, um para lá, um para cá, formando a trama.
“É um trem que não acaba”, desabafa Maria de Lourdes. Um tapete pode levar até quatro horas para ficar pronto. Um tecido de dois metros, o dia todo. Mas o tempo vagaroso trouxe quietude para os pensamentos da tecelã. “Eu me sinto bem quando estou tecendo. Se ficar em casa sozinha, lembro de tudo”, diz ela. “Estando aqui, parece que alivia a dor. Aqui faz bem pra alma. Você coloca o sentimento.”
Maria de Lourdes perdeu dois filhos e chegou na associação para acompanhar uma outra filha, que sofria de depressão. “A Fatinha estava tão triste que eu tinha que dar comida na boca dela. Uma colega dela arrumou essa associação. Ela foi aos pouquinhos e se curou tecendo e a aprendendo.”
Cores vivas
Nos fundos de uma casinha em Uruana de Minas, panelas borbulham no fogo. Um tecido tingido com moreira acaba de ganhar a cor amarela. O tingimento natural é feito por corantes extraídos de sementes, cascas, folhas, serragens e frutos do Cerrado. A técnica tem raízes indígenas e sempre foi usada na zona rural. Quem cuida da pigmentação são as mulheres da Associação Cores do Cerrado.
“A gente ajuda a manter o Cerrado em pé porque não causa dano à natureza”, diz Leonivam Silva, artesã na associação. As mãos das tingideiras trabalham com as matérias-primas que o bioma dá – murici, jatobá, baru, urucum, açoita-cavalo, folha de manga, anil. Insumos como a casca de cebola, lama preta de brejo e ferrugem também são aproveitados.
Cansada da cidade grande, Neide Almeida, 40 anos, decidiu sair de Brasília e voltar para Uruana de Minas. Ela já foi merendeira, açougueira e auxiliar administrativa. Hoje é líder da associação. Diz que se encontrou como tintureira, inventora de cores. Os tons nascem com as dicas do pai, conhecedor das plantas.
“O sertão é vida. A beleza está na forma. As árvores se retorcem para sobreviver, são sofridas. Mas quando se retira cores delas é alegria. Isso é mágico né? ”, conta Neide. A associação resgatou seu amor às tradições. Seu sonho é morar na beira do rio, criando pigmentos em uma casa de barro cheia de objetos antigos. “Imagino morar em uma casa museu.”
Como o ir e vir do percorrer de um novelo, a viagem chega ao fim. Tia Maria dá adeus aos que partem e se despede com um versinho improvisado pela nossa conversa. “É muito tarde, eu preciso de ir embora / Boa noite, minha querida /Deixarei o meu retrato contigo / Mas se quiser sonhar comigo / Sonhará a noite inteira / Que eu também sonharei contigo.”
Fonte: nationalgeographicbrasil.com/historia/2019/12/fiandeiras-tecelas-e-tintureiras-resgatam-orgulho-e-tradicao-no-sertao-de-minas, publicado em 19.12.2019.






Postado por Álbano Silveira Machado às quinta-feira, fevereiro 27, 2020 Nenhum comentário:
Marcadores: Arinos, arte, arte popular, artesanato, Bonfinópolis, Buritis, cerrado, Chapada Gaúcha, cultura popular, Grandes Sertões: Veredas, mulheres, Natalândia, Riachinho, Sagarana, Uruana de Minas, Urucuia
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Nós somos o Vale

"Nós somos o Vale.
Nós valemos,
mais pelo que somos,
menos pelo que temos.
Valendo assim,
e assim sendo,
sempre valeremos".
Gonzaga Medeiros

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Álbano Silveira Machado
Banu é o meu apelido. Como Álbano Silveira Machado fui batizado e registrado, na década de 50. Nasci e vivo no Vale. Por mais de uma década,em BH. Sempre fui morador do cerrado e caatinga, de muitos trechos do Vale do Jequitinhonha (Francisco Badaró, Berilo, Minas Novas, Coronel Murta, Araçuaí, Capelinha), no nordeste de Minas, e em Januária e Montes Claros, norte de Minas Gerais, e Brasília. Roedor de pequi, apreciador de andu, torresmo, cachaça, de rios e córregos. Admirador da luta pela vida do povo do semi-árido. Militante das causas populares, nas áreas da cultura, comunicação, da educação, da saúde, políticas sociais, da economia solidária, do desenvolvimento sustentável. Formação em Psicologia, na UFMG, turma de 81. Especialização em Gestão Pública Municipal e Metodologia de Projetos Sociais, pela PUC MG.Sou Mestrando em Ciência do Estado. No trabalho profissional, sempre atuei como psicólogo social. Moro e trabalho em Belo Horizonte, desde 2015. Gosto muito de literatura, poesia, música, estudos, arte popular, futebol e escrever sobre a vida e suas manifestações. Acredito na transformação social, econômica e cultural, em comunhão com a natureza.
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