terça-feira, 19 de julho de 2016

Artistas do Vale se reencontram em show "Onhas do Jequi".

Rubinho do Vale tinha apenas um LP. O nome de Paulinho Pedra Azul não era reconhecido por muitas pessoas em Belo Horizonte e Saulo Laranjeira ainda não tinha feito um show profissional na capital. Eles integravam um grupo formado por artistas do Vale do Jequitinhonha, todos em estágio embrionário de carreira, que fez um grande encontro no Palácio das Artes em 1984. O show “Onhas do Jequi” foi realizado em duas sessões, em dias pouco procurados pelo público, segunda e terça-feira. “Era a primeira vez que se reuniram aqueles artistas do Vale”, conta o gestor e produtor Guilardo Veloso.
Do lado de dentro, o teatro ficou lotado e, do lado de fora, muitas pessoas tiveram que voltar às suas casas sem ver e ouvir as cores, as histórias e os ritmos do Vale. “Ninguém acreditava. Foi muito difícil conseguir as datas e não eram dias muito bons. Ainda assim, muita gente ficou de fora”, lembra Rubinho do Vale.
Em 2014, 30 anos depois desse grande show, os artistas voltaram a se reunir para comemorar o marco e repetiram o sucesso no Minascentro. Foi quando gravaram o DVD “Onhas de Jequi”, que será lançado nesta terça-feira (19), às 19h30, no Mercado do Cruzeiro. “Foi um reencontro festivo. Eram muitos artistas e tínhamos a sorte de ainda tê-los todos vivos, agora na faixa dos 60, 70 anos”, afirma Guilardo.
Além do registro do show de 2014, o DVD traz depoimentos dos artistas sobre a relação que cada um estabelece com o Vale. No show de lançamento, estarão presentes Paulinho Pedra Azul, Saulo Laranjeira, Rubinho do Vale, Frei Chico, Lira Marques, Coral Vozes das Veredas, Tadeu Franco, Gonzaga Medeiros e Tadeu Martins. E, como é de se esperar, além das apresentações de cada artista, haverá espaço para causos e poesias.
Para Rubinho do Vale, que esteve presente nos shows de 1984, 2014 e retorna agora em 2016, algumas coisas explicam o que aconteceu 32 anos atrás. “Estavam chegando aqui os artistas do Vale que, de certa forma, faziam a música tradicional mineira, com muita pesquisa, raiz e tradição. Não tinham muitas pessoas em Belo Horizonte que faziam esse trabalho. Foi uma novidade”, conta o músico.
Mas além disso, a cultura da região do Vale vinha despertando atenção da capital por outros meios. O Vale já era falado e conhecido por seu artesanato e por sua pobreza. “Era a região deixada para o terceiro plano dos governantes que estava chegando e mostrando a cara por meio da arte”, comenta Rubinho.
Ele lembra ainda que um dos canais de propagação da cultura do Jequi era o jornal “Geraes”, criado por Tadeu Martins e realizado por uma equipe de jovens universitários e alguns professores. “Tudo, de certa forma, começou com o ‘Geraes’. Eles denunciavam as injustiças do Vale. Era um veículo pequeno, mas combativo, voltado para a região. E trazia entrevistas com líderes regionais, culturais e políticos. Isso tudo foi aglomerando pessoas em torno de um movimento de divulgação do Vale”, afirma o cantor e compositor.
A mesma equipe do jornal e outros realizadores fizeram também o Festivale – Festival de Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha. “O Festivale estava despertando uma atenção que hoje já não desperta mais. Mas antes era um falatório sobre a região. Vivemos agora uma fase de calmaria, sem efervescência, mas temos muitos artistas no Vale fazendo sua arte”, pontua.
Agenda
O QUÊ. Festa de lançamento do DVD-Documentário do show “Onhas do Jequi – 30 anos”
QUANDO. Nesta terça-feira (19), às 19h30
ONDE. Distrital – espaço multiuso (Mercado do Cruzeiro - rua Opala, s/n, bairro Cruzeiro)

QUANTO. R$ 5 (lote promocional) e R$ 10 (1º lote)

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