quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Cruzeiro, um time a ser batido ou abatido?



Em vários anos, o Cruzeiro é visto como time a ser batido. Em 2019, antes de começar o Campeonato Brasileiro, a equipe, ainda comandada por Mano Menezes, voava na temporada. Tetracampeão brasileiro, tendo conquistado os últimos dois títulos em 2013 e 2014 - os outros dois foram em 1966 e 2003 -, o Cruzeiro chegava à competição com 21 jogos de invencibilidade (16 vitórias e cinco empates), tendo sido campeão invicto do Campeonato Mineiro e o único time com 100% de aproveitamento na Libertadores. Além disso, nenhum outro clube da primeira divisão batia seus 84,1% de rendimento em todos os compromissos até então. Era o fim de abril.

A partir de 26 de maio, um terremoto caiu sobre a Toca da Raposa, tendo início uma das mais rápidas tragédias sobre um grande clube brasileiro. O Cruzeiro foi eliminado da Copa do Brasil, da Libertadores e se instalou na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. As denúncias de corrupção na TV Globo sobre a administração celeste quebrou a espinha do time em campo.

Dali em diante, foi só porrada. Uma em cima da outra. O Cruzeiro virou o time a ser batido e abatido. Mantendo o mesmo grande elenco de jogadores e quatro técnicos em seis meses (Mano Menezes, Rogério Ceni, Abel Braga e Adilson Batista), o caminho pro atoleiro não mudou.

Na história, o Cabuloso desbancou o então poderoso e internacional Santos de Pelé, em 66, ao vencer a Taça Brasil, aplicando épicas vitórias e uma sonora goleada por 6 x 2. Era melhor que o Flamengo de hoje.

É considerado um gigante do futebol brasileiro. Sexto colocado no ranking dos campeões, tendo conquistado 38 títulos estaduais, 13 nacionais (4 Campeonatos Brasileiro; 6 Copas do Brasil; 2 Copas Sul-Minas; 01 Copa Centro-Oeste); 5 Títulos Internacionais (2 Libertadores; 2 Supercopa da Libertadores; 01 Recopa Sul-Americana).

Como conquistou, no século 21, bem recente, 3 brasileirões ( 2003, 2013 e 2014) e o bi da Copa do Brasil ( 2017/2018)  despertou a ira das torcidas dos times batidos – tidos como favoritos – como o Flamengo, Corinthians, Palmeiras, Grêmio e Atlético Mineiro. Além disso, detém a honraria de ser um dos poucos que não caíram para a Série B junto com Flamengo, Santos e São Paulo.

Juntando a tudo isso, virou a Geni da corrupção do futebol brasileiro, tema tão em voga na grande mídia quanto na sociedade brasileira. Quando se fala em corrupção no futebol a administração do Cruzeiro, nos últimos anos, é tema recorrente. As administrações dos outros grandes clubes, mesmo praticando as mesmas irregularidades celestes, não são denunciadas, nem analisadas.

O Cruzeiro hoje é o clube a ser abatido, ser destruído, ser extinto. Em cerca de 6 meses, virou o clube caloteiro, com dívidas astronômicas, salários atrasados – dos milionários dos jogadores até os salários mínimos dos funcionários - , punido pela CBF e FIFA, frequentador das páginas policiais, envergonhado a sua grande torcida com cerca de 8 milhões de  cruzeirenses (maior de Minas, quarta do sudeste e quinta do país). São cerca de R$ 600 milhões de dívidas com muitas falcatruas divulgadas, indicando que tem muito mais caroço podre nesse angu.

Quase todos os clubes brasileiros têm dívidas muito altas. 
(Quadro elaborado no final de dezembro de 2018, pela FOX SPORTS)

Até mesmo questionamentos de merecimento quanto às conquistas recentes do Cruzeiro são levantadas pelas mesas de debates dos comentaristas esportivos, principalmente no eixo Rio-SP.  Mas, calam-se sobre tragédias dos meninos da base do Flamengo; dos falidos Vasco, Botafogo e Fluminense; das dívidas de todos os clubes brasileiros; na financeirização do elenco do Palmeiras pela CREFISA; do escândalo no financiamento da construção da Arena Corinthians; dos salários atrasados em 14 clubes da série A; etc e tal.

E nós, os cruzeirenses? Brigamos entre nós, procurando ou acusando os culpados. Os dirigentes começam a soltar os podres de cada um. As Polícias, Civil e Federal, também. O Poder Judiciário é acionado. Diretores afastados, demitidos. O dirigente Zezé Perrela toma a frente de tudo acusando muitos e protegendo seus chegados, como o seu filho Gustavo Perrela e o seu parceiro Itair Machado. Afasta jogador e denuncia ex-dirigentes. Corrupto e traficante assumido, Perrela faz jogo pra torcida. Quer ser o Salvador da Pátria.  As maiores torcidas organizadas Pavilhão Independente e Máfia Azul brigam entre si, inclusive durante os jogos do Cruzeiro.
A torcida faz protestos, no Mineirão, na Toca da Raposa, nas redes sociais  e nas ruas. Constrange, pressiona, ameaça jogadores e dirigentes. Até juras de morte a jogadores já aconteceram. 

Média de Público no Mineirão, até 30 de maio, de 20.150 aumentou para 24.223 torcedores, em novembro. 

Mas, mesmo na crise, enchemos o Mineirão. 24.223 cruzeirenses é a média de público, em 33 partidas em 2019, com a presença total de 799.376 torcedores. Isso indica que, a média de público, nos meses de crise, girou em torno de 27 mil torcedores. Isso é uma demonstração da paixão da China azul. 

Quase todos os torcedores de clubes adversários vibram com a iminente queda do Cruzeiro para a série B. Nadando contra a maré, o time só não será rebaixado se fizer três pontos a mais que o Ceará nas duas rodadas finais do Brasileiro de 2019.

O Cruzeiro sairá dessa? Saindo ou não, poderá ser privatizado? Caindo, voltará para a primeira divisão ou se tornará uma Portuguesa? Suas dívidas são impagáveis?

Esse é um pesadelo vivido pelos cruzeirenses apaixonados e temido por todos aqueles que amam o futebol.

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