quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Nova Serrana, destaque na geração de empregos, possui 8 mil trabalhadores de Angelândia e Capelinha

Ações promovidas pelo Governo do Estado contribuem para o enfrentamento da crise econômica e geração de postos de trabalho.


Os novos empregos da indústria de calçados de Nova Serrana representam 18% do total de contratações realizadas no país.

A indústria calçadista de Minas Gerais, liderada por Nova Serrana (Território Oeste), vem se destacando na criação de empregos, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Nos seis primeiros meses de 2017 foram registradas 7.881 admissões e 5.538 demissões. O saldo é de 2.343 novos postos de trabalho, número que representa crescimento de 18% em relação a todo o ano de 2016, período encerrado com 1.981 admissões.
As contratações de Nova Serrana correspondem a 71% do total de Minas Gerais de janeiro a junho deste ano, no que se refere ao setor calçadista. No estado foram 3.283 novos postos de trabalho.
Os novos empregos da indústria de calçados de Nova Serrana representam 18% do total de contratações realizadas no país (12.677). Entre as cidades-polo nacionais do segmento, o polo mineiro está em segundo lugar, precedido por Franca/SP (4.294) e seguido de Novo Hamburgo/RS (187).
No Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Calçados de Nova Serrana (Sindinova), o bom momento, que tem entre os propulsores as parcerias do Governo do Estado e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae MG), é motivo para comemoração.
O presidente do sindicato, Pedro Gomes da Silva, avalia os números do Caged como muito positivos. “Nova Serrana tem demonstrado capacidade de enfrentar crises. No nosso polo regional são 1.200 fabricantes de 12 municípios, sendo 830 indústrias somente em Nova Serrana. Aqui não se vê demissão em massa como ocorreu em outros lugares”, diz Silva.
Os demais municípios que compõem o polo mineiro são: Araújos, Bom Despacho, Conceição do Pará, Divinópolis, Igaratinga, Leandro Ferreira, Onça do Pitangui, Pará de Minas, Perdigão, Pitangui e São Gonçalo do Pará. Todo o polo emprega cerca de 20 mil pessoas.
Por meio da Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese), o Governo mineiro mantém parceria com a prefeitura de Nova Serrana na gestão do escritório do Sistema Nacional de Emprego (Sine) para intermediação de mão de obra.
Nessa estrutura, o trabalhador à procura de emprego e o empresário que busca candidatos às vagas oferecidas são atendidos de forma gratuita.
Além desse tradicional intercâmbio, a Sedese implantou, desde o ano passado, o projeto Busca Ativa, que melhora a captação de vagas nas empresas.
As unidades do Sine utilizam o levantamento mensal de dados do Caged e, junto à Secretaria de Estado da Fazenda, levantam-se os contribuintes de ICMS no estado com potencial de contratação.
A partir do cruzamento de dados produzem-se boletins com a situação local e dinamiza o mercado de trabalho.
Outra fonte de fomento do Governo do Estado é a linha de crédito de capital de giro oferecida pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). O financiamento é destinado a micro e pequenas empresas, com taxas mais acessíveis, a partir de 1,71% ao mês, e prazo de até 48 meses para quitação.
Essa é uma modalidade disponibilizada que se encaixa para atender a maioria das 1.200 indústrias que compõem o Polo Calçadista de Nova Serrana e região.
Design e tecnologia são desafios
Além do esforço para produzir mais e melhor com consultoria e assessoria do Sebrae MG, o presidente do Sindinova, Pedro Silva, aplaude a medida do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Fazenda, que em 2015 inseriu o setor no Regime Especial de Tributação (RET), reduzindo a alíquota do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de 3% para 2%.
Recentemente, a SEF prorrogou o benefício até o ano de 2018. “Isso tem sido extremamente importante porque foi possível aumentar os investimentos na melhoria da qualidade do nosso produto, mesmo com dificuldades que ainda enfrentamos”, afirma o presidente do Sindinova. 
Silva afirma considera fundamental a implantação do Centro Especializado em Design para que a indústria local esteja em sintonia com o mundo da moda internacional e mantenha o crescimento.
Precisamos de design e tecnologia para sermos mais competitivos, seja trazendo profissionais de outras regiões do Brasil ou de países como Itália. Para isso buscamos parcerias para que o setor se consolide com a geração de mais empregos e renda”, conclui.
Feira de Calçados
No índice geral do polo calçadista da região, Nova Serrana também é líder no semestre, com 2.968 novos postos de trabalho. Em segundo e terceiro lugares estão as cidades de Perdigão (335) e Pará de Minas (325).
Para movimentar o mercado e atrair lojistas interessados de todas as regiões brasileiras, o Sindinova promove a 20ª Feira de Calçados de Nova Serrana, de 15 a 17 de agosto, 10h às 19h, no Centro de Convenções, na Avenida José Correia de Lacerda – Nova Serrana.
Fonte: Agência Minas

