Problemas no telhado do prédio do anfiteatro da escola, surgiram em 2015, mas somente agora, Superintendência Regional de Ensino decidiu pela interdição.
Foto: Gazeta de Araçuai
Com 1.200 alunos, Escola Industrial São José. localizada no bairro Vila Magnólia, é a maior do município.
Os mais de mil estudantes da Escola Estadual Industrial São José, em Araçuai, no Vale do Jequitinhonha, ficarão sem aulas , a partir desta quarta-feira (28), porque a instituição foi interditada por determinação da Superintendência Regional de Ensino (SRE).
A medida foi tomada depois que um engenheiro da SRE esteve no local, na tarde desta segunda-feira (26) e comunicou à direção, que a escola deveria ser fechada porque o telhado do anfiteatro corre o risco de desabar a qualquer momento.
O anfiteatro fica pelo menos 50 metros de distância do prédio principal da escola e próximo à quadra poliesportiva.Ele é utilizado apenas em ocasiões festivas e atividades rotineiras da escola. Fitas foram colocadas na entrada do prédio para indicar a interdição.
.INDIGNAÇÃO
Professores e alunos estão indignados, já que a Superintendência de Ensino, não indicou outro prédio para abrigar a escola, e os estudantes estão sem uma previsão de quando poderão retornar para as salas de aula.
Os problemas no telhado do anfiteatro - segundo os professores - foram detectados em 2015. Desde então, a direção da escola enviou inúmeros ofícios à SRE, relatando a situação.
“ Perdemos a conta de quantos ofícios foram encaminhados”, lembra Cilene Matos Campos, vice-diretora.
“ Nunca vimos um descaso tão grande com a comunidade escolar”, lamentou Regina Aguilar, professora de Português.
RISCOS
O perigo de desabamento se agravou nos últimos dias, depois que o telhado apresentou empenamento acentuado e surgiram rachaduras nas paredes.
A Superintendente Regional de Ensino, com sede em Araçuai, Elisemar das Graças Lopes Lima, disse em entrevista por telefone, que as atividades no local permanecerão paralisadas por questões de segurança, até a conclusão dos serviços de retirada das telhas e do madeiramento. “ Creio que isto poderá levar no máximo 5 dias. Após isso, a escola poderá retornar às suas atividades normais”, assegurou a superintendente.
Ela reconhece que houve falha na comunicação do fato, e que pais e professores, deveriam ter sido informados com maior antecedência sobre a interdição.
BILHETE
Nesta terça-feira (27), os alunos levaram para casa um comunicado, avisando aos pais sobre a suspensão das aulas, para assegurar a integridade física dos estudantes e professores. “ Aqui não fala por quanto tempo ficaremos sem aulas”, reclamou Thiago Gusmão Cardoso, de 17 anos, aluno do 1º ano do ensino médio.
No ofício encaminhado pela SRE à direção da escola, também não há informações sobre prazos.
CAMINHADA
“ Reconhecemos os riscos do desabamento, mas entendemos também que a Superintendência deveria ter feito um planejamento melhor, com a indicação de um outro local para alojar a escola. Quem sai perdendo são os alunos. Estamos defendendo uma grande caminhada, e que pais, professores e alunos, abracem esta causa, e cobrem da Superintendência de Ensino soluções urgentes para o problema”, argumenta Marleide Silva Santos, professora e mãe de um aluno de 14 anos.
Uma manifestação está marcada para o dia 30, sexta-feira, a partir das 9 horas, na porta da Superintendência de Ensino, na rua das Tulipas, bairro Nova Terra, em Araçuai.
“ Não queremos ficar todo este tempo sem aulas. Já deveriam ter previsto o problema que isso iria causar. O que vamos perder, não será fácil recuperar no período das reposições”, destaca Samuel Matos, de 16 anos, estudante do 2º ano do ensino médio.
Ainda de acordo com a Secretaria de Educação, após a liberação do prédio, será elaborado um calendário especial de reposição de aulas para garantir o cumprimento dos 200 dias letivos aos estudantes. " Isso se for necessário", diz a SRE.
FALHAS
A Superintendente de Ensino, Elisemar das Graças, culpou a burocracia do estado pela demora no processo de conclusão da licitação que escolheu a empresa Norte Sali Ltda, da cidade de Salinas para realizar as obras de recuperação da estrutura do telhado.
As obras custarão R$ 117.392,00. mas o dinheiro ainda não foi liberado. A SRE não informou o prazo de conclusão.
Ainda segundo Elisemar das Graças, os problemas de empenamento e trincas nas paredes do anfiteatro, surgiram por conta de falhas de engenharia.
O anfiteatro foi construído pela Maioline Xavier Construção, com sede em Araçuai ao preço de R$ 161.988,00, A obra foi concluída em 9 meses e foi entregue em dezembro de 2007.
O engenheiro Júlio Xavier, responsável pela obra, se defende, afirmando que com o passar do tempo, é normal o empenamento da madeira. “ Ao longo desses anos, o prédio deveria ter passado por manutenção, para não chegar a este ponto. Não entendi por que foram suspensas as aulas.”, avaliou o engenheiro.
Com 1.200 alunos matriculados, a escola foi construída na década de 90 e é considerada a maior do município.
Sérgio Vasconcelos Repórter, na Gazeta de Araçuaí
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