Entrevista de Dega Fernandes ao Blog do Banu, em 2014
Criação de Distrito Industrial em Capelinha e Angelândia pode atrair retorno de trabalhadores e empresários.  

8 mil trabalhadores são de Angelândia e Capelinha.
  
Em entrevista ao Blog do Banu, Generoso Adelson Alves Fernandes, conhecido popularmente por Dêga Fernandes, traz informações fundamentais para a compreensão do fenômeno da migração de trabalhadores do Vale para a cidade industrial de Nova Serrana, no Centro Oeste de Minas, a 112 km de BH.  

Dega é natural de Angelândia, no Alto Jequitinhonha, no nordeste de Minas. Ele ocupa o cargo de Gerente Administrativo  do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Calçados Confecções de Roupas Estamparias e similares de Nova Serrana (SITRICANS ).

Foi policial militar por vários anos na região do Vale Jequitinhonha. Também  foi comerciante e servidor público municipal. Participou ativamente do processo de emancipação da antiga Vila dos Anjos, como  Secretário da Comissão de Emancipação do Distrito de Vila dos Anjos, posteriormente  Angelândia. É  graduado em  Administração Pública. Atualmente, estuda Direito.

Dega Fernandes concedeu, por e-mail, a seguinte entrevista ao Blog do Banu.


Faça uma breve descrição sobre Nova Serrana e sua indústria de calçados.
A cidade  de Nova Serrana está localizada na região Centro Oeste de Minas Gerais , Alto São Francisco , as margens da BR - 262 , a 112 quilômetros de Belo Horizonte .
De acordo com o IBGE , até 2013 , dispunha de população estimada em 84 mil habitantes , sendo o seu crescimento demográfico de 8%  ao ano .
É hoje um dos mais desenvolvidos Polos de calçados do país , empregando nada menos que 20 mil trabalhadores diretos e 22 mil indiretos , totalizando cerca de 42 mil trabalhadores.
Nas Indústrias de calçados de Nova Serrana são produzidos cerca de 105 milhões de pares ao ano.
O Polo transformou-se em referência nacional em estudos acadêmicos  , quando se trata de verificar o crescimento da indústria calçadista . Todos os tipos de calçados são produzidos no Polo :masculinos , femininos , infantis , tênis joging , calçados ortopédicos , chuteiras , chinelos , rasteiras e botas .
Hoje a cidade de Nova Serrana, ostenta o titulo de Capital Nacional do Calçado Esportivo.


Nova Serrana tem sido, nos últimos 10 anos, um dos destinos de trabalhadores migrantes do Vale do Jequitinhonha. Qual a estimativa de trabalhadores do Vale nas indústrias de calçados?
Calcula-se que 90% da população e trabalhadores nas indústrias de calçados sejam migrantes.
Estima-se que dos 42 mil trabalhadores do município 20 mil sejam dos Vales do Jequitinhonha , Mucuri e Rio Doce.

Quais municípios do Vale oferecem mais mão-de-obra na cidade?
Calcula-se ainda que cerca de 8 mil trabalhadores são naturais de Angelândia e Capelinha, sendo a maior parte de Angelândia .

Como e quando esta migração começou?
A  migração de trabalhadores, principalmente de Angelândia, ex-Vila dos Anjos,  e Capelinha, no Alto Jequitinhonha, começou há trinta anos atrás. Famílias da região, sem meios para sobrevivência (trabalho , emprego), começaram a deixar a sua terra natal , em busca de um futuro melhor para os seus filhos .

Como os trabalhadores são arregimentados e contratados?
Pessoas que chegavam à Nova Serrana mandavam noticias para os parentes e amigos, falando sobre o boom do emprego imediato para todos e de qualquer idade. E assim,  cada dia mais pessoas foram deixando o Vale .




Qual a média salarial e as condições de trabalho nas indústrias locais?

 A maior parte dos trabalhadores de Nova Serrana é contratada  pelo regime celetista (CLT ) , com carteira assinada , garantindo um salário justo e todos os seus direitos preservados .
A média salarial gira em torno de R$ 900 a R$ 950.

As condições de trabalho são as melhores possíveis, garantindo segurança , intervalo para almoço e lanche , e descanso semanal (sábado e domingo ) remunerado. O Sindicato dos Trabalhadores acompanha de perto para que os direitos garantidos por lei sejam cumpridos .
Há empresários/industriais com origem no Vale?

Em Nova Serrana encontram-se diversos empresários, de origem do Vale Jequitinhonha , principalmente de Capelinha, Angelândia e várias outras cidades circunvizinhas a estas ; não somente nas Indústrias de Calçados, mas também em diversos ramos de atividades comerciais .

Qual o impacto do fluxo de moradores do Vale para Nova Serrana? Na cidade de Capelinha e Angelândia há linhas de transporte coletivo regulares para Nova Serrana, isso acontece de outras cidades da região?

O fluxo de moradores do Vale para Nova Serrana é intenso. Há várias empresas de transporte coletivo que fazem essas viagens, ida e volta, até três vezes por semana  Os donos dessas empresas de linha de transporte coletivo regulares são quase todos de origem do Vale .
O maior fluxo de pessoas que deixam a cidade , para viajarem para o Vale , é geralmente no final de ano , quando a maioria das fábricas paralisam os trabalhos e só retornam após o Carnaval .
A cidade de Nova Serrana , que mais parece uma capital , pelo vai e vem diário de veiculos e pessoas durante o ano , no final de ano , mais parece com uma cidade fantasma , pois o transito de veiculos e a circulação de pessoas , cai cerca de 50% , pois centenas de Ônibus e carros partem rumo a terra natal , levando os trabalhadores .

Como já existe um now-how de empresários/trabalhadores na indústria calçadista, você acredita que um distrito industrial com esta linha de produção poderia obter êxito em Capelinha, Angelândia ou outra cidade do Vale?

A criação de um Distrito Industrial na região do Vale do Jequitinhnha, com incentivos para os Empresários que queiram implantar Industrias , tanto nas cidades de Capelinha , quanto em Angelândia ou outras cidades da região , pode lograr êxito , pois todos os trabalhadores e empresários que moram em Nova Serrana , sonham um dia voltar. Eu acredito que com a implantação do Distrito Industrial , a implantação da UFVJM , muitos terão interesses.O
progresso do Vale irá alavancar o desenvolvimento educacional e sustentável para todos .

Acrescente outras informações que você acreditar ser interessante.
Na minha opinião , tem que haver boa vontade dos Gestores Públicos , municipais , estaduais e  federais , tanto para a implantação da UFVJM , quanto para a implantação do Distrito Industrial , pois os nossos jovens , todos os dias, deixam a região em busca de trabalho e estudos, e sonham um dia voltar para a sua terra natal .

O meu lema é: a melhor cidade do mundo é a minha , a melhor casa da minha cidade é a minha , porque aquela casa é onde abriga a minha familia  , e aquela cidade é a minha terra natal :
Mas não só de sonhos a gente vive , temos que ser real ; tenho que trabalhar , estudar e cumprir os meus deveres , e para isso tenho que encontrar nesses lugares ; do contrario , mesmo com o coração apertado , terei que bater asas e voar alto â procura do  do meu objetivo .
Eu sou Gerente Administrativo de um Sindicato, que representa quase quarenta mil trabalhadores, em Nova Serrana. Tanto eu quanto o Presidente somos naturais de Angelândia. Pretendemos instalar, em Angelândia ou Capelinha , uma extensão de Base desse Sindicato  , para dar suporte aos futuros trabalhadores nas Industrias de Calçados , que se instalarão na região .
Dega Fernandes, na foto acima.

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